quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Rui Santos critica politica de contratações do Benfica


Há clubes em Portugal que têm dezenas de jogadores profissionais sob contrato. Não faz sentido. Com equipas ‘B’, não se justificaria tanta polémica com os ‘emprestados’, se as reformas estruturantes viessem acompanhadas de uma mentalidade diferente. Infelizmente não: a mentalidade é a mesma e não vai mudar tão cedo.

Veja-se o caso de Nélson Oliveira, que acaba de ser emprestado pelo Benfica ao Deportivo da Corunha.

Pelos vistos, não cabe entre as soluções imediatas para o ataque do Benfica, que tem Cardozo à cabeça e ainda Rodrigo e Saviola a fazerem-lhe sombra. Como não acredito que Kardec, Yannick Djaló, Hugo Vieira, Rodrigo Mora ou Michel possam ser colocados no mesmo saco, julgo ser legítimo concluir que Jorge Jesus pensa fazer a despesa da época com Cardozo, Rodrigo e Saviola na ‘zona do ponta-de-lança’, ‘assessorados’ pelos muitos jogadores de inspiração ofensiva que o Benfica tem do meio-campo para a frente (Salvio e C.ª), a menos que ainda esteja a caminho outra solução para o espaço ofensivo, o que seria um disparate.

Talvez Jorge Jesus tenha concluído que foi prematuro o lançamento de Nélson Oliveira na época passada, em detrimento de Saviola, que passou de ‘indiscutível’ (no ano do Benfica campeão) a ‘não convocado’. Talvez Jorge Jesus esteja a pensar que a manutenção no plantel de Cardozo vai dar muito poucas hipóteses àqueles que se sentarem no ‘banco’. Em tese, sim, mas nunca se sabe, por causa das lesões e dos castigos. De resto, nem Saviola nem Rodrigo são substitutos directos de Cardozo. São ‘segundos pontas de lança’. Pelo que, no actual plantel do Benfica, apenas Kardec pode figurar entre as ‘referências fixas’ no ataque. O empréstimo de Nèlson Oliveira também pode passar por aí.

Seja como for, atente-se nas condicionantes da equipa B. Serve para jogadores com pouca ou fraca competição; não chega para jogadores ‘internacionais’ com 20 anos, já com alguma tarimba. Não chega para Nélson Oliveira. É preferível colocá-lo no futebol espanhol, num clube médio, onde possa jogar com alguma assiduidade. Conclusão: as equipas B não resolvem tudo, e podem rapidamente transformar-se num flop, se não houver ‘vontade política’ de as credibilizar. Serão os próprios jogadores a ‘boicotar’ as equipas B. E não nos esqueçamos que este projecto já ‘abortou’ uma vez na história do futebol nacional...

Este ‘empréstimo’ é realizado com a intenção de ‘ganhar’ Nélson Oliveira para a próxima temporada. Mas se é assim fica claro que a sua utilização na época passada não resultou de uma estratégia (havia intenções de o vender tão cedo?!) mas de um conjunto de acasos ou de ‘feelings’. E, na verdade, o Benfica parece estar sem estratégia em matéria de aquisições. Um treinador ‘menos ligado’ ou uma ‘estrutura’ desgovernada a tomar as rédeas do pelouro das aquisições? Ou serão... as duas coisas?!

-Rui Santos, site Relvado, 31 de Julho de 2012

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