sábado, 17 de agosto de 2013

Jesus precisa de demonstrar que está à altura de desempenhar o cargo de treinador do Benfica


Ou é uma forma de tentar sacudir a pressão, fruto de uma autoinfligida disciplina mental, ou, definitivamente, não quer mesmo refletir sobre o que está verdadeiramente em causa. Depois de três épocas a somar desaires inopinados e desilusões traumatizantes, Jorge Jesus precisa de demonstrar, e logo a partir do início da época oficial, que ainda está à altura de desempenhar o cargo de treinador do Benfica.

Os adeptos dos encarnados já pouco valor dão ao velho rótulo da nota artística de que o treinador incessantemente se orgulha, depois de ter sido ele próprio a popularizá-lo, num dos muitos exercícios de amor próprio a que nos foi habituando. Ao bom futebol praticado na Luz é dado cada vez menos relevo, pois, nas quatro temporadas ao serviço dos encarnados, mal seria se jogadores da qualidade de Di Maria, Ramires, Gaitán, Salvio e Aimar, entre outros, não proporcionassem jogadas de fino recorte técnico em doses quase industriais. Sabendo-se, por outro lado, que em igual periodo a hegemonia, palavra que Jesus entretanto passou a aplicar amiúde, continuou a pertencer ao rival FC Porto, a maioria dos adeptos e grande parte dos dirigentes exigem agora cada vez mais títulos e não uma sucessão de lances elaborados com categoria, mas que não são materializados em troféus.

Jorge Jesus tem razão ao afirmar que a pressão é idêntica à do primeiro ano. Só que o escrutínio feito pela ávida e exigente bancada surge por outros motivos. Na época 2009/10, o Benfica contratara um técnico com vasta experiência mas pouco currículo, que cedo impõs um modelo de, jogo, levando a equipa ao título. A bem-sucedida temporada de estreia não teve, contudo, continuidade. Multiplicaram-se os desaires, as desilusões, as dúvidas.

E é nesta conjuntura, cada vez mais adversa, que o treinador se lança para uma nova época. A renovação do contrato esteve longe de atingir o consenso, os desempenhos da equipa na pré-época ficaram aquém das expectativas e o caso Cardozo, sem solução à vista, continua a enfraquecê-lo. Assim sendo, perder pontos na Madeira, já amanhã, na primeira jornada do campeonato, poderá assumir contornos dramáticos, especialmente se o FC Porto sair, no mesmo dia, vitorioso de Setúbal.

O arranque do Benfica, e de Jorge Jesus em particular, é deste modo um dos grandes atrativos para as próximas semanas, onde se aquilatará também o potencial de dois novos treinadores em outras tantas provas de fogo: Paulo Fonseca no FC Porto, e Leonardo Jardim no Sporting. 

Quem já não consegue surpreender é, por seu turno, o dinossauro Jesualdo Ferreira. Na partida inaugural da Liga, disputada entre dois europeus, o Sp. Braga alcançou uma eloquente vitória em Paços de Ferreira, tornando-se no primeiro líder do campeonato. Foi uma exibição segura e personalizada de um dos grandes candidatos ao terceiro lugar da prova... pois FC Porto e Benfica assegurarão os dois prineiros lugares do pódio, faltando determinar por que ordem. 

- Luís Pedro Sousa, jornal Record, 17 de Agosto de 2013

1 comentário:

  1. Alguém que depois de 3 (pelo menos) estrepitosos fracassos, que levou banhos tácticos de "miúdos" ainda se atreve a dizer que trabalha para ser mais perfeito a cada ano ..... está tudo dito! A vaidade exacerbada é um "handicap" do caraças!

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