O Sp. Espinho empregou, entre 1987 e 1990, um futebolista marroquino chamado Aziz Doufikar. Que a seguir se transferiu para os holandeses do Fortuna Sittard. E que depois voltou a Portugal. E à Holanda. E de novo a Portugal, onde supostamente terminou a carreira em 1999, no Esmoriz.
Durante essa verdadeira ponte aérea entre Portugal e o país onde o consumo de drogas leves é legalmente tolerado, Aziz resolveu dar uma entrevista à "Voetballnternational", revista especializada em futebol. E o conteúdo não podia ter sido mais inesperado: havia doping em Espinho!
Os jogadores do plantel consumiam à vontade! Confrontado com as ondas de choque que as suas declarações provocaram em Portugal, Aziz veio a retractar-se, dizendo que o jornalista holandês o tinha percebido mal.
Um clássico visto e revisto com outros artistas. Mais de 20 anos depois, a história repete-se.
Walter Casagrande, um dos futebolistas mais polémicos do Brasil, agora na primeira linha da atualidade, depois de ter publicado a biografia na qual confessa a sua dependência em relação às drogas, afirmou no programa de Jô Soares que utilizou substâncias ilícitas quando foi jogador do FC Porto. Em quatro ocasiões (só fez 6 jogos, em 1986/87). De livre vontade.
O depoimento do antigo internacional brasileiro, feito na televisão brasileira, quando está em fase de ajuste de contas com o passado, é de alguém frustrado com o destino a que voluntariamente se entregou. E estará condenado à incredulidade geral do sistema - bem nos lembramos todos de quando Harald Schumacher, guarda-redes alemão que denunciou o uso generalizado de doping na Bundesliga, foi obrigado a emigrar para a Turquia...
Desta vez há uma diferença: Aziz falou a uma revista e desmentiu; Casagrande jamais o poderá fazer - passou na televisão, está gravado.»
- António Varela, jornal Record, 23 de Abril de 2013
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