Penso que se tem a ideia de Luís Filipe Vieira não ser de muitas conversas. Curiosamente, porém, nos últimos quatro dias pronunciou-se sobre assuntos diversos da vida do clube, primeiro, na sexta-feira, em entrevista ao canal Benfica TV, e, depois, no domingo à noite, para destacar o sentido de união da família encarnada, a seguir à vitória dolorosa ante adversário ao nível de uma liga de terceira categoria. Esta alteração súbita de comportamento só por si é sinal de que as coisas não estão a correr como desejaria. Na sequência do pálido desempenho da equipa na jornada inaugural do campeonato (derrota com o Marítimo), Vieira terá pressentido o perigo de incontrolável agitação no caso de algum percalço desportivo acontecer no regresso da equipa à Luz em jogos da Liga.
Não aconteceu, mas esteve quase, o que reforça a oportunidade da intervenção presidencial na referida entrevista: devolveu a confiança possível aos adeptos, retratada na significativa assistência e na sua fantástica manifestação de apoio, motivando os atletas e empurrando-os para um resultado positivo de que eles próprios terão chegado a duvidar, por força daquela trapalhada tática feita de correrias tolas através das alas, de cruzamentos precipitados à procura da cabeça da alguém, da rutura coletiva provocada pelos repetidos desequilíbrios no centro do terreno, do sacrifício pedido a Matic, à beira dos limites do razoável, e que a manter-se vai castigá-lo do ponto de vista físico como aliás tem sido imagem de marca da gestão de esforço no consulado de Jesus, lembram-se?, claramente inadequada às necessidades de um emblema com o prestígio do Benfica, que precisa de estar preparado para responder com elevada eficácia no mais alto patamar competitivo durante nove/dez meses por ano.
É esse o prazo de validade exigível aos clubes que querem ser campeões nos respetivos países e chegar a abril/maio na posse plena das suas capacidades para atacarem os títulos europeus. Equipa que atinge o chamado pico de forma em janeiro, designação pelos vistos fora de uso, está condenada a perder a corrida.
A intervenção de Vieira na Benfica TV foi providencial. Contribuiu para desanuviar o ambiente e apelou à infinita tolerância da família benfiquista, a qual voltou a retribuir com aquele extraordinário estado de alma que o presidente teve o cuidado de sublinhar, quando transformou o diabólico minuto 90+2 em sinal de mudança, provavelmente com bênção divina: enterrou-se o fantasma do passado e iluminou-se o caminho do futuro.
A intervenção de Vieira na Benfica TV foi providencial. Contribuiu para desanuviar o ambiente e apelou à infinita tolerância da família benfiquista, a qual voltou a retribuir com aquele extraordinário estado de alma que o presidente teve o cuidado de sublinhar, quando transformou o diabólico minuto 90+2 em sinal de mudança, provavelmente com bênção divina: enterrou-se o fantasma do passado e iluminou-se o caminho do futuro.
Na verdade, com «o grupo de grande qualidade» que está ao dispor de Jesus, será preciso abusar da trapalhada para não se ter sucesso. Os receios emergentes da pobre exibição na Madeira diluíram-se completamente na indomável vontade de fazer bem expressa nos rostos dos jogadores benfiquistas. Se há dificuldades de comunicação, se há défice motivacional, se há descrença, se há ruído de fundo no trabalho diário o problema costuma residir em quem comanda e não em quem obedece.
No FC Porto privilegia-se a organização e a disciplina. Há regras e jogador contratado sujeita-se a obrigatório período de adaptação. Por isso, Quintero vai mantendo o estatuto de suplente geralmente utilizado e Herrera nem isso. Do central mexicano Reyes, que custou uma pipa de dinheiro, nem se vai falar enquanto lá estiverem Mangala, Otamendi e Maicon. No Benfica, com todo o plantel da temporada transata no ativo, incluindo as peças mais valiosas como Garay, Salvio, Gaitán e Matic, mesmo assim, inopinadamente, foram chamados ao palco os três sérvios, jovens, talentosos e desejosos de mostrarem serviço. Tudo está bem quando acaba bem, mas a decisão, além de traduzir o desespero de quem manda, nada teve de pedagógica. Se no Benfica foi normal, no FC Porto seria improvável.
Depois deste susto, será que Jesus enxerga, finalmente, que se enriquecerá profissionalmente se falar menos na primeira pessoa e valorizar os jogadores que com ele trabalham, se assumir por inteiro a responsabilidade pelas derrotas, se se puser menos em bicos de pés, se admitir que talvez não seja o dono da sabedoria, se tiver disponibilidade para aprender, se for mais humilde...
No FC Porto privilegia-se a organização e a disciplina. Há regras e jogador contratado sujeita-se a obrigatório período de adaptação. Por isso, Quintero vai mantendo o estatuto de suplente geralmente utilizado e Herrera nem isso. Do central mexicano Reyes, que custou uma pipa de dinheiro, nem se vai falar enquanto lá estiverem Mangala, Otamendi e Maicon. No Benfica, com todo o plantel da temporada transata no ativo, incluindo as peças mais valiosas como Garay, Salvio, Gaitán e Matic, mesmo assim, inopinadamente, foram chamados ao palco os três sérvios, jovens, talentosos e desejosos de mostrarem serviço. Tudo está bem quando acaba bem, mas a decisão, além de traduzir o desespero de quem manda, nada teve de pedagógica. Se no Benfica foi normal, no FC Porto seria improvável.
Depois deste susto, será que Jesus enxerga, finalmente, que se enriquecerá profissionalmente se falar menos na primeira pessoa e valorizar os jogadores que com ele trabalham, se assumir por inteiro a responsabilidade pelas derrotas, se se puser menos em bicos de pés, se admitir que talvez não seja o dono da sabedoria, se tiver disponibilidade para aprender, se for mais humilde...
Vieira acredita que o projeto vinga. De facto, seria imperdoável que a grandiosa obra por ele erguida em dez anos ficasse ensombrada pelos caprichos de um treinador que continua a compreender mal a história do Benfica. Peço perdão, mas, com a riqueza do plantel da águia, como ironizou o enorme Mário Wilson, até eu me arriscaria a ser campeão. Jesus só tem atrapalhado... É altura, pois, de mostrar ser merecedor da consideração do presidente.
- Fernando Guerra, jornal A Bola, 27 de Agosto de 2013
O Benfica precisa de um treinador à sua medida. Para mim faz já 2 anos que Jorge Jesus não me convence entretanto ele continua uma nova época, só me resta esperar para ver se estava errado ou se estou certo.Por isso não deixo de estar de acordo com o que escreve Fernando Guerra.
ResponderEliminarDe facto Jesus so tem atrapalhado! Mas o presidente insiste, insiste...ate sobrar para ele! Futebol nao sao empresas...
ResponderEliminarEste Fernando Guerra está cada vez mais senil. É da idade!
ResponderEliminarCom tantos anos de escriba ainda não entendeu que a estratégia de LFV é precisamente poucas ou nenhumas palavras enquanto não surge o momento certo.
E acerta sempre no alvo! Para frustração de uns quantos e desespero de uns tantos Guerras desta vida.
Entrega a pasta, pá!
Grandiosa obra do Vieira ? Bem, estes junta-letras da propaganda vieirista andam a dar-lhe na pesada !
ResponderEliminarO que de grandioso há neste benfiquinha que o F.Guerra tanto exulta é o passivo, os fracassos e o nºde jogadores sob contrato, o que resta do Glorioso Benfica, já se esfumou há muito...
Enfim, o que me apraz dizer sobre estetexto; mais um camião de areia para os ceguinhos e ingénuos que se socorrem da Bolha para a propaganda ao Querido Líder Kim Jong Vieira !
Nunca acreditei em Jesus. Para mim já não fazia a 2ª época. Gostei pouco da maneira de como uma equipa daquelas ganhou o campeonato, tendo a equipa toda de rastos principalmente nos últimos 4 jogos. Quanto ao resto das provas em que o Benfica esteve presente, foi uma vergonha tanto na LC como na Taça de Portugal. JJ é uma nódoa no belo trabalho feito pelo LFV. Nestes anos apareceram novos treinadores no porko que o esmagaram, não falando do Braga com Domingos. É um treinador que treme perante um adversário com valor e isso transmite-se aos jogadores. Depois o mal é só das arbitragens. LFV anda a dar pérolas a porcos.
ResponderEliminarMas isto sou eu que penso assim por estar senil.