Jorge Jesus e o fantasma de Cardozo

Nem Benfica nem FC Porto têm razões para sorrir com os desempenhos desta pré-temporada. De um modo geral, águias e dragões averbaram resultados positivos, mas longe de serem brilhantes, produziram exibições que não passaram do razoável e pelos mais variados motivos, uns coincidentes outros nem tanto, continuam a denotar dificuldades em consolidar uma matriz de jogo e definir o onze-base.

Sabendo que se encontram praticamente ao mesmo nível e que a Liga 2013/14 será discutida entre eles, os problemas na Luz e no Dragão não têm especial relevância no plano interno. Mas se fizermos a comparação entre o momento de forma e de assimilação de processos de Benfica e FC Porto com outros clubes europeus, os sinais de alarme são mais evidentes. Os azuis e brancos perderam com o Galatasaray, que não é propriamente um colosso, e os encarnados baquearam em casa frente ao S.Paulo, recém-chegado da Audi Cup, onde perdeu com o AC Milan e sofreu um autêntico massacre do Bayern Munique.

Se no plano meramente desportivo há uma certa equivalência, talvez nivelada por baixo, entre FC Porto e Benfica, os encarnados debatem-se, no entanto, com um outro problema que para já não assola o Dragão. Enquanto na Invicta a tolerância é total em relação ao novo treinador, na Luz acontece precisamente o contrário.

Jorge Jesus, que renovou contrato num clima de grande controvérsia, fruto dos títulos sucessivamente perdidos, tem agora de conviver com o fantasma de Cardozo. Nas bancadas, tal como em alguns dos gabinetes, não se cobra apenas ao treinador, e também a Luís Filipe Vieira, as últimas e traumatizantes desilusões, mas igualmente a ausência do paraguaio da equipa, cada vez mais sentida à medida que os golos ficam por marcar.

Não podendo apagar as derrotas do passado, resta agora ao presidente resolver rapidamente o dossiê Tacuara. Com o regresso ao plantel a afigurar-se impossível, é preciso reduzir Cardozo à condição de mera figura da história do Benfica.


-Luís Pedro Sousa, jornal Record