quinta-feira, 16 de maio de 2013

Pedro Santos Guerreiro: "Ai Jesus, quando caíste de joelhos no Dragão, caíste de vez"


É cansaço. É azar. É galo: É a vida. É fado. É Fátima. É futebol. É o raio que parta. Ai Jesus, quando caíste de joelhos no Dragão, caíste de vez.

Os jogos foram muito diferentes. O Porto ganhará o campeonato porque, jogando sempre feio, quase nunca jogou mal. Esteve na peugada, ganhando pontos à espera do deslize, que o Benfica infantilmente teve contra o Estoril.

O Chelsea foi diferente: para finalista da Liga Europa, não jogou puto. Ficou à espera que corresse bem. Correu. Ontem o Benfica mereceu ganhar. Acabou-se.

Agora nós, Jesus. Da época de sonho já só sobra prémio de consolação. E pouco. Pouco para o que a equipa vale, para o que jogou, para as expectativas, para o triunfalismo das últimas semanas. 

Talvez a gestão do plantel tenha sido (outra vez) mal feita, talvez o cansaço tenha acusado, talvez as substituições tenham sido erradas, talvez seja a treta da eficácia em vez do espetáculo, talvez a prosápia tenha sido excessiva. Mas se Kelvin chuta mal ou Garay não se lesiona, Jesus poderia ser hoje um herói.

É especialmente inglório que Jesus sucumba aos pés de dois treinadores sem carisma. Mais que jeito, a Vítor Pereira falta-lhe uma certa graça no modo, parece sempre querer vencer por vingança e não por grandeza. Não há patinho feio que cresça como cisne sem aceitação. 

Rafa Benítez é parecido, carroceiro que parece não puxar carroça mas lá porfia, com o que na minha terra se chama ranço, paio, caga, vaca, "teta genitosa". 

Jesus é o contrário: é demasiado cheio de si mesmo, fala como o predestinado que não é, mas ataca, joga para ganhar, enche estádios. Merecia outro desfecho. É também isso que a imagem incrível do ajoelhamento no Dragão revela: o desabamento confessional de um derrotado que tudo quis e perdeu.

Há fome que não dá em fartura.» 

- Pedro Santos Guerreiro, jornal Record, 16 de Maio de 2013

2 comentários:

  1. Que raio de título é esse?

    Ah já sei.... o que vale é a imagem, nesta nossa sociedade actual onde "mais importante é parecer que ser"...

    Pois a mim, prefiro um treinador à séria, mesmo mascando pastilha elástica de boca aberta (mas os doutos da imagem deste país nunca se referiram ao Cavaleiro do Império Britânico resentemente reformado, pelo mesmíssimo facto) e que dá pontapés na gramática (mas que esses mesmos doutos da imagem deste país nunca se referiram aos "ouvisteS" "dissesteS" "reaparasteS" etc. etc. proferidos por um ex-deputado da Nação, licenciado (?) com assento em debate apineleiro semanal numa estação de TV nacional e pública, paga por todos nós)...

    Enfim, são coisas destas nobres gentes deste belo país à beira mar plantado.

    Rui Arez

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  2. "recentemente"... em vez de "resentemente", óbviamente....

    Rui Arez

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