quinta-feira, 26 de setembro de 2013

António Varela e os casos da jornada: Exemplos do que não é liderar


Ver ou não ver. Definitivamente, depois dos acontecimentos do último fim de semana, encadeados numa narrativa fantástica e com traços de duvidosa verosimilhança, a máxima "ver para crer" do apóstolo Tomé passou à história. Vistos os "esforços" empreendidos por Jesus na defesa do "jovem que foi buscar a camisola", já é difícil crer que possa ter havido agressão ao polícia queixoso de apanhar palmadas no braço e um tabefe na cara. A barragem de enunciados desculpabilizadores do treinador do Benfica tem sido tal, que urge esfregar os olhos ou passar um pano de feltro nos cristais da televisão para aclarar a imagem que nos vai passando à frente a cada noticiário. 

Depois de o árbitro Carlos Xistra ter declarado impossível - por não ver - o julgamento de um lance merecedor de grande penalidade televisto por uma audiência de muitos milhares de espectadores, avolumam-se ainda mais as dúvidas acerca da capacidade da máquina oftalmológica dos humanos. Já nada é aquilo que era. E se antes aquilo que era olhado à vista desarmada podia ser adquirido como bom, verdadeiro, e agora é questionado, o que dizer do que é contado, mesmo que por fontes fidedignas ou difundido por mensageiros encartados?

Ainda no século passado (1997/98), quando o Benfica foi ganhar a Alvalade (4-1), viu-se como a tribuna de honra local aguentou estoicamente, mas sem reações agressivas, a soberba de Vale e Azevedo, o presidente encarnado que ali festejou os golos, aplaudindo de pé (embora sem fechar o punho). Viu-se e acreditou-se.

O mesmo não aconteceu agora durante o jogo do Estoril, no qual o presidente da Associação de Futebol de Lisboa ficou com as costas a arder e os ouvidos a zunir, nos festejos desbragados do relativo sucesso que foi o empate do Estoril, mal aceite pela cúpula dirigente do FC Porto, conhecida pelo seu apertado conceito de "fair play". Mesmo aqueles que viram têm dificuldades em contar (ou foram ao quarto de banho...) e os outros andam a gozar com a cara do pagode. Ninguém consegue fazer fé nesta gente.

Em dois dias, alguns dos mais destacados "ativos" do futebol português deram exemplo do que não é liderar, protagonizando algumas cenas dificilmente compagináveis com a responsabilidade dos cargos que ocupam e as suas milionárias remunerações. E agora querem fazer crer que é tudo falso, cenas fingidas, palavras ocas, uma ilusão de ótica dos incautos. 

Para 5.ª jornada foi demasiado, não abusem da paciência de quem lhes paga. 

- António Varela, jornal Record, 26 de Setembro de 2013

1 comentário:

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