quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Carlos Daniel: A gestão do esforço e o super Bayern


Quem gosta dessas contas deu-se ao trabalho e parece que sim, que Jesus tem razão e que quem sai mais cedo das provas europeias fica - estatisticamente - mais perto do título. Mas só na última década o FC Porto ganhou três provas europeias e foi campeão nacional também, o que mostra que a estatística no futebol não é uma batata, mas às vezes parece. O que parecia uma verdade absoluta até há uns anos, desde que Bela Guttman assumiu há uns 50 que não tinha "rabo para duas cadeiras", é agora uma mentira relativa, que o jogo mudou, o treino evoluiu e as equipas técnicas foram alargadas ao metodólogo, ao recuperador, ao nutricionista, até ao psicólogo e ao motivador.

A questão de fundo é gerir o desgaste, e só há duas maneiras: ou pelo aumento do número de opções ou pela forma de treinar/recuperar. Neste último caso entra a competência dos técnicos mas dependerá sempre da sorte, por exemplo a de não perder Jackson, no FC Porto, ou a de ter sempre Matic. André Almeida ou André Gomes tinham de viajar ao futuro para ser Matic; Liedson precisava de um regresso ao passado para fazer de Jackson. Uma boa equipa faz-se com um grande jogador por posição, um grande plantel faz-se com boas alternativas para todas elas. Em janeiro, o FC Porto aumentou as opções mas o ataque permanece coxo, enquanto o Benfica precisa que Martins e Aimar deixem de jogar ao pé coxinho porque o médio necessário não chegou.

Exemplo de um grande plantel? O do Bayern de Munique, capaz de ganhar dentro (está garantido) e fora de portas. 

Com meia equipa em repouso deu chapa 6 ao Bremen. À frente de Neuer, os titulares são Lahm, Boateng, Dante e Alaba mas também podiam ser Rafinha, Van Buyten, Badstuber e Contento. Os pivôs são Javi Martínez e Schweinsteiger, mas há ainda Tymoschuk e Gustavo, com Kroos à frente. 

Para a direita têm Muller e Robben, para a esquerda Ribery e Shaqiri. 

Na frente, Mandzikic mandou para o banco Mario Gomez (!) e ainda sobra Pizarro. É impressionante. E joga bem, com largura como poucas equipas têm, jogo exterior demolidor com dois laterais-ofensivos do melhor que há, Ribery numa segunda juventude à porta dos 30 anos, meia distância que ganha jogos, pontas de lança poderosos, de referência mas móveis e com qualidade técnica. 

Será o futebol na sua essência de simplicidade, dirão alguns, como prova de que quem tem os melhores jogadores está mais perto de ganhar. 

É mais que isso, é escolher com critério, segundo uma forma de jogar, atrativa e previamente definida. 

É mais fácil com um livro de cheques no bolso? Claro. Mas também há quem gaste mal. 

E não foi por acaso que entre o Bayern e Guardiola foi o treinador que escolheu o clube e não o contrário.

-Carlos Daniel, Diário de Noticias

1 comentário:

  1. Ow Carlos Daniel,mas se preciso for temos o Povoas,k esse sim,é o grande conhecedor do treino...

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