Siqueira: Não teria sido boa ideia ter vindo antes do FC Porto ter 5 pontos de avanço?

Agora que o mercado de transferências do futebol fechou (até janeiro), é conveniente que cada clube consiga fazer boa análise das soluções encontradas.

De entre quem mais tem de refletir encontra-se, em Portugal, o Benfica: depois de chegar ao fim do campeonato com uma derrota; de o ter perdido por apenas um ponto; de ter ido à final da Liga Europa; de ter chegado à final da Taça de Portugal e de ter vendido apenas um dos seus titulares - Melgarejo, pois Luisinho nem era opção - contratou 13 jogadores. Só em futebolistas cujos valores de transferência são conhecidos, investiu mais de 30 milhões de euros, recebendo nove milhões, entre os nove jogadores do plantel principal que abandonaram o clube.

Poderia argumentar-se que daqui há de nascer uma equipa mais forte, até que dentro de uns meses, estes milhões investidos valerão 10 vezes mais - neste momento é impossível avaliá-lo. É bem possível que sim.

A questão essencial, no entanto, pode muito bem vir a ser outra. Depois de vários anos em busca de um lateral-esquerdo de qualidade, o Benfica teve, agora, de recorrer a Siqueira para fazer as vezes de um ainda inadaptado a Portugal Bruno Cortez. 

À partida parece boa opção, mas talvez quem decide venha a ser confrontado com a mais terrível das perguntas: entre tantos milhões investidos, não teria sido boa ideia trazer um defesa-esquerdo antes de o FC Porto ter 5 pontos de avanço à terceira jornada? - não, a culpa não é (só) de Cortez, também de um Maxi Pereira a viver há alguns meses o pior momento de forma desde que chegou a Portugal (e sem laterais não há equipa que ganhe).

PS - Bem perto da luz, o Sporting finalmente encontrou o caminho na gestão do plantel: reforços baratos, pois falta dinheiro, e aproveitamento inteligente da formação. Noutro ponto de Lisboa, um Belenenses carente de qualidade, reforçou-se com jovens de 19 e 20 anos. Risco enorme! 

- Nuno Perestrelo, jornal A Bola, 4 de Setembro de 2013