quinta-feira, 25 de julho de 2013

Rui Tovar sobre o Benfica - Peñarol: Muita parra e pouco golo


Em mais um "particular" de rodagem com vista à nova época, cumprido em Portimão, o Benfica não foi além de uma igualdade, denunciando já a habitual propensão atacante, a que não correspondeu, contudo, a desejada eficácia. Foi, no entanto, evidente a grande disponibilidade e à vontade do conjunto, sobretudo das linhas mais adiantadas, onde - Markovic à parte - é tudo gente da pretérita temporada, que, por isso mesmo, se conhece bem.

E se o sérvio foi o único "intruso" do sexteto, a verdade é que não se deu por isso, já que surgiu em grande estilo, jogando rápido e fazendo jogar, como ficou patente no golo que, aos 17', colocou o Benfica em vantagem. Arranque, tabela com Gaitán, recepção perfeita após passe deste e, finalmente, remate a não dar hipóteses a Castillo.

Era a confirmação de um jogador de classe, que só não arrastou consigo o grupo para um triunfo concludente porque o Peñarol empatou a seguir (Rodriguez, 24'), explorando alguma hesitação de Sílvio, um lateral-direito a situar-se uns furos abaixo do seu congénere Cortez, no outro flanco, que, por várias vezes (e ao contrário daquele) apareceu no apoio ao ataque.

Até ao intervalo, o Benfica continuou a mandar no terreno, por força da lucidez de jogo dos alas Salvio e Gaitán, que, desta forma, acolitavam a preceito a tal grande esperança sérvia. Isto enquanto Lima, no eixo, se apresentava como a gazua para os casos mais bicudos. Porém, as várias tentativas, em especial protagonizadas por Gaitán, esbarraram mo muro defensivo contrário.

A 2ª parte foi outra história. E pouca teve pelas substituições (excessivas) levadas a cabo. O Peñarol mudou meia equipa, mas para pior, pelo menos no tocante à agressividade ofensiva. Os uruguaios praticamente abdicaram, neste período, de chegar à baliza de Artur, continuando, assim, o Benfica a usufruir de um maior domínio territorial, mesmo depois das também muitas alterações efectuadas.

Jorge Jesus acabou por substituir toda a gente, começando a dança ao quarto de hora, com a entrada em força da falange sérvia. Mitrovic rendeu Garay, enquanto Sulejmani e Djuricic entraram para o meio, passando este último a coordenar o jogo nas costas de Rodrigo, enquanto Mitrovic passou a actuar mais descaído na esquerda. Já a dupla titular de médios mais recuados (Matic e Enzo) deu lugar a Amorim e, depois, a André Gomes.

Como em geral acontece quando a mudança dos intérpretes atinge tais proporções, o fio de jogo baralha-se e a trama perde consistência. Foi isso que sucedeu, embora o Benfica tenha sido a equipa sempre mais virada para o ataque, merecendo destaque, nesta fase, um superior remate de Djuricic a que Castillo se opôs com uma grande defesa.

Em jeito de síntese, dir-se-á que o Benfica, com um meio-campo e um ataque que dão plenas garantias, tem apenas à retaguarda alguns aspectos que inspiram cuidados e que são, de resto, herdados da ápoca anterior. Mas no mais, tem reforços de grande qualidade, como são os casos sobretudo de Djuricic, Mitrovic e Sulejmani, a fazerem lembrar o melhor que a velha escola jugoslava lançou nos mais exigentes palcos, e, ao mesmo tempo, continua a poder contar com quase todo o plantel do ano passado. A questão é agora conjugar essas duas vertentes, uma tarefa que, apesar da dificuldade da escolha, não se afigura assim tão ingrata.

-Rui Tovar, Sapo Desporto

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