domingo, 27 de janeiro de 2013

João Querido Manha fala da (des)organização da estrutura do Porto



O descuido do FC Porto na violação das regras de utilização de jogadores da equipa B antes do tempo permitido na formação principal foi uma enorme surpresa para todos os que se habituaram a considerar a organização portista uma máquina infalível. 


Desta vez, parece não se ter tratado de mais uma esperteza para reverter em próprio benefício a ingenuidade dos adversários, nem mais um episódio de batota ou abuso de confiança. 

No meio da obsessão com os habituais tratamentos de favor ao Benfica, agora à cata dos cartões mostrados ou por mostrar nos jogos do rival e nos dos seus adversários seguintes, a tal máquina descuidou-se e trabalhou com uma falta de rigor que assusta. 

Estes acidentes de percurso têm sempre um lado positivo, despertando mentes adormecidas pela rotina do sucesso fácil implantado por José Mourinho no ano antes do Apito Dourado: "Em condições normais vamos ser campeões e em condições anormais também seremos campeões". 

Pela conversa de Vítor Pereira, que imita terrivelmente as poses afetadas, a barba descuidada e 'o tom agreste, o FC Porto não teria adversários privados de jogadores expulsos ou com 5 amarelos, quando na verdade idênticas limitações afetaram metade dos seus opositores na 1.ª volta da Liga, atirando para cima do Benfica o odioso de uma situação que o beneficia por igual.

Quando a organização coloca o treinador nos ecrãs a manipular estatísticas, também aposta na ignorância e na falta de referências dos concorrentes, sempre lerdos a reagir e normalmente apanhados desprevenidos pela capacidade de antecipação das diatribes portistas, para quem a generalidade dos meios de comunicação são mais complacentes. 

O rigor é o primeiro mandamento da cartilha profissional e a sua falta acarreta uma má imagem para as instituições, não se percebendo que a Liga tenha demorado três semanas a detetar uma falha tão evidente, ou que esperasse que ela prescrevesse sem ninguém dar por nada. 

Esta é uma daquelas situações anormais a que Mourinho ou o seu émulo se podiam referir em voz ameaçadora e serem na mesma campeões.» 

- João Querido Manha, jornal Record, 27 de Janeiro de 2013

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