quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

António Simões dedica texto arrepiante a Jorge Jesus


Meu caro senhor Jorge Jesus: Antes de lhe falar do que quero, vou contar-lhe o que aconteceu no fim. Da janela do hotel via cidade que parecia fantasma, tinha gente na rua sim, mas a arrastar-se, mortiça. 

Disfarcei-me de Bogart, com chapéu até ao nariz e casacão de colarinho levantado e saí. Passei a noite cervejando, abraçado aos vencidos, que choravam. Ninguém me reconheceu. 

Num balcão de Copacabana ouvi a rádio dizer que no estádio tinham morrido dez pessoas de ataque cardíaco e já havia outros tantos suicídios. Senti-me culpado. Não, não foi aí, foi em Montevideu, vendo que diretores ficaram com medalhas de ouro e a nós deram de cobre que tive aquele desabafo: 

- Se jogasse de novo a final fazia golo contra! (Não seria capaz, foi revolta a uivar por mim, a uivar por isso e porque com o dinheiro do prémio consegui comprar só um Ford de 1931, dias depois roubaram-mo, nunca mais apareceu...) 

Sim, sou o Obdúlio Varela, o Herói do Maracanazzo. Herói, falam, porque, nessa final do Mundial de 50, quando a avalanche nos caía em cima era eu que acalmava o jogo, levava a equipa aos ombros; pondo em todos nós dois corações e quatro pulmões. 

Por causa disso alguém escreveu que não tinha as chuteiras atadas com cardaços, tinha-as atadas com as minhas veias. E tinha. 

No estádio ardinas vendiam jornal com foto da equipa do Brasil e duas palavras apenas: Campeões do Mundo! - e, eu, comprando-o, avisei: - É para pisarmos no diário e mijar nele (Mijei mesmo, nem todos pisaram...). 

À saída do túnel, o ambiente era um arrepio pegado: 205 mil pessoas gritando: Brasil! Brasil! Brasil! - e um dos nossos cartolas, estremecido, murmurou: - Se perdermos por quatro é bom. 

Irritado, eu mandei calá-lo e bradei: - Não tenham medo! Olhem só para a relva, deixem de ver as bancadas, não mordem. 

É na relva que vamos ganhar. Assim lhes limpei o pó ao medo (e ao resto) - e o Uruguai ganhou mesmo. 

PS: Vendo-o, agora, a caminho de Barcelona, eu, mesmo morto, quis lembrar-lhe esta história. Imagina porquê...» 

- António Simões, jornal A Bola, 4 de Dezembro de 2012

2 comentários:

  1. Tinha de ser um texto alheio porque o Simões não tem queda literária nem outras coisas.
    Ele só soube jogar à bola, nada mais.E sei o que afirmo.

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    1. o simoes sabe pelo menos e de certeza absoluta definir o que é o benfica , ja o jj nao sabe sequer o significado da palavra definir , pro caralho parvos de merda .

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