sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Leonor Pinhão: "O Benfica venceu fruto da expulsão? Foi fruto e não... fruta"


O Benfica A também esteve bem no fim de semana. Foi a Setúbal golear o Vitória por uma mão cheia de golos, apresentou bom futebol e uma dupla interessante lá na frente, Salvio e Rodrigo. 

É certo que beneficiou de jogar com mais um em campo do que o Vitória durante 82 minutos mais os tempos de desconto, fruto da expulsão mais do que merecida de Amoreirinha num daqueles lances que se for visto tranquilamente num jogo de futebol estrangeiro em que todos somos imparciais, o veredicto estabelece-se por unanimidade: este tipo tem de ir para a rua já. 

O Benfica teve a vida facilitada em Setúbal, fruto da expulsão de Amoreirinha, teve sim senhor. Mas, atenção, esse benefício da superioridade numérica do Benfica foi fruto, não foi fruta, o que seria uma coisa completamente diferente e que no caso, francamente, não colhe, por muito que venham agora os seus adversários letrados insinuar, sem grandes rodeios, que Amoreirinha se fez expulsar de propósito para, traindo os companheiros e quem lhe paga, oferecer a vitória de mão beijada ao adversário. 

Enfim, uma espécie de tragédia grega que deve fazer parte do reportório corriqueiro de outros palcos pelo modo tão insípido e acintoso como alguma crítica mais especializada tratou de dissecar o momento do minuto 8 do espectáculo do Bonfim. 

E nem sonham os caluniadores do Amoreirinha (de apelido) que o jogador é Eurípides (de nome próprio) provavelmente em preito ao grande poeta e dramaturgo grego do século V antes de Cristo que se chamava Eurípides e que é o autor de uma frase que, dois mil e quinhentos anos depois de ter sido escrita, explicaria na perfeição todo o caso passado no sábado com o Eurípides contemporâneo: «Um amigo seguro revela-se na adversidade.»

Convenhamos, no entanto, que a adversidade não era coisa do outro mundo aos 8 minutos do jogo, com o resultado em 0-0 e com tanto tempo para jogar.

Mas tudo serve para compor tragédias mesmo quando o que faz a diferença no topo da tabela é aquela coisinha mínima e singela do goal-average. 

Golo à Braz, como escreveu há muitos, muitos anos um colaborador deste jornal, apreciador de bacalhau certamente, no mais fabuloso momento de tradução fonética de que há memória na imprensa desportiva e que faz parte do melhor anedotário de A Bola. 

Coisas antigas. E de anedotas, por hoje, estamos conversados.(...)» 

- Leonor Pinhão, jornal A Bola, 30 de Agosto de 2012

1 comentário:

  1. A Leonor Pinhão também gostaria de fazer parte da tão relatada fruta. Embora madura talvez tenha sido desaproveitada...

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