sábado, 25 de agosto de 2012

Rui Santos diz que Jesus não tem margem de manobra


Pode parecer um paradoxo, porque todos já se conhecem bem melhor, mas Jorge Jesus tem a vida dificultada nesta sua quarta época ao serviço do Benfica. 

O seu êxito na Luz foi demasiado rápido, aquilo que se quer e se pede, de acordo com as visões imediatistas dos dirigentes do sul da Europa. 

Chegou ao Benfica e, quase instantaneamente, montou uma equipa, definiu um padrão e uma matriz de jogo. Não deu tempo a que se colocassem dúvidas e interrogações. Fez o que achava que tinha de fazer e, não dando tempo a si próprio, não deu tempo também aos eventuais contestatários.

Colocou o Benfica na rota das vitórias, com um futebol moderno e atractivo. A Luz encheu-se para ver o Benfica-da-pressão-alta, espectacular e mandão. 

Um Benfica, indiscutivelmente, com a "marca JJ", resultante das vivências de um treinador apaixonado pela "escola holandesa", que andava desaproveitado em equipas de menor dimensão. 

Também por isso Jorge Jesus não teve tempo para compreender, de imediato, todas as valências correspondentes a um clube de futebol com a dimensão do Benfica, e terá tido os seus momentos de deslumbramento, absolutamente normais para um técnico pouco habituado aos holofotes da ribalta. 

Jesus teve de fazer o seu caminho, aculturando-se e exibindo também alguma dificuldade e nesse trajecto exibiu sinais de intolerância, exteriorizou alguns gestos menos próprios, até recentes (Dusseldorl), convencido de que o seu amor à profissão, o nível de convicções e o conhecimento futebolístico seriam suficientes para lidar com seus próprios défices e as limitações da estrutura.

O êxito da sua primeira época no Benfica convenceu, totalmente, Luís Filipe Vieira. E Jesus conquistou poder na Luz. Não havia nada, do foro futebolístico, que não passasse por ele. 

São conhecidas as declarações a dar conta de conversas pela madrugada com Jesus a recomendar jogadores ao presidente. Esse tempo caducou porque, entretanto, as duas épocas que se seguiram diminuíram o efeito do impacto da primeira época. 

Não foi apenas a questão (da perda) do título. Foi a questão de um Benfica espremido até á medula. Foi a sensação de um Benfica subitamente rebentado. Foi acima de tudo o Benfica a soçobrar perante o FC Porto. 

De repente, ao fim de três épocas, estava tudo posto em causa. O estilo de jogo, as opções, a gestão técnico-táctica e fisica. 

Já Rui Costa tinha levado um "chuto para cima", já Carraça havia sido destacado como elo de ligação entre o treinador e o presidente, já a estrutura tinha sido aparentemente retocada de modo a fortalecer a liderança do chefe da equipa técnica. 

No final da época percebeu-se que as dúvidas tinham assaltado, igualmente, o presidente sobre a utilidade de Jesus no Benfica. 

Houve um compasso de espera que desgastou imenso a figura do treinador.

Talvez porque Vieira não tivesse conhecido êxito nas diligências para substituir Jesus, o "voto de confiança" acabou por surgir novamente. 

Depois, acontece o que e habitual nestas circunstâncias: o desgaste existe, é indisfarçável e condiciona o diálogo. 

Não acredito que a deficiente arquitectação do plantel para 2012/13 seja uma prova de incompetência ou desconhecimento. Só pode ser diálogo insuficiente.

A manobra de Jesus é, muito pequena. Amanhã, no Bonfim não pode falhar. É que Vieira está em ano de eleições e pode precisar desse "trunfo" para calar as hostes.» 

- Rui Santos, jornal Record, 25 de Agosto de 2012

3 comentários:

  1. O Palhaço até tem razao ...

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    Abraço
    contra-ataque1.blogspot.com

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  2. Boas,

    Apesar deste senhor ser um "cata-vento", concordo com esta opinião.
    A principal questão é que o proprio JJ já se apercebeu e não pára de demonstrar o seu caracter. O homem pode parecer retardado, mas tudo me leva a crer que nos anda a enganar a todos... Mais uma vez utilizou uma C.I. para se desculpar de mais uma decisão ridicula e da sua inteira responsabilidade. Desta vez resolveu questionar os jornalistas em termos técnico/tacticos com o intuito exclusivo de sacudir a agua do capote quando afirma que o Melgarejo falhou na execução tecnica e nunca na execução tactica, resumindo. O culpado não fui eu, foi ele!!!
    Quando um dia se lembrar de colocar o Cardozo a guarda-redes, vai dizer que as bolas entram porque o paraguaio salta pouco...

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  3. Aceito estas críticas porque infelizmente acho que ele tem razão.

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