terça-feira, 24 de setembro de 2013

João Querido Manha: A guerra do Facebook


Poucos dias depois de o Benfica denunciar um árbitro de andebol que se manifestava inflamadamente portista e antibenfiquista na página pessoal no Facebook, é o FC Porto a recorrer à rede social para descobrir matéria de arremesso contra Nuno Lobo, o inflamado benfiquista e antiportista que preside à Assoçiação de Futebol de Lisboa. É o Facebook a tomar o lugar do YouTube como rede social de referência para as guerrinhas da bola, com menos obscenidade, mas com idêntica sem-vergonha.

Na sociedade contemporânea, a internet é o meio de comunicação por excelência e estas plataformas de relacionamento facilitam um melhor conhecimento das figuras públicas, do seu modus operandi e da sua proximidade às massas populares. Deixam de tal forma expostos os protagonistas que exigem, a montante, extremas cautelas, de preferência apoio profissional, sob pena de uma má utilização se virar contra os próprios a qualquer altura das suas vidas, para o bem e para o mal.

O que o FC Porto deu a conhecer ontem sobre o mau uso que o presidente da AFL faz (ou fez) da sua página na rede social diz muito sobre a falta de preparação de que inúmeros agentes desportivos enfermam, nomeadamente quanto à responsabilidade pública, ao equilíbrio e isenção a que a função os devia obrigar. Neste caso, suscita mesmo o seu afastamento imediato, se não apresentar a demissão, além de um pedido de desculpas formal a Hulk, consequências que não estão no horizonte, a julgar pelas declarações emitidas ontem. Pelo contrário, é mais um franco-atirador que entra em liça, disposto a atos de heroísmo bacoco contra os malfeitores adversários, sobre um campo de minas que farão explodir mais um bocado das escassas reservas de credibilidade que restam à grande família do futebol nacional.

Mas também revelou a funcionalidade da chamada máquina portista e uma pequena ideia do que serão os ficheiros secretos da Torre do Dragão, onde os relatórios dos olheiros de futuros jogadores estarão arquivados lado a lado com os dossiês sobre pessoas suspeitas de serem opositores aos nobres desígnios do clube e, em particular, de alguns dos seus dirigentes.

O futebol e as suas instituições não têm forma de se defender desta gente nem dos seus processos e estão pagando, há demasiado tempo, com a descredibilização da atividade e o consequente afastamento dos adeptos. O ar está pesado e as pessoas de bem não vão querer respirá-lo. 

- João Querido Manha, jornal Record, 24 de Setembro de 2013

3 comentários:

  1. Os arquivos secretos da Torre do Ladrão também lá deve ter uma pasta com o teu nome, por isso é que não passas de um submisso.

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