Aconteça o que acontecer, há uma imagem que vai perdurar na memória deste campeonato: Jesus a cair de joelhos, instantes depois de Kelvin fazer o 2-1 para o FC Porto. É inevitavelmente a imagem de um homem derrotado, impotente para resistir às consequências de um destino que lhe foi cruel, independentemente dos méritos alheios.
O futebol já teve muitos episódios em que a fronteira entre a alegria e a tristeza foi ultrapassada súbita, inesperada e dramaticamente. Recordar jogos em que num ápice se esfumou o que parecia garantido não é um exercício difícil. Um caso recente: a vitória do Borussia Dortmund sobre o Málaga, conseguida nos descontos, e que apurou os alemães na Liga dos Campeões. Outro caso mais antigo, e que será sempre um dos "milagres" do futebol, aconteceu na final da Champions em 1999. Então, o Manchester United virou, aos 90+1 e 90+3 minutos, a derrota por 0-1 com Bayern para uma memorável vitória por 2-1. Lennart Johansson, então presidente da UEFA, conta que abandonou a tribuna no momento em que se iniciava o tempo extra e quando chegou ao relvado ficou perplexo: "os "derrotados" dançavam e os "vencedores" choravam!"
O que se passou no Dragão entra diretamente para o grande livro das histórias incríveis do futebol português. Só uma outra poderá superá-la: a perda do título por parte do FC Porto na última jornada em Paços de Ferreira. Neste momento, é pura ficção...
O Benfica, no entanto, ainda tem a possibilidade de escrever uma página de ouro na sua história. Amesterdão é o palco onde o clube pode recuperar a glória europeia e, dessa forma, ultrapassar a frustração de uma Liga que se encontra na iminência de perder. É hora, pois, da águia se levantar e preparar-se para uma nova batalha. Sem depressões.
O Arouca conquistou a proeza inédita de subir ao primeiro escalão do futebol português, no qual será o 69º participante da história do Campeonato. Vítor Oliveira é um mestre das subidas. Parabéns, pois.»
- António Magalhães, jornal Record, 13 de Maio de 2013
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