sexta-feira, 6 de julho de 2012

José Eduardo Moniz diz que Jorge Jesus é um bom técnico e que Vieira conhece bem o negócio


A pré-época do futebol doméstico aí está, com a habitual avalanche de notícias, sobre compras e vendas de jogadores e com o tradicional desfile de declarações de dirigentes, treinadores e atletas sobre as ambições que alimentam. 

A leitura dos jornais desportivos é um exercício curioso, pois exige destreza para se conseguir distinguir aquilo que pode ser dado como contratações garantidas do que não passa de especulação. 

Esta é uma fase do ano desportivo em que há muita gente a tentar usar os jornalistas para veicular interesses vários, nomeadamente os que se relacionam com a valorização de jogadores no mercado, tanto interno como externo. 

FC Porto, Benfica e Sporting são esquadrinhados ao pormenor a poucas semanas do início da temporada oficial. 

É lógico, porém, que as atenções se concentrem, sobretudo, em portistas e benfiquistas, aqueles que, afinal, à partida, se perfilam, de novo, como principais candidatos ao título. 

Já, há meses, tive ocasião de escrever que o FC Porto só foi campeão porque o Benfica o permitiu, desperdiçando, de forma surpreendente, a vantagem preciosa de que chegou a dispor. 

A equipa de Pinto da Costa da última época ficou bem distante, em termos de qualidade e de performance, de outras que vimos atuar no passado, ainda recente. 

A curiosidade reside em saber se o conjunto portista deste ano consegue suprir as carências que se lhe notaram, num contexto em que a provável saída de Hulk só as poderá agravar. 

Quanto ao clube da Luz, vive-se o habitual fogo-de-artifício que consiste em atirar para o ar molhos de nomes de jogadores a contratar e a vender. 

Não será dificil prever que Jorge Jesus só saberá exatamente com quem vai contar, em especial em relação a peças chave como Witsel, Javi, Gaitán ou Cardozo, mesmo em cima do fecho do mercado de transferências.

Obviamente, não é bom, mas tornou-se a realidade em clubes que, ambicionando boa capacidade competitiva tanto cá dentro como lá fora e necessitando de trazer algum equilíbrio ao mar encapelado das suas finanças, precisam de vender bem e comprar ainda melhor, apostando em gente com capacidade de progresso e valorização. 

O futebol já não é só desporto. Infelizmente. 

Luís Filipe Vieira conhece o negócio e, naturalmente, terá de tomar decisões atempadas para que os objetivos da época não acabem comprometidos. 

Independentemente do que venha a fazer em matéria de contratações, necessita também de garantir que as falhas que afastaram o clube do título são solucionadas. 

O acompanhamento próximo do trabalho de Jesus, sem dúvida um bom técnico, mas que se deixa deslumbrar com grande facilidade e comete erros por isso mesmo, é tarefa a que os sócios irão estar atentos. 

Do mesmo modo que a intransigência quanto à qualidade e independência da arbitragem e modernas políticas de relacionamento com a opinião pública e a massa associativa se impõem como elementos estruturantes de uma ambição renovada. 

O sucesso dessa estratégia constituirá a argamassa para o reforço da união entre benfiquistas. 

Em ano eleitoral, o Benfica só terá a ganhar se viver em clima de unidade interna. 

Quanto maior a estabilidade em torno da direção, maiores as chances de uma época bem-sucedida.»

- José Eduardo Moniz, jornal Record, 5 de Julho de 2012

1 comentário:

  1. A seriedade deste senhor é impressionante; há pouco tempo, LFV não prestava para o Benfica, e considerava candidatar-se contra ele; agora, que os estatutos não o permitem, já LFv sabe da poda como ninguém. Que negócios os unem?

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