sexta-feira, 23 de agosto de 2013

João Querido Manha desmascara aproximação de Pinto da Costa a Mário Figueiredo


O clássico circuito de relações do futebol português nunca nos surpreende. Menos de seis meses depois de ter abjurado, tripudiado e deixado ameaças veladas à Liga por causa de uma questão meramente disciplinar que pôs em causa a continuidade da equipa na Taça da Liga, o presidente do FCPorto deixou-se fotografar numa tribuna presidencial com o outrora “candidato do Marítimo”. Aconteceu na mesma tribuna e poucos dias depois de ter deixado o presidente da Federação de mão estendida. Não podia ser mais explícito.

As relações de poder nesta divertida família gerem-se pela velha máxima da política de que é preciso fazer mudanças para que tudo fique na mesma.

Depois de ter provocado um cisma interno e o caos entre os aliados ao apoiar a candidatura de Mário Figueiredo, por razões difíceis de entender, o Benfica tirou-lhe o tapete ao tornar impossível de viabilizar a principal promessa eleitoral daquele, a da centralização dos direitos de televisão. Estavam unidos no objetivo de combater Joaquim Oliveira, mas os processos não podiam ser mais antagónicos.

Mas a concretização e aparente sucesso do projeto encarnado tornou-se assustadora para os principais adversários, ao reduzir o campo de manobra do controlo das imagens e da informação, que durante tantos anos esteve sob alçada do mesmo sistema. A única forma de combater esta força é recuperar o protagonismo entre os clubes. E a melhor forma de o conseguir poderia ser o dar a mão a um presidente de Liga à beira do precipício, depois de perder consecutivamente todas as ideias de reforma que foi lançando, desde os direitos de TV aos quadros competitivos, sem esquecer a falência da Taça da Liga, que já quis extinguir depois de a ter vendido a uma televisão por valores abaixo do futebol feminino ou do futsal.

Tratando-se de um “homem do passado”, como o presidente do FC Porto chamou a Mário Figueiredo no momento da eleição, fica por entender o que tem a oferecer, para lá de uma nova frente contra o Benfica, pois colide com os interesses de Joaquim Oliveira, acionista de referência dos clubes principais. Na verdade, parece mais uma boleia caridosa antes da estocada final, como uma última vontade de um condenado. O presidente da Liga está isolado, preparando-se para deixar a instituição sem concerto e sem futuro, no final do mandato.

A menos que do horizonte sombrio lhe tenha saído ao caminho um anjo salvador, um amigo para a ocasião.


-João Querido Manha, jornal Record

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