Carlos Daniel: Coentrão seria uma benção para o Benfica

As perguntas repetem-se, enquanto transpira à beira mar o país que respira futebol, na fase do ano em que todos os sonhos são possíveis. Um jovem chamado Romário, recém-chegado ao Arouca , diz que vem para ser campeão.

- Quem substitui James e Moutinho? E o Fábio Coentrão volta? Cissé pró Sporting? Fariña no Braga?

Para o lugar de Moutinho chega Herrera mas no imediato a solução é Defour, melhor jogador do que muitos o pintam, o belga nasceu para jogar naquele espaço entre Fernando e Lucho. Para fazer de James h(aver)á Quintero: cromo repetido na origem colombiana mas também no pé esquerdo talentoso que o recomenda como 10 mas que o sistema portista empurra para a direita. Faltará quem desequilibre, na velocidade, que só Varela tem garantido acelerações desde que Hulk saiu. Bernard encaixa como uma luva, que tem a dimensão da velocidade somada ao talento dos que mudam a história numa arrancada.

Fábio Coentrão seria uma bênção num clube que não lhe encontrou sucessor. Além de craque afirmado é a cara do lateral que Jesus gosta, mais de acelerar que de se conter, de "ir pra cima" no um para um e não de apoiar apenas. Mau seria se a chegada de Fábio marcasse a partida de Matic, que perder o gigante sérvio é mais grave que ficar sem Javi e Witsel ao mesmo tempo. Há um ano escrevi aqui que o Benfica não perdia nada com a saída de Javi, por ter Matic, que era superior. Desta vez é diferente, que no plantel não há parecido e na Europa não há melhor.

O Sporting vai aos saldos e, nessa lógica, Cissé não é mal apanhado. Tem é tudo para aprender, que chegou ao futebol profissional já adulto e precisa de tempo para desenvolver as qualidades naturais: velocidade, poder físico e noção de baliza, bom pé esquerdo. Nunca valerá 60 milhões mas um só Pongolle custou aí uns 20 Cissés, e o guinéu não vai render menos, de certeza. Ainda assim, o poder ofensivo do Sporting dependerá sempre mais da explosão de Bruma (se ficar) ou de Carrillo e da capacidade concretizadora de Montero, mesmo não sendo um 9 puro, mais um segundo avançado que faz golos.


E fala-se de Fariña, um dos meninos do Racing, para o Braga. Seria um luxo com encaixe perfeito no 4x3x3 de Jesualdo. Pode ser 8 ou 10, e tanto baixa para organizar como acelera o jogo e se aproxima do avançado para concluir também. É jogador de equipa grande e seguramente disfarçaria - a prazo suplantaria até, acredito - a orfandade de Viana e de Mossoró.

Sugestão nacional - Kléber para o Paços de Ferreira

Pode ser a última oportunidade de explodir para o (ainda) jovem ponta de lança que o FC Porto acreditou um dia que faria esquecer Falcao. Falhou no Dragão e também não lhe correu bem a experiência no Palmeiras. Vai, no entanto, a tempo de encarreirar, literalmente, de refazer a carreira. Acredito que o Paços estreante na Champions poderia ser o sítio certo, por esse aliciante europeu, por ter um sistema de jogo que pede um avançado com o seu perfil, e um treinador (Costinha) que já provou gostar de um futebol ofensivo e tem um histórico como jogador que o faz perceber depressa as cabeças mais complicadas. Kléber precisa de voltar a sentir-se importante, o Paços precisa de avançado como ele.

Sugestão internacional - Mats Hummels para o Barcelona

Deverá ser Thiago Silva, fala-se em David Luiz, mas Hummels era o central à Barça. Sobre Thiago tem a vantagem da idade (24 contra 28) e da polivalência (também pode ser médio defensivo no sistema catalão), sobre David Luiz um maior equilíbrio emocional e o domínio de princípios (de construção de jogo e de posicionamento) em que o Dortmund se aproxima mais do Barça. É o mais alto dos três (1,92m), tecnicamente não é inferior a nenhum dos outros (no passe longo é notável, como David também é forte). Perderá só na contundência ou agressividade nos duelos, quando tenta resolver em souplesse os lances que pedem "feijão com arroz". Mas aí só Thiago é diferente. E talvez por isso esteja à frente.

-Carlos Daniel, Diário de Noticias