sexta-feira, 18 de outubro de 2013

António Varela ataca Paulo Fonseca: Perdeu vontade própria e tem falta de fair play


Ninguém percebeu exatamente qual o nível de detalhe que Paulo Fonseca exige para poder observar a cuspidela de Josué em Luís Dias do Arouca, mas tornou-se óbvio que, depois das declarações feitas ontem, nem o microscópio mais potente lhe permitiria alcançar a precisão do jato salivar. Simplesmente, o treinador do FC Porto recusa ver aquilo que os órgãos disciplinares entenderam punir com um jogo de castigo e 383 euros de multa.

A penalização de Josué foi curta, mas o alcance das palavras de Paulo Fonseca é longo. Na verdade, há fenómenos que jamais mudarão, tal o nível de aculturação dos profissionais contratados pelo FC Porto, por muito encartados que sejam. Perdem vontade própria, deixam até de ver aquilo que não lhes convém: faltas inexistentes a punir o V. Guimarães; comportamentos reprováveis dos seus jogadores. Mas não deixam de ampliar o que lhes fere a alma: penáltis inventados no Estoril; golos em fora-de-jogo do Atlético Madrid. A isto chama-se falta de fair play, desrespeito pelo adversário e pelo público.

Nesta errância não entrou Leonardo Jardim, ao declarar cruamente que os treinadores dos três grandes não devem queixar-se das arbitragens, por serem normalmente os mais beneficiados. E não poupou nas palavras: "Seria uma hipocrisia". Tal franqueza valeu-lhe elogios de norte a sul; mas também algumas censuras internas no Sporting mais radical, que não tolera um treinador anjinho na chefia do futebol e clama por justiça no prejuízo, assobiando para o lado no benefício.

Depois do trajeto brilhante no P. Ferreira, pontuado por uma liderança certeira, sem espaventos, e pela competência que o FC Porto entendeu não deixar escapar, Paulo Fonseca deixou-se apagar por uma máquina uniformizadora que castra a iniciativa dos seus, e transformou-se na última grande deceção do futebol português, tal e qual um "paineleiro" das televisões, capaz de ver apenas consoante a cor dos óculos que leva postos. Mais do mesmo.

Jorge Jesus afirmou ontem ter consciência da sua atuação no relvado de Guimarães, pedindo para que os órgãos disciplinares não o transformem em caso exemplar. Já vai tarde. O treinador do Benfica nunca deve perder o sentido da responsabilidade que é liderar a equipa de futebol do clube onde os adeptos são muitos milhões. Mal ou bem, Jesus já sentirá o efeito de sopro de um sistema que busca incessantemente a regeneração. Castigado Josué num "timing" decente, dificilmente haverá contemplações para um treinador-judoca em defesa de adeptos invasores do relvado. 

-António Varela, jornal Record, 18 de Outubro de 2013

2 comentários:

  1. Nem precisa de dizer qual é o seu clube, mas dispa a pele de jornalista antes de vomitar a próxima dose de bilis por favor

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