Vítor Serpa: Deus enviou São Paulo para Jesus entender melhor

Quando Duarte Gomes apitou para o final do jogo na Luz, era mais do que percetível a inquietação e até a indignação dos adeptos benfiquistas e não seria necessária uma elevada dose de imaginação para se pensar que, não muito longe, um homem alto e esguio apresentava um sorriso de orelha a orelha. O seu nome: Óscar Cardozo.

Admite-se que não seja um sorriso de escárnio, mas um sorriso de afirmação pessoal. A verdade é que o Benfica mostrou que, sem Cardozo, precisa de um Cardozo, venha ele de onde vier. Precisa de um ponta de lança com características especiais, mais fixo, mais funcional e mais capaz de entender a movimentação atacante da equipa que vai também precisar de acertos no que respeita ao incontornável vício dos seus flanqueadores procurarem zonas interiores do terreno, principalmente na ausência (muito notada) de Salvio.

A primeira meia hora do Benfica foi interessante. Uma equipa subida como há muito se não via, capaz de roubar a bola com facilidade e de fazer do jogo um festival de futebol ofensivo. Foi aí, aliás, que mais se notou a falta de um nove que resolva na área.

Tudo se desarrumou na segunda metade. Jesus deve pôr definitivamente de parte a ideia de jogar com Lima e Rodrigo juntos. Pior ainda se a este duo quiser juntar Markovic.

Para o comum dos adeptos, este jogo com o S. Paulo terá causado profunda tristeza e ansiedade. É natural que o coração de um adepto esteja acima da razão. Do ponto de vista racional, este jogo foi dádiva de Deus para Jesus. 

Agora não pode ter dúvidas do que falta ainda a esta equipa para ter verdadeira expressão competitiva.

PS - O FC Porto começou mal o seu torneio londrino. A questão da falta de Moutinho ainda não está resolvida. E a questão da pressão sobre o adversário também não, mas esta é bem mais fácil de resolver... 

- Vítor Serpa, jornal A Bola, 4 de Agosto de 2013