sábado, 31 de agosto de 2013

Octávio Ribeiro e o derby: Jogo entre bebés e estrelas


Poucas vezes um dérbi Sporting-Benfica terá começado com a balança da pressão tão desequilibrada. Apesar do Sporting jogar em casa, aquela imberbe equipa, que só merece o título de “bebés de Alvalade”, não deve ver a exigência dos adeptos subir à obrigação de vencer um Benfica que pode até segurar os seus jogadores com mais procura no mercado.

Já houve muitos dérbis em Alvalade onde o Benfica precisava mais de vencer – para as contas de um título – do que o de hoje. Mas este é, nas últimas décadas, o jogo entre os dois grandes em que o Benfica, apesar de visitante, mais obrigado está a ganhar. A experiência e categoria das peças ao dispor de Jesus suplanta à distância iguais fatores do grupo de Jardim.

Porém, se olharmos apenas para os primeiros dois jogos deste campeonato, o que nos foi dado ver? Vimos um Benfica com os jogadores ainda em busca da velocidade de arranque. O lance de Maxi Pereira, que deu o golo ao Gil Vicente, foi apenas o caso mais gritante de uma generalizada incapacidade no arranque. Vimos um Benfica sem poder concretizador que pudesse fazer esquecer o polémico Cardozo. Tanto Cardozo foi lembrado que ainda poderá assombrar este dérbi com a sua presença no banco de Benfica, qual fantasma temido, pronto a entrar nos últimos minutos.

Do lado do Sporting, o que vimos foi uma equipa sólida, humilde, bem gerida. Com extraordinária capacidade de fogo ofensivo. Vai ser interessante ver como se movimentará o ágil Montero no meio dos altos centrais do Benfica. Montero tem tanto futebol no corpo e na mente que parece estranho como esteve um jogador destes até aos 25 anos sem ser descoberto pelo futebol europeu. Com uma fluidez simples e enleante pelas alas, contra a equipa do Sporting corre muito o facto de ainda não ter sido verdadeiramente testada na sua solidez defensiva.

Em síntese, de um lado está um plantel riquíssimo, com um potencial de nível europeu, recheado de jogadores com dezenas de jogos ao mais alto nível. Do outro, entra uma equipa modesta, sem estrelas nem experiência acumulada em confrontos de alto risco. Como sempre, vai ser uma maravilha ver como competência, coragem, talento e sorte resolvem esta equação.

-Octávio Ribeiro, jornal Record

Rui Santos: Sporting - Cardozo? Se assim for estaremos perante a vitória do infractor


O dérbi de logo à noite tem uma dimensão psicológica acima do normal: se este Sporting ganha, começará a formar-se em Alvalade a convicção de que, com menos recursos financeiros, é possível formar-se uma equipa competitiva e, com ela, desafiar não apenas outros emblemas (que conseguem ser campeões nacionais com uma estrutura de custos elevadíssima), mas “outros Sportings”, incomparavelmente mais gastadores e esbanjadores. Este Sporting, de Bruno de Carvalho e Leonardo Jardim, tem pois um duplo desafio à sua frente – e a possibilidade de se tornar num exemplo para o próprio futebol nacional. Com as limitações e condicionalismos que todos lhe reconhecem, este Sporting tem muito a ganhar e pouco a perder, embora esteja em causa também não permitir a instalação da ideia de que começa a ser normal “não ganhar ao Benfica”. No passado recente do Sporting, não há talvez ninguém que se tenha batido contra esta ideia da “banalização da derrota” como o actual presidente. Essa corrente existe em Alvalade, ainda não cresceu o suficiente e nada melhor do que um triunfo sobre o Benfica para se começar a acreditar, no reino do leão, que é verosímil a mudança de paradigma.

A pressão está toda do lado do Benfica, porque é assumidamente um candidato ao título, porque não há mais margem de manobra para deixar o FC Porto prosseguir na senda do êxito e porque, não obstante os sinais do passado recente que obrigariam Luís Filipe Vieira a aprender com os erros, formou-se a convicção – adensada com a derrota inaugural na Madeira – de que não foi ainda desta vez que o Benfica preparou, com cuidado e profissionalmente, a entrada em 2013-14. Este “caso Cardozo” é sintomático de uma certa desorientação nas hostes encarnadas.

As componentes financeira e desportiva do futebol não podem ser tratadas separadamente. Não basta fixar o preço da venda. É preciso avaliar os custos de uma não venda, sobretudo num caso de latente conflito. O que é pior: não vender Cardozo por um preço inferior a 15M€ ou ter um jogador no balneário que será sempre uma “bomba” pronta a explodir no colo do treinador?

O Benfica contratou, contratou, contratou. Mas sabia exactamente quem estava a contratar? Isso obedeceu a um plano antecipadamente traçado e aceite por Vieira, Rui Costa e Jesus? Não me parece que esta máquina esteja bem oleada e, como sempre defendi, ao não mexer radicalmente na estrutura – de apoio ao treinador e na defesa da própria SAD – o Benfica corre o risco de se trair a si próprio.

O caso foi tão mal conduzido que se chegou ao limite de forçar Jesus à sua própria contradição: como é que um jogador com cerca de 3 meses de paragem se pode apresentar numa condição física... “surpreendente”, ao ponto de poder entrar nas contas do dérbi desta noite?

O Benfica precisa de ganhar o jogo para beneficiar de um novo fôlego, mas para isso – e a avaliar pela última conferência de imprensa de Jorge Jesus – a aposta é agora num certo “sobrenaturalismo futebolístico”. Tudo indica que há na Luz quem acredite que, uma vez convocado e mesmo sem treinos suficientes nem ritmo de competição, Cardozo entre no jogo de Alvalade para marcar o golo da vitória do Benfica.

Depois do que aconteceu frente ao Gil Vicente – sem esquecer os beijos e abraços –, o Benfica parece apostar na emulação psicológica.

A surpresa resume-se ao Benfica ter permitido alimentar a ideia de que, mais do que um dérbi em Alvalade, esta noite se possa transformar num Sporting-Cardozo. E, se assim for, estaremos perante a vitória do infractor.

NOTA –
João Capela esteve em foco no Benfica-Sporting da época passada. Prémio: dirigir o jogo de estreia do campeão nacional no Bonfim (V. Setúbal-FC Porto). Hugo Miguel esteve em foco (pela negativa) no Paços de Ferreira-FC Porto, uma partida decisiva nas contas do título. Prémio: nomeação para o Sporting-Benfica desta noite. Conclusão: a FPF, não apenas através do Conselho de Arbitragem, premeia o erro. Edificante.

-Rui Santos, jornal Record

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

António Oliveira: Jesus na pele de Vítor Pereira

 

Há quase três anos que o Sporting não chegava ao dérbi com mais pontos que o rival Benfica. É certo que ainda só foram cumpridas duas jornadas, mas não deixa de ser um interessante aperitivo para o jogo de amanhã. Duas equipas, a atravessar momentos anímicos completamente diferentes, querem aproveitar esta partida para reforçar os índices de confiança. Para os leões, ganhar significaria o melhor arranque desde 2008, enquanto as águias pretendem provar que o abalo da entrada com o pé esquerdo já passou.

O Benfica ainda está à procura do seu melhor rendimento. É curioso verificar que Jorge Jesus, neste momento, se deva estar a sentir na pele de... Vítor Pereira. Sim, esse mesmo que está a pensar. Tal como aconteceu com o ex-treinador portista há dois anos, o técnico encarnado está forçado a lidar com o facto de vários elementos nucleares da equipa do ano passado não estarem focados a 100% no clube, querendo rumar a outras paragens e mantendo a esperança de que um contrato chorudo ainda possa surgir até ao fecho do mercado.

Para um treinador, não é fácil lidar com esta situação dentro do balneário. E se não saber com que peças do puzzle contar já é um problema, junte-se-lhe também a instabilidade criada com o "caso Cardozo". Por via disso, tem sido necessário testar outras opções, recorrer aos reforços mais depressa do que o previsto, sem que estes (não é a qualidade que está em causa) tenham tido tempo de assimilarem em pleno as ideias de Jorge Jesus.

E é neste processo de "reinvenção" da equipa, em fase de experimentalismos, digamos assim, que o Benfica chega ao dérbi de Alvalade. Esta partida poderá dizer se a derrota da jornada inicial com o Marítimo foi um mero acidente de percurso ou se a má fase vai ter continuidade. Uma vitória na casa do rival seria um tónico importante para embalar a equipa, mas o contrário também pode acontecer.

É que os encarnados vão encontrar um Sporting galvanizado com as duas goleadas aplicadas a Arouca e Académica, com a equipa de Leonardo Jardim a ter claramente uma palavra a dizer na discussão do dérbi. E que diferente está este leão, em relação à tristeza que se viu na época passada. Nota-se que é uma equipa com princípios de jogo definidos, muito mais equilibrada em termos defensivos e apresentando uma maior acutilância no processo ofensivo. Mesmo com os problemas que envolvem atletas importantes como Bruma e Labyad, entre outros, a verdade é que há muita matéria-prima de qualidade em Alcochete.

Ao contrário do que acontecia antes, a equipa leonina está a conseguir exercer uma forte pressão sobre o adversário nos momentos em que perde a bola. Será muito interessante ver como se vai comportar o bloco alto sportinguista nos duelos com os médios e defesas do Benfica. A disputa promete ser eletrizante. Por outro lado, este será o primeiro teste às reais capacidades da equipa de Jardim, para vermos como é que esta se baterá perante um candidato ao título e se poderá ter igualmente o mesmo tipo de aspirações.

Acredito que este Sporting tem condições para lutar por um dos três primeiros lugares. É um leão de ambições renovadas, a jogar melhor futebol e com um trunfo que poderá ser muito importante no decorrer da temporada: por não participar nas competições europeias deste ano, a equipa vai chegar mais fresca aos momentos decisivos da época. E isso poderá fazer a diferença. 

- António Oliveira, jornal Record, 30 de Agosto de 2013

Sílvio Cervan e o caso Luisão: Gosto de ver jogadores zangados quando perdem


Imagino ter festejado o segundo golo contra o Gil Vicente, num jogo em casa, contra um modesto adversário, como o meu Pai festejou a vitória por 5-3 contra o Real Madrid na Final da Taça dos Campeões Europeus. 

Domingo passado Lima foi o meu Eusébio e Markovic o meu Coluna. Eu sei que é muito mau sinal. Não nego as evidências mas de facto foi assim.

O Benfica não pode passar por estes sufocos. No entanto há duas coisas que me distinguem dos insuportáveis comentadores do politicamente correcto: primeiro gosto de ver jogadores zangados quando perdem, gosto até de ver que estão descontrolados e fazem asneiras próprias de quem queria muito ganhar. Eu não culpo Cardozo de nada. Ele, como eu, queria ganhar a Taça de Portugal e por ter perdido fez asneiras em claro descontrolo. Irritava-me mais ver jogadores a rir depois de perder.

Segundo, gostei de ver a forma como se festejou a vitória contra o Gil Vicente, havia chama, havia alma, havia autenticidade nos festejos. Eles (jogadores), como nós (adeptos) querem ganhar. Isso cria união e afectividade. 

Não houve exagero nos festejos do passado domingo, houve sentimento, por muito que alguns funcionários de clubes que comentam tenham ficado com muita azia. É assim que gosto, é assim que quero.

O sorteio da Liga dos campeões é uma oportunidade para ajuste de contas. Ao Benfica saiu em sorte um Olympiakos que nos goleou há poucos anos e do qual poderemos obter desforra. O histórico Anderlecht com quem temos a velha final de 83 atravessada. Do poderoso Paris Saint-Germain é uma oportunidade para a minha filha se vingar do pai, porque há dois anos me pede para ir a Paris!

Desportivamente será muito difícil o jogo de Paris, vamo-nos ver gregos em Atenas, sendo Bruxelas o chocolate mais doce deste sorteio. 

- Sílvio Cervan, jornal A Bola, 30 de Agosto de 2013

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Vítor Serpa comenta polémica entre Benfica e José Manuel Constantino

 

Ponto prévio: Tenho respeito pessoal e intelectual por José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal. Conheço-o há muitos anos como técnico e pensador do desporto, mas nunca tivemos qualquer tipo de relação de proximidade.

Confesso que me surpreenderam as suas opiniões muito críticas e inusitadamente desassombradas no facebook, sobre a gestão do futebol profissional do Benfica, clube de que é adepto. 

A surpresa surgiu mais pela personalidade de José Manuel Constantino e pelo seu perfil de cidadão que pensa cada palavra que diz, homem a quem não é fácil reconhecer emoções, dirigente de discurso político cuidadosamente meditado.

A direção do Benfica reagiu exigindo a demissão do titular do cargo de presidente do Comité Olímpico garantindo que, enquanto José Manuel Constantino desempenhar essa função, o clube não terá relações institucionais com o COP.

José Manuel Constantino contrapôs que se trataram de opiniões privadas no seu facebook e apenas para serem partilhadas por amigos. Eis uma discussão nova e por isso especialmente interessante. 

Será legítimo a um cidadão com responsabilidades institucionais tecer considerações meramente pessoais no facebook, despidas da responsabilidade do cargo que ocupa?

Na minha opinião, tudo o que pode ser público deve merecer reflexão cuidada.

Constantino terá sido apanhado na armadilha do que julgava ser uma plataforma meramente pessoal de comunicação. Enganou-se e foi pouco sensato. 

Mas nunca um cargo público, seja ele qual for, pode ou deve limitar o direito de opinião. Uma coisa é o dever de sensatez, outro, ainda maior, é o direito à liberdade de expressão. 

- Vítor Serpa, jornal A Bola, 29 de Agosto de 2013

Leonor Pinhão confessa: "Não estou zangada com Luisão"


Por estes dias perguntam-me muito nas ruas se estou zangada com Luisão. Na verdade, não estou. Talvez por uma questão de educação, da minha educação, não da educação do Luisão.

Comecei cedo a frequentar o Estádio da Luz na companhia do meu avô e sempre o ouvi dizer, quando as coisas não nos corriam bem e o público protestava, que assobiar um jogador do Benfica era mais feio do que cuspir na sopa e tão feio como bater na mãe. Foi uma coisa que me ficou. É dele que me lembro sempre que ouço, na Luz, o público dirigir os seus protestos contra um ou outro jogador ou mesmo é contra a equipa toda. 

Não me considero uma benfiquista exemplar, longe disso, e nunca tive grande paciência para as estéreis e intermináveis discussões que envolvem recurso ao benficómetro, o ainda não inventado aparelho que medirá a devoção dos benfiquistas bons, dos benfiquistas maus e dos benfiquistas assim-assim, entre os quais voluntariamente me incluo.

Por isso, é com todo o à vontade que falo. E confesso que até gostei da reação do nosso capitão quando, assegurada a vitória épica sobre o Gil Vicente, se dirigiu desabridamente aos adeptos reprovando-lhes, por gestos, os assobios a Maxi Pereira que, ao contrário do benficómetro que ainda não foi inventado, conseguiu inventar sozinho o lance que resultaria no golo do Gil Vicente lançando a Luz ao desespero.

Se me perguntam se, nesse preciso momento fatal do uruguaio, me levantei do meu lugar em aplausos piedosos a Maxi Pereira, porque é dever apoiar a equipa nos bons e nos maus momentos, terei de responder que não, não me levantei. Francamente, não sou pessoas de extremos.

Mas sou, quero ser crente. Antes do jogo com o Gil Vicente perguntava-me que tipo de prodígio, que tipo de milagre poderia vir a salvar o Benfica doente que todos conhecemos desde maio último. Portanto, naturalmente, quis acreditar que era aquilo o prodígio sonhado quando vi, no espaço de minuto e meio, o golo de Markovic empatar o jogo, o golo do Lima a ganhar o jogo, o beijo do mister no Mini Pereira, os abraços dos demais jogadores e, finalmente, os gestos de Luisão para a bancada.

Olha, finalmente, temos sessão de terapia de grupo! Foi nisto que pensei. E continuei tranquilamente a ver o jogo que, como estarão recordados, terminou logo a seguir.

Volto a dizer que o Benfica terminou doente a última temporada e todo o longo tempo do defeso foi apenas a continuação dessa mesma doença sem que nada de visível fosse feito para curar o doente, embora milhares de especialistas tivessem dado as suas opiniões clínicas. Houve até uma maioria de especialistas que, considerando que o mal estava na cabeça e não nas pernas, descurou o assunto pensando, à moda antiga, que os males da cabeça se tratam com banhos de mar. Ideia errada.

A questão é que o mal é mesmo na cabeça. É um desatino o que se tem visto em campo desde o início da pré-temporada. Um desatino que se continuou a ver no Funchal e que se voltou a ver no final da tarde de domingo, na Luz, até ao momento em que Markovic fez o primeiro golo do Benfica.

Depois o doente acordou e, como por milagre, voltou à vida ativa envolvido numa aura de inesperado esplendor. Segue-se o jogo com o Sporting, em Alvalade, ocasião que será fabulosa para testar no doente, ou no ex-doente, os efeitos da tão celebrada sessão de terapia de grupo.

No sábado se verá.

-Leonor Pinhão, jornal A Bola

Liga dos Campeões 2013/14: Composição de todos os grupos


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Bagão Félix: Minuto 92 iniciou a temporada para os lados da Luz


O minuto 92 iniciou a temporada para os lados da Luz. Desta vez, em dose dupla e favorável ao Benfica. Três pontos conseguidos nos descontos que podem ser importantes nas contas finais. ln extremis Jesus (do Benfica) venceu Deus (do Gil Vicente) nos céus da Luz. 

A equipa de Jorge Jesus ganhou, com o tal minuto 92, um alento bem superior se comparado com uma vitória mais simples e folgada perante o esforçado Gil Vicente. Gostei das imagens finais do técnico abraçando Maxi Pereira e consolando-o depois do clamoroso erro que cometeu, e Luisão que bem mereceu celebrar 10 anos na Luz com esta suada vitória. E os sérvios prometem.

Estas duas jornadas evidenciaram um Porto com a habitual capacidade de mudar de treinador e de jogadores essenciais sem se dar por ela, um surpreendente 5porting não tanto pelas (normais) vitórias mas pela sua expressão concretizadora ainda que perante adversários demasiado macios e um Benfica ainda sob a influência traumática da última época e revelando alguma incapacidade concretizadora, tipo síndrome Cardozo. 

A terceira jornada é a última antes da data estúpida (mas bem interessante para os tubarões embalados pelo falso fair-play da UEFA) do encerramento do mercado de transferências. O mais vulnerável aos ataques parece ser o Benfica que, assim, tem nos próximos dias dois testes relevantíssimos: o derby lisboeta e o tal fecho de mercado.

Gostei da transmissão da Benfica TV; Imparcial na realização, equilibrada e responsável na repetição de lances mais discutíveis e brilhante no profissionalismo e isenção de Helder Conduto. Tudo bem melhor que certas transmissões da concorrência... 

- Bagão Félix, jornal A Bola, 28 de Agosto de 2013

Benfica necessita de vencer em Alvalade para enterrar os fantasmas recentes


O Benfica esteve a escassos segundos de somar duas derrotas nas primeiras duas jornadas da Liga 2013/14 – quando na temporada passada apenas perdeu uma vez, no Dragão, e aos 90+2 minutos. Mas, com sorte e muito empenho à mistura, conseguiu dobrar um Gil Vicente ultradefensivo que, em caso de triunfo, sairia da Luz sem perceber como lograra marcar um golito quando, basicamente, atuou sempre encolhido no seu meio-campo. Adiante...

Jesus respirou de alívio com os dois golos fora de horas; Luisão aproveitou para mandar calar os sócios e adeptos menos pacientes; Maxi Pereira evitou que o seu erro fosse exibido e comentado vezes sem conta durante a semana; os reforços sérvios voltaram a dar a ideia de que podem mesmo acrescentar algo e até Lima recuperou a estrela que tanto brilhou a época transata, mas que esteve visivelmente intermitente durante quase todo o duelo com os gilistas. Mas, apesar de tudo isto, os problemas encarnados não ficaram resolvidos. Longe disso. A equipa continua a sofrer golos em todas as partidas e a eficácia ofensiva está longe dos valores do passado.

Para tornar o ambiente ainda mais quente, a próxima ronda reserva-nos um Sporting-Benfica. As águias precisam de ganhar para, em definitivo, recuperar a confiança e enterrar os fantasmas recentes, mas também para não correr o risco de, tão cedo, poder ficar a 6 pontos de leões e dragões.

Mas, concordando com o sportinguista Adrien quando diz que existe maior pressão do lado benfiquista, convém acrescentar que o duelo de sábado é também um teste de fogo... ao Sporting. Sim, os pupilos de Leonardo Jardim partiram como “outsiders” na luta pelo título, mas perante a eloquente resposta dada diante Arouca e Académica passaram a ser vistos com outros olhos. 

Agora, contudo, chegou a hora de mostrar que a equipa, pese as muitas alterações introduzidas no plantel esta época, tem mesmo capacidade suficiente para sonhar com mais do que apenas o terceiro lugar... atrás dos eternos rivais.

-Luís Avelãs, jornal Record

Benfica: Existe um problema evidente de sobrelotação do plantel


Estávamos ainda a semanas do fecho da época anterior e já o Benfica entrara forte no mercado de transferências. Muito antes do início do defeso, contratações como as de Djuricic, Steven Vitória, Mitrovic e Sulejmani, entre outras, eram garantidas, enquanto nomes como, por exemplo, os de Lisandro López e Markovic começavam a ser falados.

Pode dizer-se que o Benfica programava a época vindoura a tempo e horas, é verdade, só que na base de uma premissa que tarda a confirmar-se. Pensavam os responsáveis dos encarnados que um punhado dos jogadores mais proeminentes seriam negociados no defeso, por verbas próximas das respetivas cláusulas de rescisão. Como o futuro próximo já só pode dar-lhes parte da razão, existe hoje um problema evidente de sobrelotação do plantel. Pizzi e Luis Fariña protagonizaram os primeiros casos mediáticos entre os excedentários. Não aqueceram o lugar e foram colocados, quase de imediato, noutras paragens. Agora são Mitrovic e Lisandro López, que, face à permanência praticamente assegurada de Luisão e Garay, já ninguém têm para substituir e procuram a sorte fora da Luz.

Entre tantos reforços – uns contratados prematuramente, outros no período habitual, e outros ainda chegados com a temporada já a decorrer, como aconteceu com Funes Mori –, seria normal que Jorge Jesus não reconhecesse talento em todos eles. E no caso dos centrais, que ainda podem sair sem verdadeiramente terem entrado, existiu uma nítida precipitação do contratador, independentemente de existir a necessidade de suprir um eventual desfalque no eixo da defesa. Tanto assim é que Jorge Jesus deu preferência a Jardel e Steven Vitória em detrimento de Lisandro e Mitrovic nos dois jogos oficiais desta época. Aliás, as opções do treinador do Benfica entendem-se bem pela forma como correu a pré-temporada. O argentino, rotulado de craque, não mostrou poder discutir a titularidade com Garay e Luisão, enquanto Mitrovic se revelou como o menos habilitado do sector.

O mercado do Benfica, pese embora as vicissitudes habituais do frenesim do compra e vende, teve também aspetos positivos se atentarmos à gama de recursos existente para os lugares imediatamente atrás do ponta-de-lança. Neste caso, não se pode falar em excedentários nem tão-pouco em futebolistas de qualidade duvidosa. Os encarnados podem dar-se ao luxo, se ainda forem a tempo, de negociar vários médios-ofensivos (extremos incluídos) ou mesmo enfrentar a erosão de uma longa temporada, fértil em lesões e castigos. As soluções são muitas.

-Luís Pedro Sousa, jornal Record

Fernando Guerra sobre o Benfica: Será preciso abusar da trapalhada para não ter sucesso


Penso que se tem a ideia de Luís Filipe Vieira não ser de muitas conversas. Curiosamente, porém, nos últimos quatro dias pronunciou-se sobre assuntos diversos da vida do clube, primeiro, na sexta-feira, em entrevista ao canal Benfica TV, e, depois, no domingo à noite, para destacar o sentido de união da família encarnada, a seguir à vitória dolorosa ante adversário ao nível de uma liga de terceira categoria. Esta alteração súbita de comportamento só por si é sinal de que as coisas não estão a correr como desejaria. Na sequência do pálido desempenho da equipa na jornada inaugural do campeonato (derrota com o Marítimo), Vieira terá pressentido o perigo de incontrolável agitação no caso de algum percalço desportivo acontecer no regresso da equipa à Luz em jogos da Liga.

Não aconteceu, mas esteve quase, o que reforça a oportunidade da intervenção presidencial na referida entrevista: devolveu a confiança possível aos adeptos, retratada na significativa assistência e na sua fantástica manifestação de apoio, motivando os atletas e empurrando-os para um resultado positivo de que eles próprios terão chegado a duvidar, por força daquela trapalhada tática feita de correrias tolas através das alas, de cruzamentos precipitados à procura da cabeça da alguém, da rutura coletiva provocada pelos repetidos desequilíbrios no centro do terreno, do sacrifício pedido a Matic, à beira dos limites do razoável, e que a manter-se vai castigá-lo do ponto de vista físico como aliás tem sido imagem de marca da gestão de esforço no consulado de Jesus, lembram-se?, claramente inadequada às necessidades de um emblema com o prestígio do Benfica, que precisa de estar preparado para responder com elevada eficácia no mais alto patamar competitivo durante nove/dez meses por ano. 

É esse o prazo de validade exigível aos clubes que querem ser campeões nos respetivos países e chegar a abril/maio na posse plena das suas capacidades para atacarem os títulos europeus. Equipa que atinge o chamado pico de forma em janeiro, designação pelos vistos fora de uso, está condenada a perder a corrida.

A intervenção de Vieira na Benfica TV foi providencial. Contribuiu para desanuviar o ambiente e apelou à infinita tolerância da família benfiquista, a qual voltou a retribuir com aquele extraordinário estado de alma que o presidente teve o cuidado de sublinhar, quando transformou o diabólico minuto 90+2 em sinal de mudança, provavelmente com bênção divina: enterrou-se o fantasma do passado e iluminou-se o caminho do futuro. 

Na verdade, com «o grupo de grande qualidade» que está ao dispor de Jesus, será preciso abusar da trapalhada para não se ter sucesso. Os receios emergentes da pobre exibição na Madeira diluíram-se completamente na indomável vontade de fazer bem expressa nos rostos dos jogadores benfiquistas. Se há dificuldades de comunicação, se há défice motivacional, se há descrença, se há ruído de fundo no trabalho diário o problema costuma residir em quem comanda e não em quem obedece.

No FC Porto privilegia-se a organização e a disciplina. Há regras e jogador contratado sujeita-se a obrigatório período de adaptação. Por isso, Quintero vai mantendo o estatuto de suplente geralmente utilizado e Herrera nem isso. Do central mexicano Reyes, que custou uma pipa de dinheiro, nem se vai falar enquanto lá estiverem Mangala, Otamendi e Maicon. No Benfica, com todo o plantel da temporada transata no ativo, incluindo as peças mais valiosas como Garay, Salvio, Gaitán e Matic, mesmo assim, inopinadamente, foram chamados ao palco os três sérvios, jovens, talentosos e desejosos de mostrarem serviço. Tudo está bem quando acaba bem, mas a decisão, além de traduzir o desespero de quem manda, nada teve de pedagógica. Se no Benfica foi normal, no FC Porto seria improvável.

Depois deste susto, será que Jesus enxerga, finalmente, que se enriquecerá profissionalmente se falar menos na primeira pessoa e valorizar os jogadores que com ele trabalham, se assumir por inteiro a responsabilidade pelas derrotas, se se puser menos em bicos de pés, se admitir que talvez não seja o dono da sabedoria, se tiver disponibilidade para aprender, se for mais humilde...

Vieira acredita que o projeto vinga. De facto, seria imperdoável que a grandiosa obra por ele erguida em dez anos ficasse ensombrada pelos caprichos de um treinador que continua a compreender mal a história do Benfica. Peço perdão, mas, com a riqueza do plantel da águia, como ironizou o enorme Mário Wilson, até eu me arriscaria a ser campeão. Jesus só tem atrapalhado... É altura, pois, de mostrar ser merecedor da consideração do presidente. 

- Fernando Guerra, jornal A Bola, 27 de Agosto de 2013

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Nuno Farinha: Jesus é um autodidata que só aceita lições de Johan Cruyff e Manuel Sérgio

 

O Sporting-Benfica terá, nos próximos dias, tudo aquilo a que um dérbi tem direito: a projeção dos onzes iniciais à mesa do café, palpites para todos os paladares e a habitual curiosidade à volta do nome do árbitro. Tudo normal. O jogo que mais paixões alimenta no futebol português também irá decorrer, espera-se, num quadro de alguma normalidade institucional, a menos que, nos próximos dias, entre em cena algum incendiário vindo de onde menos se espera.

Há um duelo particular dentro do próprio dérbi que merece, no entanto, especial atenção: Leonardo Jardim/Jorge Jesus. Na quinta temporada ao serviço do Benfica, Jesus já defrontou sete treinadores do Sporting: Carvalhal, Paulo Sérgio, José Couceiro, Domingos Paciência, Sá Pinto, Vercauteren e Jesualdo Ferreira. Jardim será o oitavo na série, mas apenas o segundo a olhar de cima para JJ. E essa nunca será uma questão de somenos.

O caso seria ainda mais grave para os encarnados - bastante mais, até - se a equipa tivesse tropeçado, como chegou a parecer inevitável, no jogo de domingo com o Gil Vicente. Mesmo assim, com três pontos de atraso para o rival, Jesus apresta-se para voltar a viver um quadro que só conheceu por uma vez, em 2010/11: enfrentar o Sporting em desvantagem na classificação. Parecendo quase insignificante quando se trata apenas da 3.ª jornada, a verdade é que é aí, nesse facto, que assenta o superior interesse deste dérbi precoce, o jogo que, assim, vai devolver o Sporting-Benfica à condição que nunca deveria ter perdido. 

Leonardo Jardim e Jorge Jesus são treinadores de pensamento futebolístico muito diferente. É normal que assim seja, aliás, porque há exatamente 20 anos a separá-los. Jardim, 39 anos, é um produto da linha académica, em estado de evolução acelerada e sempre disponível para a aprendizagem. Jesus, 59 anos, é um autodidata que só aceita lições de Johan Cruyff e Manuel Sérgio.

Os treinadores do Sporting e Benfica são diferentes em quase tudo. Um é discreto, o outro é exuberante. Um fala baixo, o outro fala alto. Um tem pouco cabelo, o outro tem muito. Independentemente das distâncias mais ou menos fáceis de identificar, há um registo que promete aproximá-los: Jardim está a conseguir, em tempo recorde, despertar um gigante exatamente como Jorge Jesus fez em 2009, quando chegou à Luz.

O treinador madeirense é, para já, a figura maior do Sporting-Benfica. Na véspera de arrancar o campeonato este jogo era, no calendário, um pesadelo para os leões. Hoje parece um sonho. 

- Nuno Farinha, jornal Record, 27 de Agosto de 2013

Vítor Serpa: Benfica é Markovic e mais dez


Jesus tem razão. A vitória sofrida, angustiosa e formalmente inesperada do Benfica no jogo como o Gil Vicente pode ter mais e melhores efeitos na cabeça dos seus jogadores do que se fosse uma goleada. O técnico benfiquista é um homem com grande experiência profissional e sabe que é nas dificuldades e não nas facilidades que se consegue construir a união de uma equipa.

A verdade é que o Benfica esteve à beira de um colapso dramaticamente prematuro no campeonato e passou, num minuto de futebol emocional, de uma situação de completo descalabro para uma situação da mais exuberante esperança.

Tudo mudou, pois, num minuto de ansiedade. Acima de tudo, o estado de espírito e o sentido de equipa. Será suficiente? Esta é a questão que só o futuro poderá responder, mas Jesus sabe muito bem que o facto da resposta só poder ser dada no futuro representa, já de si, uma inestimável vitória, porque, aos noventa minutos de jogo, estava iminente o risco de um desastre irrecuperável e de consequência devastadoras.

Com o golo de Markovic (Jesus pode ainda ter dúvidas de que é ele e mais dez?) e de Lima, o Benfica reacende o sonho do futuro e acende de maior entusiasmo o derbie do próximo sábado.
 
- Vítor Serpa, jornal A Bola, 27 de Agosto de 2013

Escândalo: Ex-árbitro Carlos Calheiros admite favorecimentos ao FC Porto



Olá amigo, 

Começo-me a apresentar como um árbitro da associação de futebol de Viana do Castelo e simpatizante do Benfica. Por isso, não quero que o que se passou recentemente fique em claro, como muitas outras situações já passaram. Como o nome da cidade já te deve inspirar alguma coisa (em termos de futebol e de arbitragem) esta é a cidade do famoso José Carlos Amorim Calheiros (mais conhecido na TAP por José Amorim) árbitro durante os saudosos anos 90. 

Mas para te dizer o que se passou, aquilo que não deves saber é que actualmente ele é VICE-PRESIDENTE da Associação de Futebol de Viana do Castelo desde 1997 (ano em que deixou a arbitragem), instituição de utilidade pública, e segundo ele, com as funções de servir de 'ponte' entre o conselho de arbitragem da dita associação e o seu presidente. Sim, já sei o que estás a pensar: se o Martins dos Santos sem cargos deste género por si só já fez o que fez recentemente (corrupto uma vez, corrupto para sempre), agora imaginemos o que o nosso estimado José Amorim faz ao abrigo daquelas funções. 

Ora, recentemente o presidente do conselho de arbitragem desta associação, de seu nome José Costa Valente (apelido que também inspira muita coisa), tio de Pedro Valente, árbitro da fpf que chegou a ser acusado de 2 crimes de corrupção no processo "Apito Dourado", convocou um plenário, uma espécie de reunião, com os seus árbitros dos quais eu faço parte, para entre outras coisas, limpar a sua imagem de situações recentes (compadrios, classificações de árbitros suspeitas, e outras situações pouco transparentes) e levou consigo o seu aliado nº1, o que na prática é o que o mantém no cargo, e quem é ele?

CARLOS CALHEIROS! Este falou aproximadamente 2,5 horas e aquele falou 2 horas (!). Entre muitas coisas, entre as coisas banalidades, o Sr. José Amorim (como aparecia na factura) teve o descaramento de falar na sua prodigiosa carreira (provocou um sorriso em todos os presentes), mas excedeu-se. E porquê? Porque, num tom de indiferença e quase gozo, confessou a seu clubismo, a sua tendência para o FC PORTO, lamentando-se dos jogos em que com ele o dito clube não conseguiu ganhar. Perante isto, houve um árbitro das filas da frente que disse algo, num tom digamos meio a sério meio a brincar, que provocou o seguinte diálogo entre eles: 

- Então que inventasse um penalti!
- EU INVENTAR, INVENTAVA mas a bola às vezes não entrava! (Calheiros) 

Pois, para bom entendedor meia palavra basta e caso para dizer também que pela boca morre o peixe e relembre-se que às vezes a bola entrava mesmo (o 3-3 nas antas, por exemplo) É que se em 1995 o Ministério Público arquivou o caso das 'viagens' porque alegadamente não conseguiu provar que o pagamento por parte do porto teve como contrapartida favores ilícitos, a verdade chegou tarde, mas chegou, foi dita publicamente por Calheiros que admitiu que beneficiava o porto deliberadamente para ter no final da época esse prémio generoso (uma viagem para si e para a sua família no valor de 760 contos). 

Para que fique claro, tais palavras foram proferidas no passado dia 12 de Agosto de 2013, entre as 20h30 e as 23h por José Carlos Amorim Calheiros no auditório da sede do Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo para uma plateia de aproximadamente 30 árbitros, após aquele ter chegado, diga-se ainda, num majestoso JAGUAR que é seu, mesmo sendo funcionário público (trabalha no hospital público de Viana do Castelo). 

Portanto, temos esta confirmação do que já sabíamos e, uma vez que tenho vergonha de ter como superior e conterrâneo tal indivíduo desprezível, gostava que isto fosse tornado público o mais possível para desmascarar um sem-vergonha como este. Espalhem tal facto, escrevam sobre isto usando palavras vossas com base na matéria aqui exposta que é rigorosamente verdade (pode ser atestada por várias pessoas) não só na blogosfera mas também nas redes sociais e orgãos oficiais do Benfica, editorial do Benfica e BenficaTV, porque tal não pode passar incólume. 

Saudações

-Texto "gentilmente cedido" pelo blog Benfiliado:

http://benfiliado.blogspot.pt/2013/08/a-confissao-de-calheiros.html

Mário Fernando e a épica vitória do Benfica: A redenção


Aos 92 minutos o Benfica tinha o desafio perdido. Aos 93 tinha-o ganho. Pode soar a algo épico - e, do ponto de vista emocional, é capaz de ser - , mas o que sucedeu na Luz é apenas o reavivar de uma velha máxima que recorda que os jogos só acabam com o apito final do árbitro. O Benfica aprendera-o da forma mais cruel (no Dragão e em Amesterdão) e, desta vez, reverteu-o a seu favor. Os jogadores encarnados não abdicaram, como se a sua "sobrevivência" dependesse disto, e o público não os largou. Ganharam todos.

Aqueles derradeiros minutos, contudo, não fazem desaparecer o que ficou para trás, porque foi precisamente isto que ditou o autêntico tormento vivido até ao minuto 92. É verdade que a equipa entrou ansiosa, nem outra coisa seria de esperar, mas tal não impediu que as águias fossem fazendo o seu jogo, construindo oportunidades e ocupando o meio campo adversário quase em permanência, já que o Gil Vicente só em pensamento admitia chegar à baliza de Artur.

O problema é que todos aqueles factores somados deram...zero. Lima foi o perdulário de serviço, Rodrigo não conseguiu melhor, o máximo que Gaitan logrou foi acertar no poste e Salvio é muito bom jogador só que ainda não está em condições plenas. Esperava-se de Jorge Jesus que tirasse um coelho da cartola, o que ele fez, é verdade, quando já ia com uma hora de jogo. Markovic foi o tal "agitador-mor" que trouxe uma segunda alma, ao qual o técnico acrescentou Sulejmani e Djuricic.

Parecia que. Simplesmente, logo a seguir, Maxi compromete, Diogo Viana não perdoa, e o Gil Vicente passa para a frente. Perder seis pontos nas primeiras duas jornadas seria uma catástrofe para o Benfica. A equipa entendeu perfeitamente a situação e, a partir desse momento, valeu tudo. De Luisão a ponta de lança, a Maxi na frente de ataque. Mas seria Markovic (ora quem) e Lima , à enésima tentativa, a garantirem a redenção.

Jesus diz que uma vitória obtida desta maneira é mais marcante do que uma goleada. Pela reação dos jogadores (e dos adeptos), no final da partida, percebe-se onde o treinador quis chegar. Se há um novo rumo na Luz, ficaremos a perceber melhor no próximo sábado.

-Mário Fernando, Blog Jogo Jogado

Resumo: Benfica B 3-0 Portimonense com golos de Rúben Pinto, Hélder Costa e Lolo

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Polémica: Benfica corta relações com Comité Olímpico Português e pede demissão de José Manuel Constantino

Nos dois últimos Jogos Olímpicos, Pequim e Londres (2008 e 2012), o Sport Lisboa e Benfica contou a presença de 15 atletas que integram os seus quadros. Esses atletas, cuja preparação foi totalmente custeada pelo Clube, representaram Portugal e trouxeram resultados encorajadores.

Na preparação dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, o Sport Lisboa e Benfica trabalha com dezenas de atletas, criando e proporcionado todas as condições de trabalho necessárias para que os atletas pensem única e exclusivamente em conseguir participar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. São mais de 30 os atletas do Sport Lisboa e Benfica que trabalham diariamente para conseguirem esse objectivo.

Para além dos atletas profissionais, o Sport Lisboa e Benfica tem criado escolas de Formação que permitem o desenvolvimento das diversas modalidades e dão ao Clube e ao País uma perspectiva duradoura no que ao Olimpismo diz respeito.

Vem isto a propósito de algumas considerações publicadas pelo presidente do Comité Olímpico Português, José Manuel Constantino, no passado fim-de-semana.

Pelos vistos, o presidente do COP não percebe que na base do Desporto, e na base da representação olímpica nacional estão as federações e os clubes. Não compreende que antes de criticar para fora, tem de resolver os problemas que têm dentro, e não são poucos. Não compreende, ou ainda não teve tempo de perceber, o contributo que o Sport Lisboa e Benfica tem dado ao movimento olímpico português.

A Direcção do Sport Lisboa e Benfica considera que o Presidente do Comité Olímpico Português violou de forma grosseira os deveres de isenção, imparcialidade e independência que são essenciais no exercício das suas funções, razão pela qual entende que só resta um caminho ao Presidente do COP, apresentar a sua demissão.

Até tal suceder, o Sport Lisboa e Benfica recusa-se a manter mais qualquer contacto institucional, garantindo, porém, que continuará a investir e a dar todas as condições de trabalho e desenvolvimento aos atletas do Benfica Olímpico.
 
-Comunicado oficial do Sport Lisboa e Benfica

João Querido Manha: Jornada em que o destino mudou a vida de Jesus


A segunda jornada da Liga será recordada como o momento em que o destino mudou a vida de Jorge Jesus e do Benfica. Está tudo ainda muito fresco, o campeonato mal saiu do adro, mas num ápice, com o tempo a esvair-se, o treinador viu o cenário transformar-se subitamente de via-sacra em volta olímpica.

Nunca saberemos o que faria o presidente do Benfica perante uma segunda derrota em vésperas de defrontar um Sporting hipermoralizado pela melhor eficácia ofensiva do século. Mas a semana seria terrível no Seixal e o momento histórico do começo das transmissões diretas dos jogos em canal próprio ficaria registado como uma megadeceção.

De uma assentada, a equipa conseguiu dar a volta à derrota e pode ter arranjado forma de exorcizar o trauma dos jogos e títulos perdidos fora de horas. Se as coisas se recompuserem, este jogo será lembrado como um marco com história: o dia em que Jorge Jesus esteve no fundo do poço - se for possível uma situação pior do que a vivida no Estádio Dragão em abril - e regressou à vida.

Dir-se-á que nem ele nem os jogadores deixaram de acreditar e trabalhar para dar a volta a uma situação estranha, num jogo que poderia ter sido resolvido facilmente se a equipa não tivesse entrado, realmente, sobre brasas, tal como o próprio treinador antecipara. Mas é justo sublinhar também que os 37 mil adeptos que ainda preferem futebol ao vivo, salvo alguns momentos de desespero perto do final, estiveram sempre ao lado da equipa, mostrando uma crença notável.

Este atestado de confiança foi, de resto, uma das consequências mais significativas da jornada. O Inferno da Luz mostrou solidariedade com o treinador e um grande respeito pela diretriz do presidente. Os benfiquistas estão resignados a continuar a sua vida com Jorge Jesus e, agora, tudo pode acontecer em Alvalade sem que ele tenha de pagar por um eventual tropeção.

A exibição de ontem ficou longe de tranquilizar os o adeptos encarnados, pois a equipa parece este ano mais previsível e menos ligeira. Talvez esteja a ser preparada de forma diferente, não há dúvida de que sente a ausência de Oscar Cardozo e não se pode queixar dos adversários, a começar pelo Marítimo, ontem posto no lugar por um FC Porto bem arrumado. 

Aproxima-se o fim do mercado e está na hora de as cabeças benfiquistas descerem à terra. A equipa pode perder algumas joias, mas tem talento e coração. E agora também passou a ter os 92 minutos que lhe faltavam. 

- João Querido Manha, jornal Record, 26 de Agosto de 2013

Fernando Gomes: Situação da Benfica TV poderá não ser "normal"

  

Fernando Gomes confirmou que defende uma centralização dos direitos televisivos no futebol português, em entrevista ao 'Diário Económico', já que essa opção "tem vantagens ao permitir uma melhor repartição desses direitos, algo que tem a ver com a competição global", justificou.

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, que assim concorda com Mário Figueiredo, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, lembrou que a centralização desses direitos, nos campeonatos europeus, apenas não é efetuada em Portugal e em Espanha.

O dirigente quer um período de transição neste assunto, apelando a um mecanismo de solidariedade "entre os clubes mais conhecidos, mais poderosos e os clubes com menor capacidade de gerar essas receitas. Acima de tudo que haja, logo à partida, um quadro perfeitamente claro da forma como esses valores poderão ser repartidos pelos diversos intervenientes nos campeonatos", acrescentou.

Benfica TV - Fernando Gomes falou sobre o facto de a Benfica TV transmitir os jogos do Benfica no Estádio da Luz, na I Liga, o que dificulta "obviamente" o seu objetivo de centralizar os direitos televisivos. E, se vier a transmitir jogos caseiros de equipas adversárias do Benfica (no primeiro escalão, pois os encontros do Farense já passam no canal), será uma situação anormal, segundo o dirigente.

"É óbvio que um canal ligado a um clube transmitir jogos de outras equipas não é uma situação normal. É uma situação única no universo do futebol e ainda não temos traquejo, conhecimento e experiência para saber se isso pode ter algum tipo de implicação a esse nível, de alguma dependência que condicione a verdade desportiva. Mas em termos éticos há questões mais preocupantes, como o empréstimo ou cedência de jogadores", comentou.

Porto e Lisboa - Noutro contexto, Fernando Gomes comentou que, entre as cidades portuguesas, apenas Lisboa e Porto têm condições para receberem jogos do Europeu 2020 (que vai ser disputado em vários países), devido às regras da UEFA.

Recorde-se que, entre outras condicionantes, os estádios do Europeu terão no mínimo uma lotação mínima para 50 mil espectadores - e mesmo o Estádio da Luz só poderá receber, no máximo, partidas dos quartos-de-final, já que para as meias-finais e final o recinto tem de acolher, no mínimo, 70 mil pessoas.

No dia 12 de setembro termina o prazo para as candidaturas à fase final do torneio.

-Noticia retirada do site Relvado

Luís Filipe Vieira: O Kadhafi dos pneus


O seu primeiro emprego é numa loja de pneus, a Morgado e Fernando, em Campo de Ourique. Responde a um anúncio e é contratado para empregado de escritório. Um mês depois já está atrás do balcão a vender pneus. Revela-se um grande vendedor e passa a gerir a parte comercial. Sempre considerou o proprietário da loja, Armando Marques, um bom professor, e a determinada altura fazem um acordo: além do ordenado, Vieira fica com o dinheiro de todas as jantes de liga leve que vender. É assim que consegue juntar um pé de meia e comprar o seu primeiro carro: um Morris GT 1275.

Começa a dar nas vistas e é contratado por outra empresa, a Celestino Gomes Bessa, onde aufere excelente ordenado para a altura, há mais de trinta anos: cem contos por mês. Antes dos 30 anos abre uma sociedade com Eduardo Carvalho, a Auto-Pneus da Póvoa. Muito trabalho e pouco tempo para a família numa altura em que nasce o primeiro filho, Tiago. A mulher ajuda-o no trabalho de escritório e cresce o império dos pneus.

Kadhafi, uma brincadeira

A ascensão no ramo dos pneus prossegue a todo o gás e Vieira acaba mesmo por receber a alcunha de Kadhafi dos pneus. Uma brincadeira que não leva a mal. «A alcunha foi posta por Gomes de Lourosa, um empresário do Norte, muito brincalhão. Quando comecei no negócio dos pneus era impensável alguém de Lisboa ir vender ao Porto. E nós íamos. Quando os nossos concorrentes tentavam vender qualquer coisa diziam-lhes que já nos tinham comprado. Dávamos conta de tudo. Éramos uns terroristas. E começaram a chamar-me Kadhafi. É uma alcunha carinhosa, não levo a mal», contou em entrevista à revista Sábado.

Mudança de ramo

Acaba por vender o negócio dos pneus e, na década de 80, entra no ramo da construção civil e imobiliária, onde faz fortuna, nomeadamente através da empresa Obriverca. O filho e algumas pessoas da sua confiança, nomeadamente José Gouveia e Almerindo Duarte, ajudam na gestão das empresas da família, sobretudo desde que foi eleito presidente do Benfica, a 3 de Novembro de 2003.

VIAGEM PELO MUNDO DO LUÍS, BAIRRISTA COM ORGULHO, COM VIRTUDES E DEFEITOS, MAS SEMPRE ÚNICO 

A história do Ventoinha
Por
Gonçalo Guimarães e Jorge Pessoa e Silva

Jorge Jesus vs Jornalista: Quem percebe mais de matemática?

sábado, 24 de agosto de 2013

Fernando Guerra elogia entrevista de Vieira: O Benfica de hoje está mais forte

 

Luís Filipe Vieira escolheu o canal de televisão do clube para uma entrevista necessária. Esclareceu e acalmou a nação bemfiquista, nesta fase em que o colapso desportivo verificado na época transata e o início pouco animador na atual, com derrota na Madeira, naturalmente suscitam receios e desconfortos, expressos nas fracas assistências nos jogos de preparação e na reação negativa por parte do público no Troféu Eusébio. 

Em vésperas do regresso da equipa à Luz, e quando nas redes sociais se promovem movimentações contestatárias, com a figura de Jorge Jesus na linha do horizonte, Vieira defendeu-se, defendeu a instituição Benfica e contra-atacou, ao dizer que no meio da densa neblina que envolve o futebol, o emblema da águia parece ser penalizado por causa da sua transparência. 

Explicou os contornos dos negócios de Roberto, Fariña e Pizzi. No caso de Oblak, além de não acreditar que tivesse sido oferecido ao Sporting, anunciou novidades para a próxima semana. Confirmou o sérvio Fejsa e prometeu estar preparado para responder à saída de algum dos elementos mais cobiçados no mercado (Matic, Garay, Gaitán e Salvio).

Em relação a Cardozo, a desejada notícia: foi punido, faz parte do plantel e vai ser reintegrado segunda-feira. Como Jesus se deixou chamuscar pela sua inabilidade na gestão deste problema, ao tentar colocar a sua vontade acima dos interesses Benfica, goste ou não, esta solução protege-o e vai provavelmente poupá-lo a muitos lenços brancos: só precisa de vencer o Gil Vicente. 

Obrigação mínima que se lhe impõe se quiser recuperar a confiança perdida e merecer o amparo do presidente. Vieira não se desvia da autoestrada escolhida, afirmou-o com inequívoca convicção, mas admite buracos no piso. 

Não sabe de táticas, nem dá pontapés na bola. O seu compromisso com sócios e adeptos é criar condições de trabalho excelentes para o clube ter sucesso, conquistar títulos e esse esforço é inquestionável: o Benfica de hoje está mais forte. 

- Fernando Guerra, jornal A Bola, 24 de Agosto de 2013

Afonso de Melo compara a máfia da Juventus à do FCP



1. A Juventus é um clube mais conhecido pela quantidade de escândalos em que se viu envolvido do que pelos seus (muitos) títulos nacionais e internacionais. A forma como conquistou à sua primeira Taça dos Campeões foi vergonhosa; a alcunha que transporta, «Vecchia Signora», tem tudo de sinistro. Há em seu redor uma aura de corrupção que não sai nem com dezenas de épocas de barrela de lixívia e sabão azul.

2. Houve tempos em que a FIAT, empresa maior do universo ao qual a Juventus pertence, patrocinava os árbitros em Itália. Ou seja: os árbitros deslocavam-se guiando FIATS para os jogos nos quais participava a Juve, propriedade dos donos da mesma FIAT.

3. Uma vez por ano, a Juventus organiza um encontro entre os seus jogadores e funcionários. Chamam-lhe «incontro famiglia». O nome vem totalmente a propósito.

4. Estranha-se que, em Portugal, o irmão-gémeo da Juventus ainda não tenha introduzido nos festejos do seu aniversário martelado a ideia de um «incontro famiglia»... Viria também totalmente a propósito.

5. Não sei se já repararam que ao longo de todo o «Padrinho» (o primeiro, o verdadeiro) de Francis Ford Coppola nunca se usa a palavra máfia. É algo de verdadeiramente extraordinário.

6. Não sei se já repararam que ao longo de toda a história da imprensa desportiva em Portugal nunca se usou a palavra máfia. Igualmente extraordinário. Mas não surpreendente. 

- Afonso de Melo, jornal 'O Benfica', 23 de Agosto de 2013

Octávio Ribeiro: O principal inimigo de Vieira é interno

 

As declarações de Luís Filipe Vieira, numa animada conversa na Benfica TV, não adivinha nada de bom no Benfica para os próximos tempos. Ontem, Vieira elegeu o principal inimigo do momento. Não é Pinto da Costa, não é um sistema sempre inclinado para o FC Porto, não é sequer o seu recente adversário nas eleições, que aliás tratou com bonomia. Não. O principal inimigo de Vieira é interno.

O único nome que o presidente do Benfica avançou foi o de José Veiga. Mas do tom dominante das suas palavras fica a sensação de que José Veiga é apenas a ponta de um icebergue cravado na grande nau encarnada. Por isso, o comandante supremo do clube apareceu acossado. É certo que uma primeira derrota depois das traumatizantes sofridas no final da época passada não deixa qualquer conforto a um homem com perfil de empresário, que acaba de renovar contrato com um treinador por mais duas épocas. Com um salário de liga inglesa, Jesus encaixa mais sozinho do que os restantes 15 colegas do campeonato português. Uma inexplicável irracionalidade.

Aí, no que à renovação de Jesus concerne, Vieira escudou-se no coletivo. Segundo o líder do Benfica, a decisão foi colegial e unânime. Porém, a alguns dirigentes com elevado peso ainda não se ouviu palavra sobre este tema.

No Benfica atual, Vieira é um líder seguro após um trajeto de mais de uma década que devolveu ao Benfica a imagem de grande clube internacional. Vieira é um homem experimentado e inteligente. Sabe que um prolongado mau arranque de época compromete desportiva e financeiramente o seu projeto. Pode mesmo comprometer o ambiente necessário à sua continuidade, pois será para ele que os adeptos se vão virar quando os jogadores de Jesus não acertarem com a baliza. Por isso Vieira apareceu neste diálogo em casa sempre à defesa. E quando a melhor defesa foi o ataque, só o nome de José Veiga saiu no meio de uma série de subentendidos.

Na atual conjuntura, Vieira deve testar a coesão da sua equipa dirigente, instando os que partilharam a tal decisão de manter Jesus a assumirem publicamente a defesa da continuidade do técnico. Por vezes o silêncio é a maior traição.

-Octávio Ribeiro, jornal Record



Rui Santos: Vieira recolocou Rui Costa na crista da onda

 

Luís Filipe Vieira quebrou o silêncio (ontem, à noite, na Benfica TV) e mostrou à saciedade que o seu maior problema é, na verdade, o entendimento sobre o futebol. Confessou mesmo que não entende de tácticas nem de “scouting” e recolocou Rui Costa na crista da onda, apontando o dedo a quem tem a responsabilidade de escolher os jogadores. Quer dizer: Vieira quis dizer que, se alguma coisa correr mal no futebol, esta época, o lote de culpados deve incluir o nome de Rui Costa. O que é uma relativa novidade, nesta errática gestão de egos e protagonismos. Ora o regime é super presidencialista, presidencialista ou semi presidencialista, conforme a sensibilidade (momentânea) de Vieira, que está a atravessar o período mais difícil desde que é presidente dos encarnados.

Os benfiquistas reconhecem-lhe o esforço e o mérito no conserto dos estragos provocados pela “gestão” de Vale e Azevedo, mas os sócios e adeptos exigem mais, de acordo aliás com as expectativas criadas pelo próprio Luís Filipe Vieira: conquistar títulos para quebrar a hegemonia do FC Porto, que continua na sua senda vitoriosa.

Na entrevista de ontem, a sensação que se colheu é que Vieira se quis colocar num patamar “acima” do futebol. O Benfica é, de facto, uma grande “marca” e um imenso universo, mas quem falhar o futebol falhará, igualmente, o Benfica. É isso que Vieira parece não querer entender.

Os benfiquistas revêem-se em “empreendimentos” como a Benfica TV e o Museu, mas não chega. Os benfiquistas querem o Benfica campeão e querem ver o Benfica à frente do FC Porto.

Tal como Jorge Jesus, o presidente LFV esteve muito perto do paraíso, mas – ao perder o campeonato, a final da Liga Europa e a final da Taça de Portugal, tudo em muito pouco tempo – acabou a época passada no inferno.

Normalmente, nestes casos, atribui-se a responsabilidade (quase total) ao treinador. Jorge Jesus é, hoje, um técnico muito menos popular do que era junto dos benfiquistas, mas estes sabem que alguns erros de planeamento, quase todos motivados por uma deficiente abordagem ao mercado, não têm apenas a ver com o treinador.

De resto, foi Luís Filipe Vieira quem prometeu, na última campanha eleitoral, a conquista de 3 títulos nos 4 anos de mandato. Ontem, na entrevista, tentou, atabalhoadamente, alargar o período para 5 anos (!). O “quase” da época passada não conta para a contabilidade, pelo que – se não for campeão nacional no final desta temporada – estaremos perante o maior falhanço entre as promessas realizadas (e algumas já cumpridas) por Vieira. E esse falhanço é aquele que colide com mais força com os anseios e ambições dos benfiquistas.

Os sinais não são bons. A derrota no Funchal apenas veio provar aquilo que a pré-época indiciava: jogadores pouco focados e concentrados, uma equipa desligada, um balneário sem o “cimento” necessário para assegurar coesão e solidariedade. Razões próximas para essa realidade o fraquíssimo trabalho directivo para não deixar passar a ideia de que o mercado impõe as suas leis, sem nenhum tipo de moderação firme por parte do presidente e a gestão do “caso Cardozo” e o seu efeito-piranha na cabina.

A“resolução” do “caso Cardozo”, ontem decretada por Vieira, é risível (à porta da cabina): “tomem lá o Cardozo, está devolvido, e agora amanhem-se. Não consigo vendê-lo, amanha-te, ó Jorge!”

Amanhã, na Luz, no dia histórico em que a Benfica TV transmite o primeiro jogo da equipa a contar para o campeonato, a pressão será grande. Ou os encarnados começam a resolver cedo a equação Gil Vicente, ou o “tribunal da Luz” vai começar a ditar as suas sentenças. Todos têm a noção que o campeonato 2013/14 pode acabar para o Benfica à 3.ª jornada, em Alvalade.

Vieira tem, neste momento, entre outros, dois grandes problemas:

1) Não exactamente a renovação do contrato de Jorge Jesus, mas os termos em que renovou esse contrato;

2) As vendas a operar, num momento em que se sente – nem mesmo num quadro de “zero saídas” – um plantel (ainda) não totalmente equilibrado.

Acresce que, no final da primeira semana de Setembro, o plantel poderá ficar amputado de várias unidades. Tem-se falado de Garay, Salvio, Gaitán e Matic, já para não citar Cardozo. E, nesse contexto, estamos a falar de um Benfica bem diferente. Que poderá resistir às saídas de Garay e Gaitán, mas estará muito menos preparado para ficar sem Salvio e, principalmente, Matic.

Creio, aliás, que os benfiquistas não aceitariam, esta época, a venda de Matic abaixo da cláusula de rescisão. O sérvio é, neste momento, o coração e o pulmão da equipa. Se as coisas correrem mal até à 3.ª jornada, isto é, com perda de mais pontos, não vejo forma de Matic sair, sem que isso corresponda a uma rebelião contra Vieira.

São problemas a mais para resolver, a maior parte dos quais poderiam ter sido evitados.

-Rui Santos, Jornal Record

Luís Sobral diz que Vieira não seria 1ª opção para substituir Cardozo


Vi apenas a primeira parte da entrevista de Luís Filipe Vieira à «Benfica TV», que coincidiu, em parte, com o programa «Maisfutebol» na TVI24. Por isso não farei qualquer abordagem genérica, comento apenas o que vi e li transcrito em diferentes jornais online, a começar pelo Maisfutebol.

1. O objetivo da primeira parte da entrevista era claro: retirar pressão antes do jogo de domingo em casa. Apesar de o adversário não inspirar particular receio, o momento é mau, depois da derrota na Madeira e da contestação a Jesus. O ambiente está pesado, Vieira tentou desanuviá-lo, com um discurso que aparentava firmeza. 

Três ideias básicas: sabemos qual foi o problema na Madeira, está identificado e resolvido (deu a entender que tinha ido ao balneário falar com os jogadores); mudar de treinador é um erro, lembram-se de Fernando Santos (algo que já repetiu muitas vezes); não se preocupem com o Cardozo, é assunto resolvido e na segunda-feira já estará a treinar. 

As mensagens eram certas, a entrega foi razoável. Ao voltar a falar em ofertas para o paraguaio, no dinheiro que terão de pagar se o quiserem, o presidente do Benfica revelou que no fundo o seu desejo é receber o preço justo e deixar sair a bomba-relógio. 

Só não o fará se não puder. Tudo somado, creio que terá convencido os adeptos benevolentes (que são muitos, como se tem visto nos últimos anos) e colocado a dúvida nos restantes. Objetivo cumprido, pelo menos no imediato. Se o golo não aparecer logo, o público esperará um pouco mais.

2. A entrevista servia também para falar sobre mercado. 

Pelo que li, Luís Filipe Vieira confirmou um nome e abordou alguns dos processos do Verão. 

Pizzi: apesar de dizer que nada percebe de futebol, garantiu que estará no plantel do próximo ano. Não sei como pode garantir tal coisa. Os que estão no plantel vão piorar? Vão sair? O Benfica parará de comprar extremos no estrangeiro? 

Roberto: este é um daqueles casos em que a história piora cada vez que alguém com responsabilidade se pronuncia sobre o tema. 

Fariña: 40 por cento do custo está pago. Logo, com mais dois empréstimos semelhantes o Benfica começa a ganhar dinheiro com o argentino. Mas um clube de futebol pode ser isto, por mais estratégico que possa ser o Dubai?

3. Rui Costa foi um nome referido na entrevista. As explicações de Luís Filipe Vieira sobre a estrutura do futebol foram frágeis. Talvez porque ao longo dos anos o presidente tenha oscilado entre o «não sei nada de futebol» e o «para o ano estarei mais próximo do futebol». Se de facto Rui Costa é, como disse Vieira, fundamental na estrutura isso poderá ser uma boa notícia. Veremos na próxima semana. Ou na próxima entrevista.

4. Por último a Benfica TV, o fantasma Olivedesportos e a herança. Percebo o entusiasmo do presidente do Benfica com o estádio, o museu, a televisão. Concordo que a ideia de colocar os direitos televisivos na Benfica TV é original, arriscada, demonstra coragem e abre uma nova frente de negócio. Ao fim destes anos todos nem o crítico mais distraído poderá dizer que Luís Filipe Vieira não sabe negociar, não sabe construir, não é capaz de liderar um clube.

Claro que é, claro que tem sido, claro que o Benfica é hoje muito diferente do que era há década. E claro que os números, sobretudo os conseguidos na Europa, nos dizem que também na frente desportiva as coisas melhoraram. 

O erro de Vieira é achar que deve ser avaliado por isso e que essas coisas dos títulos são um detalhe. Não são. E, má notícia, não é ele quem escolhe a forma como a história o julgará. 

Por enquanto, com apenas dois títulos numa década (mais o tempo com Vilarinho), Vieira é um daqueles avançados que precisam de muitos remates para fazer um golo. Não estaria nos primeiros nomes da lista para substituir Cardozo. Mas o paraguaio não sai, não é?

-Luís Sobral, Mais Futebol

Video: Entrevista completa de Luís Filipe Vieira à Benfica TV

Football Coach World Ranking coloca Jorge Jesus como 7º melhor treinador do mundo


O Football Coach World Ranking definiu a lista dos melhores treinadores da atualidade e incluiu três portugueses no top 10: José Mourinho, Jorge Jesus e André Villas-Boas.

O treinador do Chelsea surge atrás de Tito Vilanova (2º), ex-treinador do FC Barcelona, e de Jupp Heynckes, antigo técnico do FC Bayern München e que na última temporada venceu todas as provas que disputou com os bávaros.

Outro dos grandes destaques vai para a presença de Jorge Jesus, treinador do Benfica, no 7º lugar. Apesar do final de época catastrófico, a temporada passada acabou por valer algum reconhecimento ao treinador das águias, especialmente a presença na final da Liga Europa.

O terceiro português da lista é André Villas-Boas, do Tottenham, que surge no 9º posto, depois de na última época ter conduzido os Spurs ao 5º lugar da Premier League.

Importa explicar que o ranking é gerado de acordo com os resultados das últimas 52 semanas, sendo que os pontos variam consoante a importância dos encontros, pelo que a presença do Benfica na final da Liga Europa valeu a Jorge Jesus grande parte dos pontos somados.

Top-10:

1 – Jupp Heynckes (Bayern München)
2 – Tito Vilanova (FC Barcelona)
3 – José Mourinho (Chelsea/Real Madrid)
4 – Diego Simeone (Atlético de Madrid)
5 – Jurgen Klopp (Borussia Dortmund)
6 – Alex Ferguson (Manchester United)
7 – Jorge Jesus (SL Benfica)
8 – Carlo Ancelotti (Real Madrid/Paris Saint Germain)
9 – André Villas-Boas (Tottenham)
10 – Arsène Wenger (Arsenal)

-Noticia retirada do site Zero Zero