Funes Mori é definitivamente uma contratação atípica. Cada vez que um jogador relativamente desconhecido do grande público chega a Portugal, especialmente tendo um dos principais clubes como destino, chovem os elogios dos mais diversos quadrantes. O próprio atleta, a família dele, os treinadores que o orientaram e os ex-companheiros de equipa são unânimes em perspetivar uma carreira cheia de sucesso no nosso país.
Com o reforço benfiquista, que é aguardado em breve em Lisboa, passa-se o contrário. Ou quase. As palavras simpáticas de quem o rodeia continuam a existir, mas sem o entusiasmo que habitualmente testemunhamos em circunstâncias deste tipo. O próprio Funes Mori apresenta-nos um discurso pouco confiante, motivado por um passado mal resolvido.
Embora tenhamos de fazer a ressalva de que o jovem ponta-de-lança falou nos últimos dias mais na qualidade de ex-jogador do River Plate do que de futuro reforço do Benfica, o teor das afirmações proferidas só aumentam a angústia do exigente adepto, que, ainda não refeito da ausência de Oscar Cardozo, sonha com um avançado que possa materializar em golos a produção de uma equipa de vocação marcadamente ofensiva.
Aos 22 anos, não faz sentido que Funes Mori se sinta um derrotado, ou pelo menos que pense que os adeptos, neste caso os do River Plate, o consideram um fracasso. O futuro não parece assim tão sombrio. Nesta idade a margem de progressão é sempre elevada, principalmente para quem apresenta uma estampa atlética invejável.
Jorge Jesus tem agora uma missão ainda mais espinhosa pela frente. Além de pairar sobre ele o fantasma de Cardozo - decorrente de um processo em que o treinador é vítima e não culpado -, precisa de limpar urgentemente a cabeça do homem escolhido precisamente para render o Tacuara. As frustrações de Funes Mori são evidentes. E ao contrário do que sucede com a esmagadora maioria dos reforços, este não chega cheio de confiança e moral. Antes pelo contrário...
- Luís Pedro Sousa, jornal Record, 14 de Agosto de 2013
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