quarta-feira, 27 de março de 2013

Manuel Alegre diz que Paulo Bento é fraco e tem vistas curtas


Escrevo poucas horas antes do jogo com o Azerbaijão. Estou, como sempre, a torcer pela vitória da Selecção. Sei, por experiência própria, como nestes dias os emigrantes portugueses gostam de empunhar a bandeira, cantar o hino e festejar a vitória. Mas também sei como cada derrota aumenta o sentimento de desenraizamento e humilhação dos portugueses espalhados pelo mundo, muitos dos quais, sobretudo os já nascidos nos países de acolhimento, descobriram o orgulho de ser portugueses através das vitórias desportivas de alguns grandes atletas e, sobretudo, da sua selecção de futebol. 

Por isso eu sei a frustração que seria, quer para os que vivem lá fora, quer os que hoje sofrem cá dentro as imposições da troika, o não apuramento da Selecção para o Mundial no Brasil. 

Por isso estou nervoso e inquieto, como estava, e com razão, antes do jogo de Israel, o meu amigo Vítor Serpa... É que esta Selecção está irreconhecível.

Quero dizê-lo agora, mesmo que o resultado de hoje seja, como desejo, uma vitória. Escrevo no momento em que Paulo Bento, na véspera de um jogo tão importante, arranjou mais uma polémica, desta vez com Pinto da Costa, pensando talvez que vai ter com ele todos os benfiquistas e merecer os aplausos dos que, com simplismo, exaltarão a sua firmeza. 

Eu sou benfiquista mas, por uma vez, partilho as dúvidas do presidente do Porto. 

Não sei se João Moutinho está ou não a cem por cento. E o mesmo se diga em relação a Raul Meireles e outros jogadores, sempre convocados, sempre efectivos, independentemente de jogarem ou não nos seus clubes e de estarem fora de forma. 

Paulo Bento escolheu aquela equipa, sempre a mesma, para qualquer jogo e qualquer circunstância. É o clube de Paulo Bento. Ponto final. 

Ele é firme, não transige, não gosta de críticas e não aceita intromissões. O problema está em saber se, como é vulgar entre nós, não se tem confundido autoridade com autoritarismo, firmeza com intolerância e determinação com teimosia. 

Continuo a não estar suficientemente esclarecido sobre os casos Ricardo Carvalho e Bosingwa. Continuo a não compreender porque não se renovou mais a Selecção, porque não se convoca um Nélson Oliveira, um Hugo Vieira, um Hugo Viana, um André Gomes, etc. 

E considero inaceitável o discurso de Israel, em que aponta como meta a uma das mais cotadas selecções do mundo a conquista do segundo lugar. 

Paulo Bento cultiva, com muitas cumplicidades e alguma complacência, a sua imagem de duro e intransigente. Creio que é sinal de fraqueza e vistas curtas.

E creio que essa imagem e esse perfil não se adequam a uma Selecção cujo estatuto necessita de um estado de espírito mais aberto, mais criativo e menos conflituoso. 

Eis o que queria escrever cinco horas antes do jogo de hoje. Posto isto oxalá Portugal vença e Paulo Bento mostre, pelo menos logo, que tem razão contra o que penso. 

Mas seja qual for o resultado, é minha convicção que, para estar no Brasil, é preciso mudar. Nas escolhas, no sistema de jogo, na atitude. É preciso, enfim, uma cultura de Selecção.»

- Manuel Alegre, jornal A Bola, 27 de Março de 2013

4 comentários:

  1. Este Manel deixava-me alegre era se estivesse calado e LONGE!

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  2. o joao moutingo nao esta bem?mas aposto que vai jogar este fim de semana...ele sabe mais que a lucia

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  3. Ai estão eles ... apontem-lhes os microfones e os holofotes, donos do tempo de antena, são sempre os mesmos a debitar opiniões como se fossem donos da verdade. Futebol é o ópio do povo e este algre além de triste é um chulo do caralho, um parasita. Farto desta gente!!!

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