quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Luís Freitas Lobo e os problemas defensivos do Benfica: Problema não é Cortez mas sim toda a equipa


Quando se diz que uma equipa tem problemas defensivos pensa-se logo nos seus defesas (e respetivo setor) como principais responsáveis pela situação. É o mais natural, mas nem sempre é assim. 

O processo defensivo tem segredos mais profundos e começa/baseia-se noutros pontos. Nas equipas pequenas, aquelas que passam a maior parte do tempo sem a bola, em organização defensiva, mais recuadas, a importância da qualidade e colocação do setor defensivo é, de facto, o fator mais relevante, mas se entrarmos no mundo das equipas grandes a questão muda substancialmente de perspetiva, pois essas estão na maior parte do tempo com a bola e a defesa subida. 

Assim, na maioria do jogo, a base do processo defensivo está mais na reação à perda da bola (transição ataque-defesa) e saber como travar contra-ataques adversários.

Ou seja, numa equipa grande os problemas defensivos não são resultado da forma como defende, mas sim sobretudo da forma como... ataca.
As críticas que têm sido feitos às falhas defensivas do Benfica (sofrendo mais golos do que o habitual) e, especificamente, às lacunas do novo lateral-esquerdo Bruno Cortez, são uma boa forma de perceber este estranho mundo tático-defensivo.

Jesus referiu que ele «não está habituado aos momentos defensivos da equipa». Referia-se ao trabalho específico que é necessário fazer com um bom jogador mas habituado a interpretar uma posição (lateral-esquerdo) numa base totalmente diferente, a sul-americana, onde, sem extremos, os laterais olham mais o flanco para atacar, sem ter a colocação defensiva como principal base.

Mais uma vez, o problema não nasce da forma como um jogador defende, resulta da forma como ele ataca, ou melhor, de como ele reage depois desse ataque terminar. Uma necessidade de recolocação/reorganização defensiva que se estende a todo o onze, meio-campo/defesa sobretudo.

A forma de atacar deve contemplar de forma rigorosa os comportamentos individuais/coletivos do momento de perda da bola. O Benfica (inclusive em épocas anteriores) é uma equipa empolgante a atacar (pela velocidade e movimentação) mas revela depois demasiados desequilibrios pós-perda da bola. 

Repare-se que não é um problema defensivo de organização. Nessa altura, a equipa coloca-se bem. É um problema de... reorganização. É muito diferente. 

E isso resulta de como se ataca (sem pensar taticamente na defesa) e não da como se defende no sentido tático-restrito do termo.

A questão do sistema, sua eventual alteração (de 4x1x3x2 para 4x2x3x1, com entrada de mais um médio) não resolve o problema porque este está preso essencialmente a um momento do jogo que, fazendo parte do modelo, tem a ver com princípios de jogo (comportamento/movimentos dos jogadores) e não com a sua mera ocupação inicial do espaço. 

O problema, portanto, não é de Bruno Cortez e sua natureza de jogo. É global de toda a equipa e dos olhos defensivos dos seus... ataques. 

- Luis Freitas Lobo, jornal A Bola, 7 de Agosto de 2013

2 comentários:

  1. Quando um porko grunhe, não se deve ligar ao ronco.

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  2. Vamos aguardar o início do campeonato e ver o que a equipa rende tanto no seu colectivo como no individual.
    A entrada de novos jogadores cria sempre uma grande dúvida,mas os Benfiquistas tenham em mente,que todos eles têm uma enorme progressão devido á sua idade.Espero e desejo o apoio de todos a favor da equipa,embora reconheça que a pré-época deixou muita apreensão na massa associativa do Glorioso.

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