quinta-feira, 6 de junho de 2013

Manuel Queiróz: É preciso dar equilíbrio a Jesus



Tenho vindo a defender que a melhor solução para o Benfica era a continuidade de Jorge Jesus. Mas não a continuidade "tout court". Há coisas que é preciso mudar e a única maneira de o conseguir é ser o treinador o primeiro a reconhecer isso e a dar passos nesse sentido, para os adeptos também poderem acreditar nesse reinício fresco.

Melhorar a comunicação - o que passa por mudar a cabeça de Jesus, o que é difícil -, reforçar a equipa técnica, ter um plantel mais equilibrado. No fundo, é essencial dar equilíbrio a Jesus, reforçando a equipa técnica se for caso disso.

Se melhorar estes aspetos o treinador tem muito para dar. As estradas dos homens, às vezes, são mais longas que as do Senhor. Ou as de Jesus.

Mais comunicação

Esta é uma ideia óbvia para quem ouve as suas conferências de Imprensa, mas essa é só uma parte. Ou seja, as suas calinadas de linguagem são já míticas, mas isso é o menos importante. Decisiva é a ideia: "esta época já é brilhante", "o adversário não teve uma oportunidade de golo" - estas e outras formas enviesadas de comentar o jogo e os resultados por parte do treinador que se tornam ridículas. E Jesus precisa de ter noção disso - de resto, nem tem que ir a todas as conferências de Imprensa. A menos que não confie em mais ninguém da equipa técnica...

Mais equipa técnica

Durante o jogo é raro Jesus trocar uma ideia com alguém. Hoje nos bancos há muita informação - as grandes equipas têm gente que a transmite para lá depois de ver a TV - mas o treinador do Benfica não a pode aproveitar. Está ligado ao jogo, ai de quem lhe diga alguma coisa. Hoje os treinadores são gestores, não são chefes de produção que dizem como se faz cada peça. Ora, se nenhum dos adjuntos tem dimensão para lhe transmitir nada, nos momentos quentes, então é melhor arranjar alguém que o possa. Trocar de treinador de guarda-redes parece curto de vistas.

Mais equilíbrio na equipa

Se olharmos para a história do futebol, português ou outro (Pedroto, Mourinho, ou Pellegrini, Eriksson), o normal é os treinadores tornarem-se mais defensivos com o tempo, tornarem-se mais seguros.

Jesus também o tem feito, mas em ritmo lento: as suas equipas continuam a deixar alguma abertura a mais. Tanto que tem que mudar o sistema nalguns jogos mais importantes precisamente para ter mais segurança de jogo. Mourinho também o faz, mas o perfil da equipa altera-se menos. Talvez seja mais produtivo rever isso, encontrar a medida certa. O plantel foi feito para isso, mas tantos extremos e avançados acaba por serem demasiados. No futebol, nem sempre as adições somam, de facto.

Mais portugueses

Ter mais jogadores portugueses no plantel deve tornar mais fácil passar as suas ideias e dar-lhe aquele toque de alguma mística que não se pode perder. E há coisas que se estão a perder: fui só eu que notei um Luisão em claríssima perda nos últimos jogos da época? Isso não depende só do treinador, depende da política do clube, mas deve ser um objetivo a prazo - e o Benfica deve tê-lo, pela aposta nas camadas jovens e na equipa B.

-Manuel Queiróz, Diário de Noticias

1 comentário:

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