sábado, 31 de agosto de 2013

Rui Santos: Sporting - Cardozo? Se assim for estaremos perante a vitória do infractor


O dérbi de logo à noite tem uma dimensão psicológica acima do normal: se este Sporting ganha, começará a formar-se em Alvalade a convicção de que, com menos recursos financeiros, é possível formar-se uma equipa competitiva e, com ela, desafiar não apenas outros emblemas (que conseguem ser campeões nacionais com uma estrutura de custos elevadíssima), mas “outros Sportings”, incomparavelmente mais gastadores e esbanjadores. Este Sporting, de Bruno de Carvalho e Leonardo Jardim, tem pois um duplo desafio à sua frente – e a possibilidade de se tornar num exemplo para o próprio futebol nacional. Com as limitações e condicionalismos que todos lhe reconhecem, este Sporting tem muito a ganhar e pouco a perder, embora esteja em causa também não permitir a instalação da ideia de que começa a ser normal “não ganhar ao Benfica”. No passado recente do Sporting, não há talvez ninguém que se tenha batido contra esta ideia da “banalização da derrota” como o actual presidente. Essa corrente existe em Alvalade, ainda não cresceu o suficiente e nada melhor do que um triunfo sobre o Benfica para se começar a acreditar, no reino do leão, que é verosímil a mudança de paradigma.

A pressão está toda do lado do Benfica, porque é assumidamente um candidato ao título, porque não há mais margem de manobra para deixar o FC Porto prosseguir na senda do êxito e porque, não obstante os sinais do passado recente que obrigariam Luís Filipe Vieira a aprender com os erros, formou-se a convicção – adensada com a derrota inaugural na Madeira – de que não foi ainda desta vez que o Benfica preparou, com cuidado e profissionalmente, a entrada em 2013-14. Este “caso Cardozo” é sintomático de uma certa desorientação nas hostes encarnadas.

As componentes financeira e desportiva do futebol não podem ser tratadas separadamente. Não basta fixar o preço da venda. É preciso avaliar os custos de uma não venda, sobretudo num caso de latente conflito. O que é pior: não vender Cardozo por um preço inferior a 15M€ ou ter um jogador no balneário que será sempre uma “bomba” pronta a explodir no colo do treinador?

O Benfica contratou, contratou, contratou. Mas sabia exactamente quem estava a contratar? Isso obedeceu a um plano antecipadamente traçado e aceite por Vieira, Rui Costa e Jesus? Não me parece que esta máquina esteja bem oleada e, como sempre defendi, ao não mexer radicalmente na estrutura – de apoio ao treinador e na defesa da própria SAD – o Benfica corre o risco de se trair a si próprio.

O caso foi tão mal conduzido que se chegou ao limite de forçar Jesus à sua própria contradição: como é que um jogador com cerca de 3 meses de paragem se pode apresentar numa condição física... “surpreendente”, ao ponto de poder entrar nas contas do dérbi desta noite?

O Benfica precisa de ganhar o jogo para beneficiar de um novo fôlego, mas para isso – e a avaliar pela última conferência de imprensa de Jorge Jesus – a aposta é agora num certo “sobrenaturalismo futebolístico”. Tudo indica que há na Luz quem acredite que, uma vez convocado e mesmo sem treinos suficientes nem ritmo de competição, Cardozo entre no jogo de Alvalade para marcar o golo da vitória do Benfica.

Depois do que aconteceu frente ao Gil Vicente – sem esquecer os beijos e abraços –, o Benfica parece apostar na emulação psicológica.

A surpresa resume-se ao Benfica ter permitido alimentar a ideia de que, mais do que um dérbi em Alvalade, esta noite se possa transformar num Sporting-Cardozo. E, se assim for, estaremos perante a vitória do infractor.

NOTA –
João Capela esteve em foco no Benfica-Sporting da época passada. Prémio: dirigir o jogo de estreia do campeão nacional no Bonfim (V. Setúbal-FC Porto). Hugo Miguel esteve em foco (pela negativa) no Paços de Ferreira-FC Porto, uma partida decisiva nas contas do título. Prémio: nomeação para o Sporting-Benfica desta noite. Conclusão: a FPF, não apenas através do Conselho de Arbitragem, premeia o erro. Edificante.

-Rui Santos, jornal Record

6 comentários:

  1. Rui Santos dispara em todas as direções mas nunca nunca critica negativamente o Sporting.
    Quanto à arbitragem sim devia desenvolver mais.

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  2. Porque razão foi ele buscar a arbitragem? ele que diz que os clubes falam demais nas arbitragens! agora não resistiu e quer insinuar o quê?

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  3. Infrator és tu e temos que te aturar (quem atura)

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  4. Primo do John Holmes31 de agosto de 2013 às 17:44

    Eu dou tanta importância ao Rui Santos como dou ao Vitor Serpa ao Guilherme Aguiar ao Miguel Sousa Tavares ao Tavares Teles ao Manuel Serrão ao Jorge Fiel ao Manuel Tavares, ao Miguel Guedes ao Bonifácio ( o novo palhaço rico, representante do futebol corrupto do porto na BolaTV ) e todos os cães amestrados da nossa C.Social, que pouco tem a ver com uma verdadeira C.Social imparcial, responsável, independente onde a separação de poderes é real não uma verdadeira farsa, ou seja, para mim, é como se não existissem ...

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  5. ruizinho, queres é pila e das grandes e nada mais. Falas muito da verdade desportiva mas só falas de coisas sem importância. De corrupção penalties inventados em cada jogo dos corruptos ficas caladinho. Não passas de um borra bota a dar numa de honesto, mas a dar lastro a corruptos trauliteiros.

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  6. Não critica os corruptos porque senão os macacos dos cavalos enfiam-lhe o microfone pelas náldegas acima.

    Tem memória de leão porco selectiva.

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