sábado, 14 de dezembro de 2013

Octávio Machado acusa Pinto da Costa: Mentiroso e Manipulador


"Mentira" e "manipulação" são palavras usadas por Octávio Machado na entrevista ao "Correio da Manhã" publicada este sábado, na qual se defende das acusações de Pinto da Costa no livro recentemente publicado pelo dirigente portista, "31 anos de presidência, 31 decisões".

O antigo treinador dos dragões explica que, em 2001/2002, quando foi chamado para suceder a Fernando Santos sabia que a tarefa não seria "fácil". "O FC Porto vinha de duas épocas sem ganhar o campeonato, uma das quais em que foi eliminado na pré-eliminatória da Champions pelo Anderlecht. Não era uma tarefa fácil, mas aceitei. O senhor Pinto da Costa fez o que sempre fez quando teve as 'calças a arder', que foi tomar o caminho de Palmela", começa por afirmar, explicando igualmente que "nunca" vetou a entrada de Mário Jardel.

E concretiza, quando confrontado com a afirmação de Pinto da Costa que escreve que o antigo treinador terá preterido o brasileiro porque ia jogar em 4x4x2 com Domingos e Clayton.

"O Domingos nunca fez parte do plantel. Foi excluído pelo senhor Pinto da Costa na nossa primeira reunião e, aliás, nessa época foi o treinador da equipa B. O senhor Pinto da Costa mentia a falar, agora mente a escrever. Há uma foto minha com o Domingos no livro, durante um jogo. É manipulação. Domingos não fez parte desse plantel e a partir daí toda a conversa do Jardel está explicada".

-Noticia retirada do site do jornal Record

José Manuel Delgado: Benfica perde de goleada para o Sporting na coragem de apostar nos jovens da formação


Luís Filipe Vieira percebeu os desafios do futuro e apostou fortíssimo no Futebol Caixa Campus do Seixal, infraestrutura que colocou o Benfica no caminho certo como potência formadora no contexto do futebol nacional. 

Graças a esta decisão estrutural, os encarnados, a pouco e pouco, aproximaram-se do Sporting, a quem chegam a superar, hoje em dia, em vários capítulos, nomeadamente nos títulos da formação e no número de internacionais em cada escalão. Porém, perdem de goleada para os leões num outro aspeto: o da coragem de apostar nos jovens da casa. 

Poder-se-á dizer que a recente crise do Sporting acelerou o crescimento de alguns jogadores, com o caso mais flagrante a ser o de William Carvalho; mas outros momentos houve, sem crise de qualquer espécie, em que Quaresma, Hugo Viana, Cristiano Ronaldo, Rui Patrício, Moutinho ou Veloso foram lançados. Ou seja, o clube de Alvalade, talvez por ter começado mais cedo nesta prática, assume com a naturalidade o que ainda falta ao grémio da Luz, a aposta na produção própria.

O Benfica, neste momento, tem excelentes jogadores jovens, que pedem uma oportunidade séria. Ivan Cavaleiro é um deles, João Cancelo, outro, e Bernardo Silva, que acaba de renovar contrato até 2019, é visto pela generalidade dos observadores como a mais séria revelação encarnada desde Rui Costa. Porém, se continuar a marcar passo na equipa B, se as portas da turma principal se mantiverem fechadas, atrasará a evolução que se lhe antevê.

Seguramente, com o caminho que o País leva, a aposta na formação é o único caminho viável para manter bons níveis de competitividade. Mas não vale a pena ter formação se o objetivo for o de vencer títulos. Porque o mais importante é ganhar jogadores. 

- José Manuel Delgado, jornal A Bola, 13 de Dezembro de 2013

João Malheiro: Derrota em Atenas foi uma das maiores mentiras de sempre


O Benfica protagonizou uma bela noite europeia. O objetivo primacial não foi alcançado, o apuramento para a fase seguinte da Liga dos Campeões? Verdade que sim. Só que o triunfo foi de inequívoca justeza e já se admitia, à partida, que na Grécia os ventos não iriam soprar de forma favorável à prossecução dos nossos intentos.

Deu muito Benfica e limitado PSG. Os franceses subestimaram o embate? Uma falácia. Com menos alguns jogadores, em tese titulares, nem por isso deixam de ser uma equipa rica e uma... rica equipa. E o Benfica? Continuou ou não com a ausência forçada de unidades nucleares? Salvio, Cardozo, pelo menos esses. Com que resposta? Empreendedora, exclamativa, triunfante.

Esta campanha europeia fica, dramaticamente, marcada pelo desaire em Atenas. Na capital helénica, a formação rubra autenticou um dos melhores desempenhos de todo o seu historial europeu. Perdeu o jogo, naquela que constituiu uma das maiores mentiras de sempre. Foi o domínio do jogo, amplo e convincente, foram oportunidades de golo desperdiçadas em série. Aconteceu. Dolorosa e não menos injustamente.

Importante, agora, é que se reúnam vontades para atacar a Liga Europa com, pelo menos, a mesma maturidade que aquela que patenteámos na pretérita temporada. Só? Também que este justo êxito, frente ao PSG, tenha ultrapassado o trauma do empate com o Arouca. 

A Liga nacional exige muita competência, para já não falar de persuasão, do Benfica nos próximos capítulos. Importa vencer o Olhanense, também o Vitória de Setúbal, para rececionar o FC Porto, no mínimo, em igualdade pontual. E decidir o Campeonato? Decidir uma etapa de quem aspira a um futuro vermelho. 

- João Malheiro, jornal 'O Benfica', 13 de Dezembro de 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

José António Saraiva: Jesus renasceu das cinzas e Paulo Fonseca parece moribundo


Esta jornada da Liga assistiu a duas ressurreições, a uma semirreconciliação, a uma confirmação e à preparação de um funeral. As ressurreições foram de Lima e de Rodrigo, a semirreconciliação foi dos adeptos do Benfica com Jesus, a confirmação foi o Sporting e a preparação do funeral envolveu Paulo Fonseca.

Lima marcou dois grandes golos, um deles num livre direto portentoso, o que levanta uma dúvida: por que não marca mais vezes esses livres? Quanto a Rodrigo, o golo em Vila do Conde (depois de outro em Bruxelas) é um raio de esperança após o apagão iniciado em S. Petersburgo.

As duas vitórias do Benfica também contribuíram para a reaproximação entre os adeptos e Jorge Jesus. Olhado com desconfiança desde o final infeliz da época passada, Jesus tornou-se no domingo o melhor técnico da história do clube - excetuando o mítico Janos Biri - com 160 vitórias em 233 jogos. A seguir vem Eriksson, com 159 êxitos nos mesmos jogos. E Jesus tem enfrentado uma época dificílima, pois não consegue manter a mesma equipa (e o mesmo modelo) de um jogo para outro. 

Quando as coisas parecem estabilizar, lá vêm mais umas lesões que estragam tudo. Cardozo, Salvio, Siqueira, Sílvio, Enzo, Gaitán, Amorim, Markovic, Sulejmani, Fejsa - todos já se lesionaram esta época com alguma (ou muita) gravidade. É de mais!

De qualquer modo, penso que o modelo ensaiado nos últimos jogos, com três jogadores no meio-campo (Matic, Enzo e um terceiro - seja Fejsa, Amorim ou um dos Andrés), torna a equipa muito mais equilibrada, aumentando as hipóteses de ser campeã. Quanto a Paulo Fonseca, não tem tido sorte. Mas desceu tão baixo na cotação dos adeptos portistas que estes já começaram a preparar-lhe o enterro. Se Jesus renasceu das cinzas, Fonseca parece moribundo. Mas, no futebol, as mortes e as ressurreições são muitas vezes temporárias.

O Sporting voltou a mostrar que é a melhor equipa, a mais estável, a mais agressiva, a mais confiante, e goleou com naturalidade a grande desilusão desta época, o Paços de Ferreira.

Depois de um período longo de hegemonia do Porto, seria interessante ver um campeonato disputado a dois entre o Benfica e o Sporting. Reviver-se-iam velhos tempos. 

- José António Saraiva, jornal Record, 4 de Dezembro de 2013

Bagão Félix: Benfica tem 5 pontos a menos devido a erros de arbitragem


O que parecia improvável aconteceu: O Porto perdeu 7 pontos nas últimas 3 jornadas, desperdiçou 5 de avanço e está agora a 2 dos rivais lisboetas. Só Olhanense e Arouca fizeram menos pontos. 2 golos marcados e 3 sofridos. Mesmo com Capela-juiz - nas bocas do dragão etiquetado de encarnado - a ver capela-jogador - academista 'fazer' penalty. E Sérgio Conceição a não querer comentar a arbitragem. O respeito ainda é o que era. E o poder também...

Nestas mesmas jornadas, só o Benfica e o Sporting fizeram o pleno. O Benfica com 2 jogos fora e o Sporting com 2 jogos em casa. Com alguma fortuna, reconheça-se. Do Benfica contra o Braga e do Sporting em Guimarães. Nos 3 jogos em que até agora o Benfica perdeu 7 pontos, Jorge Sousa não assinalou no Funchal um penalty mil vezes mais claro do que Capela apitou na Lusa Atenas, em Alvalade a gravata sobre Cardozo virou fraque para Hugo Miguel e o Belenenses empatou com um fora-de-jogo que um míope de 20 dioptrias teria visto. Seriam - talvez - mais 5 pontinhos.

Voltando ao Porto a crise já vem de trás, ainda que muito disfarçada. É certo que foi bicampeão com Vítor Pereira. Mas na 1ª época, foi a coligação 'Benfica, Proença, Maicon-fora-de-jogo' que lhe ofereceu o título. Na 2ª, foi mais uma vez o Benfica que o perdeu ingloriamente. 

Na Taça de Portugal foi eliminado pelo Braga. Na Taça da Liga, soçobrou perante o Benfica e numa final com os minhotos. Na Champions, ficou em 3° num grupo ganho pelo... Apoel (e depois eliminado pelo Man. City por 6-1 nos 1/16 da Liga Europa) e, no ano seguinte, foi eliminado pelo Málaga nos 1/8 de final.

O mercado de Inverno promete... 

- Bagão Félix, jornal A Bola, 4 de Dezembro de 2013

António Tadeia: As diferenças entre Jesus e Eriksson


O facto de Jorge Jesus ter ultrapassado Sven-Goran Eriksson em total de vitórias aos comandos do Benfica e, sobretudo, a circunstância de o ter feito em igual número de jogos não é apenas uma simples curiosidade estatística. Vem reforçar a ideia de que este treinador tem feito um trabalho excelente na Luz. Mas a realidade mede-se bastante para lá destes números. Mede-se em títulos: e aí Jesus fica bem atrás do sueco. Mede-se também em influência doutrinária: e, sendo verdade que só o tempo responderá de forma cabal a este aspeto, também aqui dificilmente Jesus poderá vir a deixar um legado semelhante ao de Sven.

Tanto Jesus como Eriksson chegaram ao Benfica em alturas traumáticas. De Jesus, por ser recente, quase todos conhecem a história: entrou em 2009 num Benfica em crise profunda (uma vez campeão em 15 anos, e da maneira que foi...) e ganhou a Liga de 2010 com o brilho inquestionável de um futebol superofensivo. Há 30 anos, quando Fernando Martins trouxe Eriksson para Lisboa, os encarnados vinham de cinco anos com apenas um campeonato ganho (o FC Porto vencera em 1978 e 1979 e o Sporting em 1980 e 1982). Normal? Visto à luz dos dias de hoje, talvez, mas nessa altura o Benfica vivia regularmente ciclos de três títulos a cada quatro épocas. Eriksson chegou, revolucionou o treino e as mentalidades, e em dois anos esteve numa final da Taça UEFA, ganhou duas Ligas e a admiração dos adeptos portugueses.

O pior, para ambos, foi a continuação. Eriksson voltou quase uma década depois a Portugal, mas deixou no ar um certo clima de aburguesamento, a imagem de um treinador que já não se movia em função das ideias mas sim do dinheiro. Jesus foi ficando, tanto por convicção de um presidente que acredita nele e nas virtudes da estabilidade, como pela sua própria incapacidade para trabalhar fora do país, mas o mais que tem conseguido obter são épocas perdidas à beira da meta, num ambiente de exaustão (física e psicológica) geral.

No fundo, o que separa Jesus e Eriksson é mais que uma vitória. Um foi um príncipe capaz de convencer toda a gente com um sorriso mas mais dado aos prazeres da vida mundana do que ao esforço e ao suor; o outro é um trabalhador obsessivo e incansável, mas incapaz de mobilizar vontades até mesmo no interior do balneário. 

Eriksson teve tudo para ser um dos grandes e não quis - porque não o foi, por mais dinheiro que tenha ganho. Jesus quer tanto e daria tudo por sê-lo, mas não pode. Ao Benfica, mais que decidir quem foi melhor, daria um jeitão ter um misto dos dois. E já o teve. Chama-se Mourinho. 

- António Tadeia, jornal Record, 4 de Dezembro de 2013

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

José Manuel Delgado sarcástico sobre a crise portista: Não basta soltar os Super Dragões contra os jogadores


Na vã tentativa de tapar o sol com uma peneira, os responsáveis do FC Porto optaram, de algum tempo a esta parte, por um discurso sem aderência à realidade, onde exibições manifestamente medíocres eram apresentadas como grandes momentos de futebol, aqui e ali traídos pela ineficácia atacante. 

Como Abraham Lincoln disse um dia «é possível enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas é impossível enganar todas as pessoas o tempo todo», ou seja, a verdade é como o azeite e não há cosmética que dure sempre. E a verdade, neste caso, é que o FC Porto encaixou 70 milhões de euros com as vendas de James e Moutinho e não foi feliz na forma como operou a substituição destes dois talentosos jogadores. 

Ao mesmo tempo apostou num jovem treinador, que esteve em grande na temporada passada, e agora está a lançá-lo às feras, chutando para cima dele (se não por ação, por omissão) todas as culpas do mundo, numa estratégia nada solidária e, convenhamos, pouco vista no clube nos últimos anos. 

Se puxarmos um pouco atrás o filme, encontramos um comportamento comparável no fim do consulado de Octávio Machado, quando as conversas com José Mourinho já iam adiantadas.

O FC Porto vive num contexto especial, onde os sinais de fim de ciclo são evidentes e a sensação que dá é a de que Paulo Fonseca foi apanhado no fogo cruzado de uma guerra que não é sua mas de que pode vir a ser a principal vítima.

Os dragões têm a continuidade na Liga dos Campeões em risco (duas derrotas e um empate em casa!!!) e perderam sete pontos dos últimos nove que disputaram na Liga Zon Sagres, o que configura um cenário absolutamente atípico. É certo que falta muito campeonato - ainda agora se entrou no segundo terço - pelo que quaisquer conclusões absolutas seriam, no mínimo, disparatadas. 

Mas ninguém negará que o FC Porto começou bem e depois disso tem sido sempre a baixar; que o Benfica, ao contrário, começou mal e depois tem sido sempre a subir; e que o Sporting tem ganho confiança e consistência, sendo, digam o que disserem, candidato ao título. 

Esta é a dinâmica dos da frente, sendo que se aguarda com expectativa a fórmula portista para debelar a crise. Porque creio que não baste soltar os Super Dragões contra os jogadores para dar a volta ao texto. 

O próximo jogo do FC Porto, contra um SC Braga que começa a aproximar-se do que dele se espera, dirá do andamento da carruagem. Para já uma coisa é irrefutável: a estratégia de faz de conta, de que tudo corre bem e só faltam os golos, esgotou-se, depois de consumir boa parte da margem de manobra de Paulo Fonseca. A não ser que a estratégia fosse mesmo essa, a de transformar o treinador no bode capaz de expiar todos os pecados e pecadilhos do complexo universo portista...

-José Manuel Delgado, jornal A Bola

Manuel Queiróz: Impressões sobre Paulo Fonseca não são favoráveis


A primeira derrota do FC Porto ao fim de quase dois anos e 53 jogos na Liga portuguesa teve campainhas de alarme antes: duas derrotas e um empate nos três jogos do Dragão para a Champions, dois empates seguidos contra adversários menores na liga portuguesa, uma vitória só nos cinco jogos anteriores, os lenços brancos dos adeptos...

Ninguém viu?

Quando Paulo Fonseca, no lançamento do jogo com a Académica, disse que o problema da equipa era essencialmente de finalização, sabia que estava a dizer no mínimo uma meia verdade: o problema, em equipas como o FC Porto que em princípio só têm bons jogadores, nunca é a finalização. Essa é sempre uma consequência, não uma causa. O problema principal é sempre mais fundo e há consenso, mesmo dentro do clube, que não se chama só Paulo Fonseca. Há mais.

Cá fora há outro consenso: 3,8 milhões de euros por metade do passe de Ghilas? Nem pelo passe completo, quanto mais metade... Mas havia uma guerra com o Sporting e às vezes nas guerras há decisões muito erradas. Como essa.

E parece evidente que Herrera, Licá e Quintero são só meias soluções e que é preciso mais laterais, gente que possa obrigar os titulares a darem mais do que dão. E que para o ataque faltam opções - insiste-se, se é também para jogar em contra-ataque, então Iturbe devia ter ficado no plantel. E a decisão foi de quem?

Certo é que hoje a equipa só assume risco quando está a perder, ou quando já se está na segunda parte e o resultado não é bom - até aí tem normalmente uma postura de equipa pequena, ou de que não acredita em si.

Mas no fim do dia, para alguém que tem apenas dois anos de futebol profissional e um ano de I Liga, o que conta é saber se o treinador consegue aguentar tanta pressão. E para agora as impressões não são favoráveis. 

Em Coimbra, Quintero foi titular e eu julgava ter ouvido o treinador dizia que ainda não estava preparado para isso; nesse jogo, a equipa voltou a ter pouco sentido de jogo e a certa altura ninguém comandava. Era o desnorte que nem um penalti daqueles(inexistente) ajuda - até isso se falha. 

Pinto da Costa não gosta de mandar treinadores embora. Pelo contrário, gosta de lhes dar apoio, de estar ao lado, de os proteger. Falta saber se Paulo Fonseca protege o presidente e, sobretudo, a equipa.

-Manuel Queiróz, Diário de Noticias

João Querido Manha e a classificação da Liga: O líder é o Benfica


Em janeiro e fevereiro deste ano a direção do Record, liderada por Alexandre Pais, enfrentou a animosidade dos adeptos do Benfica, por causa da aplicação dos reais critérios de desempate ser favorável ao FC Porto, por ter empatado a dois golos no Estádio da Luz, enquanto a Liga do Dr. Figueiredo e de outros meios de comunicação atribuíam esse lugar ao adversário, observando apenas metade dos critérios de desempate.

Esta época, são os adeptos do Sporting a reclamarem por motivo idêntico. O Recordnunca foi nem será um jornal seguidista ou acéfalo e considera o aditamento regulamentar uma aberração sem sentido. Se o campeonato terminasse hoje, o Benfica ficaria à frente, mas basta ao Sporting alcançar no Estádio da Luz um resultado melhor do que o 1-1 da primeira volta para esta ordem se inverter. Na classificação que publica todos os dias, o Record é, aliás, o único meio de comunicação que explica os critérios de desempate utilizados.

E estes são os que se utilizam em todos os campeonatos europeus (à exceção do inglês) e nas competições da UEFA e da FIFA. Curiosamente, nesta altura, o Benfica está na situação exatamente inversa no seu grupo da Liga dos Campeões: podia ter ganhado por 10-0 em Bruxelas que nunca teria ultrapassado o Olympiacos. E, no grupo do Estoril na Liga Europa, entre o Friburgo e o Liberec, passa-se exatamente o mesmo: a melhor diferença de golos não basta aos checos para se classificarem à frente dos alemães.

O primeiro critério de desempate numa prova de futebol é o número de pontos somados: se por acaso Benfica e Sporting tivessem empatado os jogos de ontem, quem estaria no primeiro lugar da tabela seria o FC Porto, porque somou três pontos frente aos leões. Esta é a regra, invertê-la durante 29 jornadas para a reconhecer apenas no último dia é um erro de facto que um jornal com as responsabilidades do Record nunca deixará de denunciar e tentar corrigir. Sabemos que a Liga espera a melhor oportunidade para repor o bom senso no seu regulamento, anulando esta absurda cláusula de exceção, e devia, no seu site, elucidar os leitores de que a tabela provisória não corresponde aos critérios finais.

Enquanto isso não acontecer, Portugal é o único país do Mundo cujo campeonato tem duas classificações: uma provisória para 29 jornadas e outra definitiva para a 30.ª. Quanto a Record, desde sempre e para sempre, terá apenas uma, a que se aplica de igual forma a todos os concorrentes, todos os dias.


-João Querido Manha, jornal Record

João Fonseca fala do incidente no final do Belenenses - FC Porto


Há um mês atrás, estava eu no estádio do Restelo, para começar o meu trabalho de reportagem no Belenenses-Porto.

Há um mês, este mesmo jogo terminou empatado a 1 golo.

Há um mês, no final da partida, e cumprindo o meu papel de repórter, dirigi-me a um dos capitães do FC Porto, Hélton, e pedi-lhe um comentário ao jogo.

Há um mês, disse eu: "Hélton, não foi uma noite feliz para o FC Porto".

Há um mês, Hélton respondia assim: "Não, infelizmente não conseguimos os nossos 3 pontos, mas...

Há um mês, a resposta não teve final porque uma pessoa responsável, não permitiu que outra com a mesma responsabilidade explicasse aos seus adeptos e ouvintes da Renascença, porque tinha sido uma noite infeliz.

Há um mês, isso aconteceu porque essa pessoa agiu de forma agressiva, arrogante e autoritária, impedindo um repórter de fazer o seu trabalho e "silenciando" a todo o custo um dos capitães do FC Porto.

Há um mês, fui "agarrado" por algo que já vivi vezes demais no jornalismo e em particular na minha área, o desporto.

Há um mês, e por causa deste episódio, fui, aos 45 anos de idade e aos 23, quase 24 de profissão, e pela 1ª vez dentro de um estádio (e fora dele) identificado, juntamente com os restantes colegas das outras rádios, pela PSP.

Há um mês, ninguém sabia quem tinha mandado identificar.

Há um mês, percebi quem tinha dito o que não disse e que depois passou a dizer.

Há um mês, mais uma vez, constatei que, felizmente, há raros delegados da liga que só ouvem, mas que não vêm.

Há um mês, lembrei-me de tantos e bons amigos que fiz e que são delegados da liga. Lembrei-me há poucos dias que alguns cada vez vejo menos nos campos de futebol, gostava de saber porquê. Tenho a certeza que alguns deles é porque para além de ouvirem bem, também vêm com clareza e justiça. 

Há um mês, voltei a lembrar a colegas de profissão que "jornalista não é notícia". Apesar disso e por interesse de alguém eles escreveram o que lhes disseram. Uns melhores que outros, mas também isso não é notícia, para já.

Há um mês tive e tenho até hoje a solidariedade do meu chefe e da minha empresa.

Há um mês que o mundo não pára e há uns dias que a liga me pediu para falar do assunto, mas que por não ter instalações em Lisboa, eu teria que me deslocar ao Porto.

Há um mês que tomei uma decisão, depois de ter sido "ameaçado" e por respeito a mim e aos meus não me desviarei dela. Contudo, assumirei sempre o que prometi fazer, desde que cumpridos os "mínimos olímpicos" do respeito.

Há um mês que num flashback pela minha vida, lembrei a mim próprio que não sou perfeito, nem eu nem ninguém e que por isso mesmo devo perdoar os outros, quando eu próprio já o fui tantas vezes.

Há um mês que disse que o faria desde que me fosse demonstrado respeito.

Há um mês que me anda atravessado o obrigado que devo a todos aqueles que me ligaram, enviaram sms, postaram no face ou por mail manifestaram a sua solidariedade. OBRIGADO!

Há um mês que ando engasgado com o obrigado para com aqueles que nunca disseram nada, fosse por medo, respeito ao outro lado, devoção ou sei lá mais o quê. Agora sei quem são e por isso, OBRIGADO!

Há mês que me lembrei da paixão pela profissão e do respeito que tenho e que ganhei por quase a generalidade daqueles com que me tenho cruzado na minha vida profissional.

Há uns dias que parei e pensei "AGORA A FRIO" não fui eu que errei e as coisas começam pelo princípio e não pelo meio, muito menos pelo fim.
Tudo o resto é um CIRCO.

João Fonseca, Jornalista da Rádio Renascença

-Texto retirado do Blog Bola na Área

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Vitor Serpa: Este Dragão já não deita fogo... nem fumo


Há uma questão mental nesta equipa do FC Porto. Sem razão aparente, os jogadores desacreditam, desmotivam-se, desorganizam-se, arrasam uma cultura de vitória que tinha décadas. Quem vê de fora não consegue compreender. É certo que o FC Porto perdeu jogadores fundamentais. É óbvio que nunca ninguém pode ganhar sempre e para sempre, mas não se entende a mudança de paradigma de filosofia de jogo. Este FC Porto perdeu e perdeu muito bem em Coimbra. Pode queixar-se de uma bola no poste (a grande e verdadeira oportunidade de golo) de uma bola bem mais fortuita na barra e de um penalty não concretizado, mas em lance que o árbitro gentilmente concedeu. Tudo na segunda parte, quando a Académica tentava acreditar no impossível. Porque, na primeira parte, o FC Porto foi nulo, indolente, ineficaz, inócuo.

Alguma coisa de verdadeiramente grave se passa no Dragão. Não adianta especular, mas este FC Porto já não é só a saudade de James e de Moutinho, de Falcao e de Hulk. Este é um dragão quase inofensivo que da boca já não deita fumo, quanto mais fogo.

Sete pontos(!) perderam os portistas nos últimos três jogos. Isso significa que não apenas ajudaram a recolocar o Benfica e o Sporting na corrida do título como correm sérios riscos de perder hoje a liderança no campeonato. Para os dois grandes de Lisboa, os jogos de hoje passam a ter, necessariamente, uma motivação diferente. 

A ideia de que estão a uma vitória do primeiro lugar não deixará de comandar os espíritos. Do Benfica porque, necessariamente, se assume como candidato; do Sporting, porque a fé na conquista do campeonato faz-nos lembrar o que os espanhóis dizem das bruxas: «não acreditamos em bruxas, mas lá que elas existem, lá isso existem!»
O futebol e o campeonato têm tudo a ganhar com estas surpresas. O FC Porto é que não. Uma dúvida decisiva: Paulo Fonseca aguenta-se? 

- Vítor Serpa, jornal A Bola, 1 de Dezembro de 2013

Video: Benfica B vence FC Porto B por 3-1 com golos de Steven Vitória, Lolo e Hélder Costa

Rio Ave 1-3 Benfica: Relato Fernando Eurico Antena 1

sábado, 30 de novembro de 2013

Rui Santos demolidor com Fernando Gomes


O presidente da FPF, Fernando Gomes, diz que o processo da “Bola de Ouro não é transparente” e tem razão. Não era e, agora, ainda é menos, porque a sensação que se colhe é que Blatter, agora, quer rectificar um erro (a glosa sobre Cristiano Ronaldo) com outro erro (“promover” a vitória de Ronaldo). 

Mas terá Fernando Gomes legitimidade para falar em transparência quando, sob a sua direcção e patrocínio, nada fez e nada faz para um caso de condenação em tribunal por fraude fiscal (João Vieira Pinto) deixar de brilhar na FPF – uma instituição de utilidade pública? Transparência e credibilidade? 

Perdeu-se a vergonha por completo neste país!

-Rui Santos, jornal Record, 30 de Novembro de 2013

Avram Grant: Messi com a idade de Markovic não era tão forte


António Varela: Benfica e Porto vão vegetando na mais absoluta mediocridade na Champions


A organização da final da Liga dos Campeões atribuída a Portugal foi uma prenda que a UEFA achou justo oferecer no ano do centenário de uma federação que alberga alguns dos figurantes mais animados das competições europeias, que episodicamente conseguem romper com o gigantismo dos poderosos, mas esta época vão vegetando na mais absoluta mediocridade. 

Entre crises de identidade ou decisões estratégicas mal avaliadas, os dois participantes portugueses na fase de grupos da Champions estão em vias de perder a oportunidade histórica de fazer valer o potencial das suas marcas, tipo "portuguese do it better". E não será por falta de vontade dos presidentes que isso acontecerá. Luís Filipe Vieira fez da presença do Benfica na final do Estádio da Luz uma das suas bandeiras mais recentes - tirada entendida como populista e que lhe valeu muitas críticas, agravadas pelo gozo do rival Pinto da Costa, disponível para exigir a presença do FC Porto no jogo decisivo com direito a vitória.

Mesmo relevando a ausência de realismo na projeção vieirista e a brincadeira deslocada do pintismo, a verdade é que os factos são um pesadelo para quem possa alguma vez ter pretensões quanto à definição de objetivos numa Europa futebolística agora a três, quatro ou cinco velocidades.

O Benfica venceu ontem num estádio onde o seu melhor resultado fora um empate e confirmou a participação na fase eliminatória da Liga Europa, mas o apuramento para da Liga dos Campeões depende da influência de terceiros (Anderlecht a roubar pontos ao Olympiacos), para além de um jogo bem-sucedido com o líder ao grupo, Paris Saint-Germain. Cenário mais gravoso se coloca a FC Porto (também já com a Liga Europa garantida), obrigado a ganhar em Madrid e esperar por um desaire do Zenit. Para quem queria uma festa portuguesa no Estádio da Luz, o cenário dificilmente poderia ser mais descoroçoante.

Ilustrativo da penúria portuguesa nas competições europeias desta época é também o facto de o triunfo do Benfica ontem ter significado acabar com um jejum de vitórias que já durava desde 19 de setembro, quando o V. Guimarães derrotou os croatas do Rijeka na 1.ª jornada da fase de grupos da Liga Europa. 

Desde esse dia, as equipas portuguesas disputaram 18 jogos e não venceram nenhum. Até à jornada de Bruxelas, onde acabou uma série negra que reduz a imagem de força do futebol português ao pretensiosismo pequeno-burguês de quem não tem meios para se meter em tão altas cavalarias. 

- António Varela, jornal Record, 28 de Novembro de 2013

José Ribeiro: As diferenças entre Jorge Jesus e Paulo Fonseca


Dois empates caseiros em menos de uma semana fizeram soar os alarmes no Dragão. Um, permitiu a aproximação de Benfica e Sporting, na Liga; o outro deixou comprometida a qualificação da equipa para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Curiosamente, no mesmo período, o Benfica arrancou duas vitórias de aflitos, tanto na Liga como na Champions. Mas houve essa "pequena" diferença": triunfos contra empates. 

Os sinais de quebra do FC Porto eram visíveis há várias semanas, apesar de Paulo Fonseca não os conseguir identificar, atirando para cima do azar todas as causas dos maus resultados. Mesmo agora, confrontado com factos, responde que não acredita em mudanças repentinas. Ora foi precisamente esse o caminho que Jesus escolheu quando começou a sentir que o Benfica não atingia o patamar deseiado. Nenhum deles reconhece os erros, é certo, mas pelo menos o treinador dos encarnados tem procurado soluções de forma insistente. Talvez por isso esteja hoje a fazer o caminho de regresso ao patamar de êxito, enquanto Paulo Fonseca experimenta uma descida ao "inferno".

Desde que se iniciou a época (em rigor, um pouco antes, até), Jesus alterou várias vezes o meio-campo e o ataque. Na maioria das ocasiões, isso ficou a dever-se a lesões. Recorde-se que as águias já estiveram (ou estão) privadas de Salvio, Cardozo, Rodrigo, Djuricic, Markovic, Gaitán, Fejsa, Sulejmani e Ruben Amorim. Não foram lesões simultâneas. Mas obrigaram Jesus a pensar diferente, a criar outras soluções. Também por isso, o meio-campo já foi desenhado de várias formas e com diferentes intérpretes (só Matic e Enzo Pérez fizeram os 10 jogos na Liga). Umas vezes Jesus juntou-lhes Djuricic à frente, Fejsa atrás ou Ruben Amorim ao lado. O ataque já utilizou quase todas as duplas possíveis: Cardozo-Lima, Cardozo-Djuricic; Cardozo-Rodrigo; Lima-Djuricic e Lima-Rodrigo. E até já foi assumido apenas por Cardozo. As opções de Jesus podem agradar ou não aos adeptos. Mas, lá está, ele procura a melhor fórmula e aceita os riscos dessas mudanças repentinas.

São precisamente essas alterações de sistema e de posicionamentos que Paulo Fonseca ainda se recusa a fazer. Fernando tem sempre um colega ao lado, chame-se Defour ou Herrera; o FC Porto joga sempre com dois extremos, sejam eles Varela, Josué, Licá ou Ricardo. E Jackson está sistematicamente isolado no ataque, contando com a chegada de Lucho. Muda nomes, não sistema. Os adeptos reclamam mudanças. E não vale a pena tentá-las? 

- José Ribeiro, jornal Record, 29 de Novembro de 2013

João Malheiro: Receção ao FC Porto na última ronda da 1ª volta afigura-se decisória


Quanto vale um ponto de vantagem na Liga? Pouco, muito pouco. Ou talvez muito, mesmo muito, se recordarmos o desfecho do último Campeonato. O Benfica, a par do Sporting, morde, agora, os calcanhares ao FC Porto. Um ponto? O que vale? Muito ou pouco?

Valha o que valha, importa recordar que estamos ainda com um terço de competição. Como joga o FC Porto? Mal, muito mal. E tem beneficiado de preciosas ajudas da arbitragem, caso assim não fosse estaria distante da liderança. E o Benfica? Não tem sido persuasivo, pelo menos de forma continuada, mas percebe-se que o clima emocional é mais favorável, que o conjunto está mais próximo da rentabilidade que patenteou na última época, exceção feita ao fatídico mês de Maio. 

O Sporting? Está voluntarioso, demonstra caráter e ambição, conquanto sabe-se que não dispõe dos mesmos recursos dos seus principais oponentes.

O que se exige aos benfiquistas nesta fase da prova? Apoio incondicional. O horizonte próximo contempla desafios de alguma envergadura, só que muito suscetíveis de se saldarem em triunfos importantes. A receção ao FC Porto, na última ronda desta primeira volta, afigura-se decisória. Não é de enjeitar que o Benfica receba o seu antagonista na liderança ou a um passo da sua consumação.

O momento é de unidade. Está tudo em aberto e os últimos indicadores são preciosos, fazem recrudescer o clima de entusiasmo. Vamos todos dar um pouco mais à equipa? Não será que a dívida dos jogadores pode ser saldada, atraindo também eles os apaniguados vermelhos? A combinação, a cumplicidade adeptos/equipa é mesmo decisiva. O Benfica justifica, o resultado só pode ser o sucesso. 

- João Malheiro, jornal 'O Benfica', 29 de Novembro de 2013

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Anderlecht 2-3 Benfica: Relato Alexandre Afonso Antena 1

Bruno de Carvalho: Declarações polémicas sobre a Bandeira Nacional podem levar a pena de prisão?


"ARTIGO 332.º do Código Penal
(Ultraje de símbolos nacionais e regionais)


1- Quem publicamente, por palavras, gestos ou divulgação de escrito, ou por outro meio de comunicação com o público, ultrajar a República, a bandeira ou o hino nacionais, as armas ou emblemas da soberania portuguesa, ou faltar ao respeito que lhes é devido, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias."

Fernando Guerra: Jesus está esgotado mas Paulo Fonseca vai ser capaz de erguer a empreitada


Em concreto, sobre Jorge Jesus julgo ter-se esgotado o que havia a dizer. Chegou ao Benfica sem currículo, sem nada de relevante para exibir. Competia-lhe estender uma passadeira a Luís Filipe Vieira e expressar-lhe eterno agradecimento por ter feito dele o que nem ele alguma vez sonhou ser. 

Em vez disso, apesar de ser dono do pior registo na história da águia, na relação contrato/títulos conquistados, insiste em abusar da sua megalomania para contradizer o presidente, colocar-se acima da instituição Benfica e ludibriar o tribunal público. Até ver, é uma questão de tempo...

No que se refere a Paulo Fonseca, o problema é diametralmente oposto, na medida em que em cada frase dita apenas consigo enxergar sinceridade. E acentuada ingenuidade, reflexo de quem acusa as naturais dificuldades suscitadas por promoção tão espontânea e surpreendente quanto gigantesca. 

Acredito que será capaz de erguer a empreitada, mas a herança é ingrata. Talvez precise de rever a sua lógica de discurso, emprestando-lhe firmeza, e de alertar as memórias débeis que uma coisa é dispor de João Moutinho, Hulk ou James Rodriguez, outra, incomensuravelmente diferente, de Licá, Josué, Carlos Eduardo ou Ghilas... Paulo Fonseca jamais podia ter recusado o convite do dragão, mas os riscos são imensos e perigosos...

-Fernando Guerra, jornal A Bola, 26 de Novembro de 2013

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Luís Pedro Sousa: Markovic tem que pedir lições de humildade a Matic


Mesmo defrontando uma das piores equipas do Sp. Braga dos últimos anos, o Benfica não conseguiu ser superior ao adversário, que colocou uma vez mais a nú muitas das fragilidades evidenciadas desde o início da temporada. Os encarnados não têm um sistema tático consolidado, uma matriz de jogo devidamente absorvida pelos seus intérpretes e continuam sem transformar em mais-valias a esmagadora maioria dos reforços.

O Sp. Braga, mesmo somando a quinta derrota consecutiva na Liga, o que só surpreende quem nunca compreendeu o papel que jogadores como Ruben Amorim, Hugo Viana e Mossoró desempenhavam na equipa, só pode penitenciar-se da fífia de Mauro, que permitiu a Matic materializar em golo uma das raras oportunidades de que o Benfica dispôs.
A partida de ontem na Luz fez, aliás, emergir dois sérvios como principais protagonistas, embora por motivos antagónicos. Um que já é, passe o exagero, um decano da casa e se encontra em nítida subida de produção, e um outro recém-chegado, ainda jovem e rotulado de craque, que desrespeitou o treinador interino, Raul José, por não ter percebido que a sua substituição se ficou a dever única e exclusivamente ao laxismo evidenciado em campo.

Markovic, paradoxalmente o único dos reforços que já mostrara qualidade, bem pode pedir lições de humildade e profissionalismo ao compatriota. Matic, que ontem deu 3 pontos ao Benfica mercê de uma inspirada jogada individual, chegou à Luz negociado pelo Chelsea e não pelo Partizan. Preterido de forma sistemática por Javi García, soube aguardar, procurar o seu espaço e agarrar as oportunidades que entretanto surgiram. Depois de um início de época soluçante, já que foi uma das principais vítimas dos constantes acertos tático-estratégicos que Jorge Jesus promoveu, parece agora de volta aos tempos áureos, o que lhe valerá certamente, e num futuro não muito longínquo, o salto para uma liga mais competitiva. O avançado, ao invés, não compreendeu que há etapas a queimar e um estatuto por conquistar... à custa de exibições regulares e compromisso constante.

Mesmo sem ser superior ao Sp. Braga, o Benfica alcançou uma vitória que o coloca a 1 ponto apenas do FCPorto, que, por seu turno, não traduziu em golos a supremacia demonstrada perante o Nacional. Mas, apesar do inquestionável domínio do jogo, Paulo Fonseca continua sem saber resolver problemas também evidentes desde há muito. O tridente do miolo não funciona e as constantes mudanças nas alas em nada beneficiam o coletivo.

-Luís Pedro Sousa, jornal Record

domingo, 24 de novembro de 2013

Afonso de Melo: Estátua de Cosme Damião provocou crise de urticária no Porto


1. Parece que a ideia de erigir uma estátua a Cosme Damião, o grande ideólogo do Benfica, provocou uma crise de urticária a Oeste de Pecos. Habituados a ser favorecidos pela Câmara de Gaia, os seguidores do Madaleno insurgem-se quanto à despesa que possa ser levada a cabo pela Câmara de Lisboa. Possívelmente, e pela sua forma de estar na vida, esperariam que fosse a Câmara de Almada a pagar a obra. Mas registe-se a evolução: para quem sempre desejou ver «Lisboa a arder» (imagine-se o gasto que seria para o erário público) revelar esse tipo de preocupação é de louvar. Esperamos agora que se levante em Gaia uma estátua ao fundador do FC Porto. Se até lá se decidirem por um.

2. Defour é um excelente entrevistado. Depois de ter confessado que mal chegou a Portugal foi proibido pelos dirigentes do seu clube de manter a amizade que trazia da Bélgica com o benfiquista Witsel, vem agora dizer que no «FC Porto se divertem imenso». Acredito. Mas não tanto, com certeza, como no tempo de Hulk e Sapunaru, aqueles moços gaiatos que rebentavam com os túneis e os «stewards» a pontapé. Isso, por mais que o Copiador-de-Livros-Alheios, do alto da sua grande honestidade intelectual, teime em desmentir, é que eram tempos felizes!

3. O presidente do Sporting também é um rapazinho feliz, à sua maneira. Viaja no autocarro da equipa, dá uns pontapés na bola com os profissionais, senta-se no banco de suplentes e embaraça o treinador, já é mais popular do que o Paulinho, essa jóia de menino que não merecia tal desfeita. A sua última tirada foi de estalo. Consta que se dirigiu ao árbitro, Duarte Gomes, dizendo: «Temos de falar, nós os dois!» É de homem! Só posso entender tal frase de duas maneiras: ou como uma ameaça, ou como um convite para tomar um cafézinho. Vai longe... 


- Afonso de Melo, jornal 'O Benfica', 22 de Novembro de 2013

Vítor Serpa: Benfica e FC Porto estão piores que na época passada


Muito provavelmente, o campeonato mais aberto dos últimos anos. Não tanto pelas capacidades dos principais protagonistas, mas pelas insuficiências súbitas e imprevistas. Nem FC Porto nem Benfica melhoraram em relação à última época. Pelo contrário, pioraram. 

Há, agora, a acrescentar no cenário de candidatos o improvável Sporting. Não pelo currículo, não pela História grande que o clube tem, mas pelos tempos recentes que não deixavam prever recuperação tão rápida. Se ganharem hoje, os leões mantêm-se em igualdade de pontos com o Benfica e ficarão apenas a um ponto do líder!

Ontem, o FC Porto não conseguiu melhor do que um mísero ponto, em casa, frente ao Nacional. Foi mais uma noite sem rasgo, sem a qualidade e, especialmente, sem o ímpeto de tempos recentes. Poder-se-ia dizer que melhor esteve o Benfica, que diminuiu a distância para o seu principal rival chegando à diferença mínima, não se desse o caso de ter tido alguma sorte na vitória sobre o Braga e de ter mostrado mais uma vez que, no campo, é bem mais dependente de Cardozo do que do seu treinador.

No fundo, Benfica e FC Porto regressaram de férias forçadas pela gloriosa jornada da Seleção Nacional em piores condições. Foram, ambos, previsíveis e estranhamente vulneráveis. Como há muito não se via.

No Benfica, salvou-se o resultado. Uma vitória, mais ou menos merecida é sempre uma vitória e vale os mesmos três pontos do que uma vitória em jogo da mais elevada nota artística. 

No FC Porto, nem o resultado se salvou. No regresso certamente sacrificado de Pinto da Costa à galeria presidencial a equipa esbanjou pontos que poderão vir a revelar-se preciosos.

Esperemos, hoje, pelo Sporting para ver se os seus jogadores chegaram de férias animados. Aliás, saberem que podem ficar a um ponto do líder já deverá ser suficiente motivação... 

- Vítor Serpa, jornal A Bola, 24 de Novembro de 2013

Ricardo Costa esclarece: Acordo no processo Jorge Jesus está contemplado nos regulamentos


Nada como um caso mediático isto é, um caso envolvendo um clube grande - para descobrir os meandros da "lei desportiva" e desvelar as novidades. Por experiência própria o redijo: só um processo de um grande ou de um grande jogo pode chamar a atenção para aquilo que existe e - se for essa a circunstância - sempre se aplicou antes com o mesmo critério e com igual método a dezenas de outros casos. Nesta época, noutras épocas ou em todas as épocas.
  Vem isto a propósito do "processo Jorge Jesus". Depois de se perceber que a decisão sairia muito antes do Verão de 2014 (ao invés do augúrio dos especialistas), surgiu na imprensa e nos painéis televisivos que o castigo seria 30 dias. 

Para um jurista conhecedor do Regulamento Disciplinar da Liga, isso não significava (com esse detalhe) qualquer futurologia "instruída" sobre a decisão do Conselho de Disciplina (CD) da FPF. Isso só poderia significar uma "informação privilegiada" da documentação chegada ao edifício da FPF: o "acordo" entre o arguido Jorge Jesus e a Comissão de Instrução e Inquéritos (CII) da Liga (o "Ministério Público" do futebol profissional) sobre a infracção e a sanção a aplicar aos factos constantes do processo, dependente ulteriormente da apreciação final do CD. Ilegal? Não. 

Desde 2011 que esta possibilidade de o destino dos processos ser objecto de um "consenso" entre arguidos e a CII está prevista, sob a forma de requerimento conjunto que o CD "ratificará". Corrente? Cada vez mais se verifica os arguidos desportivos optarem pelo caminho do "menor risco", ainda que prescindindo de lutar pela absolvição junto do CD ou do direito de recurso. 

Ilimitado? Não, pois o CD tem que respeitar pressupostos para a "homologação" - por ex., recusa o acordo se não concordar que foi cometida a infracção disciplinar que nele se indica ou se foi outra a cometida.

Entre agressão (punível a partir de 3 meses), conduta "grosseira" (que, havendo "acordo", tinha entre 8 dias a 3 meses como moldura da suspensão) e lutar juridicamente por uma exclusão da sua culpa e em julgamento, Jesus optou pelo caminho intermédio: reconheceu a "grosseria" e propôs ser castigado em 30 dias: a CII concordou; o CD aceitou esse ilícito (requisito imprescindível) e considerou adequada a pena. Assim fez Jesus, tantos outros já fizeram e assim farão muitos outros no futuro. 

Não se trata agora de prever o "verão" dos castigos; antes o de prever o tempo e o modo das "cooperações" na justiça desportiva. Um novo paradigma, portanto. Que ainda escapa a alguns especialistas. 


- Ricardo Costa, jornal Record, 24 de Novembro de 2013

Polémica: Castigo de Jesus foi acordado entre o Benfica e a Liga


O Benfica está de parabéns em relação à forma como conduziu, juridicamente, o "caso Jesus" (em Guimarães) mas tem de agradecer à Liga a disponibilidade que revelou em tirar o treinador do Benfica das garras de um castigo tendencialmente mais duro, nunca inferior a três meses. A opinião pública não entende estes benefícios ao infractor e a integridade do futebol não ganha nada com as sistémicas branduras disciplinares.

Chegaram-me muitas reacções aos comentários que fiz na SIC Notícias, sobre o castigo federativo aplicado a Jorge Jesus, aplicado mediante um acordo entre o treinador dos encarnados e a Comissão de Instrução e Inquéritos da Liga (CII). Conhecia o acórdão do CD da FPF e estava informado sobre as bases em que assentava o acordo conjunto de sanção a aplicar sob a forma de processo especial abreviado que a CII e o treinador do Benfica haviam realizado.

Trata-se de uma decisão polémica, porque o mês de suspensão aplicado pelo CD da FPF, que resulta da homologação do acordo subscrito pela CII e por Jorge Jesus, não tem correspondência com as imagens vistas e revistas, através da televisão, dos acontecimentos em Guimarães em que o treinador do Benfica se assumiu como principal protagonista. Como é isso possível então?

No decurso da instrução, Jorge Jesus apresentou requerimento nos termos previstos no artigo 252 do Regulamento Disciplinar, que lhe permitia acordar na sanção aplicável aos factos indiciados no processo. Perante este requerimento (base legal), a CII considerou estarem reunidos todos os requisitos para a aplicação da sanção prevista no art. 136 (lesão da honra e reputação), cuja suspensão se acha entre o mínimo de um mês e o máximo de um ano. E porquê? Porque Jorge Jesus acedeu em concordar que, mesmo de forma indevida, tentou ajudar o adepto em tronco nu (que todos vimos nas imagens) a regressar às bancadas. Os inquiridos em sede de instrução confessaram uma certa indignação ao 'tratamento desigualitário" que estava a ser dado àquele adepto e que a conduta de Jorge Jesus havia sido motivada por essa indignação, face ao excesso de força utilizado pelas forças de segurança.

Por que razão foi aplicado o art. 136 ("Lesão da honra e da reputação") e não o 131 ("Agressões")? Porque o art. 131 refere que à agressão deve estar subjacente um acto voluntário. A conclusão foi no sentido de não se lograr a convicção de que houve vontade de Jorge Jesus em agredir. Não houve "ânimo de agredir"; ao invés - pode ler-se no acordo - "aquilo a que o arguido dirigia a sua vontade não era a agressão de outra pessoa, mas antes a 'libertação' de alguém que achou estar a ser sujeito a uma força excessiva e lhe pedia ajuda".

Perguntam os leitores: mas então, neste caso, perante os antecedentes disciplinares do treinador do Benfica, não há reincidência e, como tal, agravamento da pena? Há. Na verdade, Jorge Jesus, em função de ter sido castigado em 2011/12, deveria ter sido sancionado com um mínimo de dois meses de suspensão, mas pelo facto de ser treinador (beneficia de uma redução "a um quarto") e de ter confessado a factualidade acima descrita, à CII afigurou-se adequada a aplicação de uma sanção de 30 dias de suspensão, considerando o princípio da proporcionalidade.

Em síntese: é possível que Jorge Jesus tenha "cegado" e não se tenha apercebido da gravidade dos actos que perpetrou em Guimarães, na noite de 22 de Setembro. O contexto em que ele se encontrava, sob enorme pressão, no seguimento do "caso Cardozo", com os adeptos a optar pelo apoio ao paraguaio, não o colocava numa posição de estabilidade emocional. Mas isso não invalida o reconhecimento da factualidade. Jorge Jesus é um grande treinador, mas a justiça desportiva não pode continuar a arranjar expedientes para o proteger. Dos actos e das declarações. Já são muitos os exemplos contraproducentes, que penalizam a sua imagem e a do clube encarnado.

Sem a "colaboração" da CII, Jorge Jesus não escaparia a um mínimo de 3 meses de suspensão.

Assim, e num processo relativamente célere (apontei sempre para este prazo, ao contrário de Pinto da Costa que fez declarações em sentido contrário, prevendo que o castigo só sairia lá para o Verão), o Benfica não contará com o seu técnico no jogo de hoje com o Sp. Braga, e ainda com o Rio Ave, Arouca e Olhanense. Sem dúvida, um mal menor.

NOTA - O DN de sexta-feira utilizava uma "fonte do Benfica" para desmentir a notícia em primeira mão que havia dado no Tempo Extra da Sic Notícias, segundo a qual o castigo de Jorge Jesus tinha sido acordado com a CII, no âmbito de um mecanismo regulamentar. Oficialmente, no Benfica, ninguém o assumiu porque era impossível fazê-lo. O relator do acórdão escreve, inclusive que por princípio a sua posição é "contrária a este tipo de negociação". Negociação, sim. Acordo, sim. O DN foi enganado e não lhe teria ficado mal reparar o erro. 


- Rui Santos, jornal Record, 23 de Novembro de 2013

Video Futsal: Benfica vence Olivais por 5-2

Benfica 1-0 Braga: Golo de Matic com relato de Paulo Cintrão TSF

Benfica 1-0 Braga: Golo de Matic com relato de Nuno Matos Antena 1

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Leonor Pinhão e o castigo de Jesus: Conselho de Disciplina da Liga deliberou bem


Jorge Jesus foi suspenso por 30 dias pela justiça desportiva e só voltará ao banco do Benfica no fim de 2013. Deliberou rápido, em função dos padrões correntes, o Conselho de Disciplina da Liga e, quanto a mim, deliberou bem.
Não podia passar sem consequências o ataque de filoxera que acometeu o nosso treinador nos instantes que se seguiram à saborosíssima vitória do Benfica em Guimarães.

A justiça desportiva entendeu que o treinador do Benfica interpretou gestos grosseiros, à vista de todos, e que proferiu injúrias ao alcance de quem as ouviu e, neste particular, já não foram todos, apenas os circundantes.
Por sua vez, o CD da Liga, depois de ouvir os implicados, decidiu que Jorge Jesus não agrediu nem stewards, nem polícias, nem escuteiros e que também não atropelou nenhum fotógrafo numa eventual fuga para a frente. E mais uma vez vejo-me a concordar com a justiça desportiva. O treinador do Benfica, pelo que as imagens mostram, não bateu em ninguém.

Trinta dias de suspensão parece-me castigo suficiente para que Jorge Jesus, na próxima ocasião em que sinta a percorrê-lo as urgências do motim, pense duas vezes no assunto antes de avançar de peito feito contra as injustiças do mundo.

Admito que os adversários, especialmente os rivais do Benfica, considerem curto o castigo e não demorem a pôr cá fora que o Benfica domina isto tudo não só desde o tempo do Salazar como também do tempo do nosso rei D. Carlos I e último. É deixá-los falar. Ou, à laia de ponto final, digam-lhes que nós sabemos muito bem quem é que manda nisto tudo desde os últimos treze primeiros-ministros.

-Leonor Pinhão, jornal A Bola, 21 de Novembro 2013

Carlos Daniel: Excelente análise sobre a importância da Selecção Nacional

Caricato: Josué explica em inglês porque mostrou o dedo do meio ao público Sueco

Relato de Nuno Matos no Suécia-Portugal faz furor na televisão Brasileira

Jorge Jesus raege à suspensão de 30 dias da FPF e imita Van Damme em anúncio da Volvo

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Rui Dias: Gáitan inventa com a cabeça os milagres que executa com os pés

 

Ainda precisa de calibrar inteligência lógica e inteligência criativa; ser o funcionário que cumpre regras do senso comum e o génio que desestabiliza a rotina. Mas poucos como ele alimentam o futebol como jogo e espetáculo

1. Defende a bola como um tesouro precioso; o corpo utiliza-o para escapar à fúria de carrascos sem pudor mas também para contar mentiras aos adversários; inventa com a cabeça os milagres que executa com os pés, sinal de que há nele coragem física a enfrentar os choques e força moral para querer sempre a bola e tentá-los. Gaitán possui todas as matérias-primas necessárias para tirar gente do caminho: domínio, arranque, velocidade, travagem e saída para onde manda o instinto. É um jogador deslumbrante, que faz cada vez melhor o que deve nas zonas neutras e ilumina a manobra ofensiva, em terrenos e circunstâncias onde espaços e companheiros, existindo, se escondem e até desaparecem em milésimos de segundo.

2. Como passa normalmente a primeira barreira de pressão, conquista vasto horizonte pela frente, que lhe permite expressar a técnica sublime e a infindável capacidade para inventar. Costuma jogar na esquerda mas também pode fazê-lo no meio, assumindo papel de intermediário entre a equipa e o ponta-de-lança; entre o jogo e o golo. Na época passada, em grande parte dos jogos europeus fora da Luz, ocupou essa zona vazia quando a equipa atua com dois avançados e que, em 2013/14, já foi preenchida, em nome de equilíbrio e segurança, juntando Ruben Amorim a Matic e Enzo. Nico não tem o sentido estratégico dos grandes maestros mas por ser habilidoso, veloz e coordenado; por viver na permanente busca de espaços vazios e usufruir de quase todas as armas para fazer a diferença, no meio encontra mais panorama para tomar decisões mortíferas.

3. Aos 25 anos ainda peca por entregar-se a exercícios solitários condenados ao fracasso e pela menor generosidade no apoio defensivo. Mas quando põe tudo em pratos limpos, tira da cartola a iniciativa assombrosa com a bola colada ao pé esquerdo, o passe de morte ou o cruzamento perfeito, como se a glória estivesse, afinal, à distância de um estalar de dedos. Com confiança insolente nas suas capacidades, Gaitán é fabuloso a servir os especialistas do último toque, a alimentá-los expressando a qualidade que interfere no produto final da equipa e na melhoria de quem exerce na sua zona de ação. Na aproximação à baliza é impressionante o modo como vê analisa, decide e executa em centésimos de segundo, como se os quatro passos fossem apenas um.

4. No gráfico de produção no Benfica há demasiados altos e baixos que lhe têm atrasado a afirmação como estrela universal. Ao nível mais elevado, é difícil a vida de quem é regularmente recriminado na queda com os antónimos dos adjetivos que ouviu na escalada. Na quarta temporada com a águia ao peito, Gaitán é dos poucos elementos do plantel encarnado de quem Jorge Jesus ainda não extraiu, em continuidade, toda a excelência do futebol que tem para oferecer. Para se consolidar como um dos mais extraordinários futebolistas da Liga, dono de um pé esquerdo abençoado e senhor de ilimitada imaginação, precisa ainda de calibrar a inteligência lógica e a inteligência criativa; ser o funcionário que cumpre todas as regras do senso comum e o artista que agita e desestabiliza a rotina. Poucos como ele têm arte para alimentar o futebol como jogo e espetáculo. 

- Rui Dias, jornal Record, 20 de Novembro de 2013

José António Saraiva: Varela tem lugar no trio da frente da Selecção


O treinador sueco tinha dito que o jogo de ontem não iria ser um Ronaldo-Zlatan (Ibrahimovic). Mal sabia ele que estava a resumir o encontro: no final, seria Ronaldo 3 - Zlatan 2.

A idolatria incomoda-me, e não gosto do endeusamento que os jornalistas portugueses fazem de Ronaldo. Até porque é desmotivador para os restantes jogadores da Seleção que tenderão a dizer: "Se Ronaldo é o Deus, então ele que resolva". Felizmente isso não aconteceu ontem, e todos os jogadores foram de uma abnegação extrema.

Entretanto, com todas estas reservas à idolatria, devo reconhecer que Ronaldo fez finalmente um jogo ao mais alto nível na Seleção portuguesa. Os três golos que marcou mostram até que ponto se transformou numa "máquina de fazer golos". Abdicou de algumas qualidades que tinha para concentrar toda a sua energia no ataque à baliza.

Perdeu em capacidade de finta, mas ganhou em capacidade de desmarcação, poder de remate com os dois pés, impulsão e jogo de cabeça. E talvez hoje o goleador mais temível do futebol mundial.

Este apuramento para o Mundial também consagrou outro homem que às vezes é apresentado como o "patinho feio" da Seleção, menosprezado por comentadores e odiado por muitos adeptos do FC Porto e Benfica. Mas é uma ingratidão fazê-lo. Paulo Bento pegou numa equipa que Oueiroz deixara de rastos e fê-la renascer. Ontem, a nossa Seleção realizou um dos mais belos jogos que lhe vi fazer.

Num rápido olhar sobre os 23 que irão ao Brasil, direi que Portugal tem poucas alternativas na defesa (para lá dos titulares de ontem não há grandes opções), tem imensas alternativas no miolo (Veloso, Meireles, Moutinho, Josué, William Carvalho, Ruben Amorim, Ruben Micael) e tem pouquíssimas alternativas no ataque. Nani está muito em baixo e Postiga e Hugo Almeida são fraquinhos. Ontem Ronaldo fez tudo, mas não pode ser sempre assim. Julgo que Varela tem lugar no trio da frente.

Agora, na fase final, devemos ter esperança. Muitos dos nossos jogadores vão ter no Brasil o momento da verdade. Patrício, Pepe, João Moutinho, Nani, Coentrão vão ter uma oportunidade irrepetível de provarem ao mundo a sua, qualidade. E isso pode ser decisivo. 

- José António Saraiva, jornal Record, 20 de Novembro de 2013

ARREPIANTE: Suécia 2-3 Cristiano Ronaldo: Relato Nuno Matos Antena 1

Twitter: Gary Lineker menospreza Ribery e rende-se à superioridade de Cristiano Ronaldo


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Video: Jornalista espanhol louco com exibição de Cristiano Ronaldo

Video: Sub-21 vencem em Israel com golos dos Benfiquistas Ivan Cavaleiro, Bernardo Silva e André Gomes

Video: Rui Gomes da Silva oferece foto do Benfica Campeão Europeu em Hóquei em Patins no Dragão Caixa a Guilherme Aguiar


domingo, 17 de novembro de 2013

Bernardo Ribeiro: No FC Porto Cardozo não teria ficado


Cardozo é um jogador com um peso enorme no plantel do Benfica. Não só por estar a realizar a sétima temporada de águia ao peito, o que por si só já levaria a ser visto de forma diferente, mas pelos golos que marca e que muito têm contribuído para a felicidade dos adeptos encarnados. 

É curioso verificar como um ponta-de-lança com os números que o paraguaio exibe não recolhe, ainda assim, a unanimidade da tribo encarnada. Nem nas bancadas na Luz nem sequer aqui na redação. Os motivos poderão ser muitos desde o feitio por vezes pouco simpático à forma de jogar, que dá a ideia de quem tem pouca vontade de se esforçar quando a bola não lhe vai parar ao pé. A verdade é que os que não gostam recolhem trunfos na seleção paraguaia, pois apesar do que faz no Benfica, aí Tacuara não tem presença garantida.

Cardozo é hoje um jogador vital para Jorge Jesus. Foi o regresso do goleador que deu nova vida a uma equipa que parecia caminhar para a sua desintegração. Foram os seus 9 golos em 12 jogos que ajudaram o Benfica a sair da crise e a manter-se vivo em todas as frentes. Valeu então a pena a manutenção do avançado, apesar das tristes cenas protagonizadas no Jamor a temporada passada?

Todos os que olharem para o fenómeno futebolístico apenas como um momento dirão logo que sim. E mesmo outros que percam mais algum tempo a pensar na coisa. Porque não há verdades imutáveis nisto das opiniões, por muito que nos tentem vender que sim. Neste momento todas as leituras são possíveis. Mas poderá dizer-se que um treinador com outra personalidade nunca teria aceite ficar com Cardozo. Mourinho, por exemplo, teria corrido com ele. Por muito menos Balotelli foi a andar, mas acabou perdoado mil e uma vezes por Mancini. Bento seria outro que nunca aturaria a permanência do paraguaio. Há quem lhe chame teimoso, mas onde andam hoje Vukcevic, Stojkovic ou mesmo Carlos Martins? Pois.

O problema não está na permanência de Cardozo. Nenhum jogador é obrigado a sair de um clube por ter problemas disciplinares. Grave é a forma como todo o processo se passou, desde a conduta presidencial às palavras do treinador. Jesus fez saber mais do que uma vez que esperava a resolução do problema. 

Ela não apareceu, não porque Vieira ou o técnico não tenham tentado vendê-lo, mas porque à Luz não chegou nenhuma proposta que justificasse. E o técnico engoliu o que não terá sido fácil de engolir. Tudo está bem quando acaba bem: Resta saber se acaba bem. Por agora vai andando. 

No FC Porto teria ficado? Penso que não. 

- Bernardo Ribeiro, jornal Record, 17 de Novembro de 2013

Imperdível: Hat-trick de Cardozo ao Sporting visto da claque leonina


sábado, 16 de novembro de 2013

Portugal 1-0 Suécia: Golo com relato Nuno Matos Antena 1

Afonso de Melo e a profissionalização dos árbitros: Tudo feito em cima do joelho por gente incompetente


1. O Madaleno, ou a Rainha de Inglaterra, como um dia lhe chamou o presidente do Benfica, é figura influente como poucas no xadrez do Futebol. Talvez por isso não se estranhe que surja nas ocasiões de estadão geralmente ladeado por um bispo e por um eneral (aqui a fazer as funções do cavalo). A idade consome-os aos três de forma dura e duradoura, como é próprio da sua crueldade. E assim os recordaremos, inauguração atrás de inauguração, celebração de centenário inventado atrás de visitas papais: os três juntos, como num galheteiro.

2. Recordar é o termo certo. Não merece a pena acreditar nas fotografias. O que revelam num dia pode ser apagado no outro. O que vale é que, como dizia Iva Delgado, «a memória nunca prescreve».

3. Profissionalizam-se os árbitros à vontade do dono, tal e qual como se albardam os asnos. A partir de agora, qual será o clube que deseja ser arbitrado por um amador se tem à mão um verdadeiro profissional? E os observadores, passarão a profissionais (esta do passarão vem mais a propósito do que pensei a princípio) ou limitar-se-ão a ser amadores que classificam profissionais? E os piores classificados dos profissionais passarão por sua vez a amadores? E os melhores dos amadores? E o presidente dos árbitros vai ser profissional ou já o é? Como tudo o que é feito em cima do joelho por gente incompetente ficam perguntas demais sem resposta. 

Para já, ao que parece, profissionalizam-se meia-dúzia. E que meia-dúzia!!! Um oferece a camisola a um adepto do FC Porto; outro festeja títulos martelados com os jogadores e treinadores do FC Porto... E assim corre o futuro da arbitragem. Com o Azeiteiro-da-Cabeça-d'Unto à frente do galheteiro! Afinal é ele quem manda. 

-Afonso de Melo, jornal 'O Benfica', 15 de Novembro de 2013

Luís Filipe Vieira insultado por adeptos sportinguistas à saída da casa de João Malheiro


Foi no último domingo. Na véspera, o Benfica havia batido o Sporting, na Luz, eliminando, num jogo carregado de emoção, o seu arquirrival da Taça. Nesse dia, minutos antes, em Loures, aonde resido, outro triunfo vermelho, frente ao Sporting, na modalidade de Futsal. Ao cabo de uma parte da tarde de convívio, em minha casa, com o Benfica como pano de fundo, quando Luís Filipe Vieira abandonou as minhas instalações, um grupo organizado de jovens adeptos leoninos, dirigiram-lhe, de forma altissonante, alguns impropérios, demonstrando uma deplorável falta de respeito desportivo, para já não falar do devido esguardo institucional.

Morador em Loures, cidade com inúmeros adeptos benfiquistas, registei o acontecimento com particular lamúria. Da mesma forma, sublinho a postura exemplar de Luís Filipe Vieira, incapaz de responder às provocações, assumindo uma postura dignificante para o líder de uma instituição com a grandeza e o caráter do Sport Lisboa e Benfica.

No dia seguinte, o acontecimento foi notícia. No mesmo dia e nos subsequentes, recebi inúmeras manifestações de solidariedade, repúdio pelos acontecimentos, inclusive de vários aficionados e até sócios de longa filiação na agremiação de Alvalade.

O sucedido vale o que vale. Mas vale, sobretudo, pela serenidade, mais classe de Luís Filipe Vieira. E vale pela selvajaria verbal de simpatizantes do Sporting, clube que tantas vezes apregoa superioridade moral, quando muitos dos seus apoiantes comentam arruaças de absoluta torpeza. 

-João Malheiro, jornal 'O Benfica', 15 de Novembro de 2013