sábado, 30 de novembro de 2013

José Ribeiro: As diferenças entre Jorge Jesus e Paulo Fonseca


Dois empates caseiros em menos de uma semana fizeram soar os alarmes no Dragão. Um, permitiu a aproximação de Benfica e Sporting, na Liga; o outro deixou comprometida a qualificação da equipa para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Curiosamente, no mesmo período, o Benfica arrancou duas vitórias de aflitos, tanto na Liga como na Champions. Mas houve essa "pequena" diferença": triunfos contra empates. 

Os sinais de quebra do FC Porto eram visíveis há várias semanas, apesar de Paulo Fonseca não os conseguir identificar, atirando para cima do azar todas as causas dos maus resultados. Mesmo agora, confrontado com factos, responde que não acredita em mudanças repentinas. Ora foi precisamente esse o caminho que Jesus escolheu quando começou a sentir que o Benfica não atingia o patamar deseiado. Nenhum deles reconhece os erros, é certo, mas pelo menos o treinador dos encarnados tem procurado soluções de forma insistente. Talvez por isso esteja hoje a fazer o caminho de regresso ao patamar de êxito, enquanto Paulo Fonseca experimenta uma descida ao "inferno".

Desde que se iniciou a época (em rigor, um pouco antes, até), Jesus alterou várias vezes o meio-campo e o ataque. Na maioria das ocasiões, isso ficou a dever-se a lesões. Recorde-se que as águias já estiveram (ou estão) privadas de Salvio, Cardozo, Rodrigo, Djuricic, Markovic, Gaitán, Fejsa, Sulejmani e Ruben Amorim. Não foram lesões simultâneas. Mas obrigaram Jesus a pensar diferente, a criar outras soluções. Também por isso, o meio-campo já foi desenhado de várias formas e com diferentes intérpretes (só Matic e Enzo Pérez fizeram os 10 jogos na Liga). Umas vezes Jesus juntou-lhes Djuricic à frente, Fejsa atrás ou Ruben Amorim ao lado. O ataque já utilizou quase todas as duplas possíveis: Cardozo-Lima, Cardozo-Djuricic; Cardozo-Rodrigo; Lima-Djuricic e Lima-Rodrigo. E até já foi assumido apenas por Cardozo. As opções de Jesus podem agradar ou não aos adeptos. Mas, lá está, ele procura a melhor fórmula e aceita os riscos dessas mudanças repentinas.

São precisamente essas alterações de sistema e de posicionamentos que Paulo Fonseca ainda se recusa a fazer. Fernando tem sempre um colega ao lado, chame-se Defour ou Herrera; o FC Porto joga sempre com dois extremos, sejam eles Varela, Josué, Licá ou Ricardo. E Jackson está sistematicamente isolado no ataque, contando com a chegada de Lucho. Muda nomes, não sistema. Os adeptos reclamam mudanças. E não vale a pena tentá-las? 

- José Ribeiro, jornal Record, 29 de Novembro de 2013

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