terça-feira, 8 de outubro de 2013

Luisão, em vez de correr pelo presidente, deve é correr pelos adeptos

 

Terminado o jogo com o Estoril, Jorge Jesus, em tom compreensivelmente aliviado, apressou-se a dizer que o "mais importante era a vitória", para logo acrescentar que o Benfica tinha "vencido um jogo difícil", num terreno onde os "adversários diretos perderam pontos". Em circunstâncias normais; a declaração faria todo o sentido e, verdade seja dita, o treinador do Benfica não podia dizer algo de diferente no rescaldo da partida. Esse é precisamente o drama.

O problema do Benfica hoje não é apenas a perda de pontos face a adversários mais fracos, é também uma questão anímica. De tal forma que, tudo somado, os resultados até têm sido melhores do que as exibições - como acabou por ser o caso na Amoreira ou em Guimarães com o Vitória.
Há, até ver, uma grande diferença entre esta temporada e as anteriores com Jesus ao leme. 

Nas últimas quatro épocas, o Benfica, quando não teve bons resultados, ainda assim apresentou um futebol exuberante e uma enorme capacidade de criar oportunidades de golo. O cinzentismo que acompanha as exibições do melhor plantel dos últimos 30 anos contrasta com o futebol dinâmico dos anos anteriores. Estamos perante um problema que não se resolve apenas com resultados. O Benfica precisa de ganhar, mas precisa também de jogar futebol. Coisa que, manifestamente, não tem feito. 

A sensação com que se fica é que equipa e treinador ficaram presos ao fatídico mês de maio. Resta saber se, depois das derrotas na praia e do caso Cardozo, Jorge Jesus será capaz de se libertar do espetro do mês de maio. Até agora, não foi.

P.S. Eu gostava que os jogadores, começando pelo capitão de equipa, em lugar de correrem pelo presidente, corressem pelos adeptos. Até porque jogadores e dirigentes, mesmo que venham a fazer parte da memória do clube, passam, enquanto o Benfica e os benfiquistas ficam. O Benfica somos "nós", sócios e adeptos, e não um capitão circunstancial, por mais empenhado que seja (e é), ou um presidente, por muito mérito que tenha (e tem). 

- Pedro Adão e Silva, jornal Record, 8 de Outubro de 2013

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