O presidente da ANTF diz que deverão existir "oito casos" de técnicos que frequentam o nível IV sem terem feito o nível III. Marco Silva e Pedro Emanuel estão nessa lista
Fazemos nossas as palavras de Nicolau Vaqueiro: rebentou a bomba na formação dos treinadores de futebol. O i sabe que vários técnicos, entre eles Marco Silva (Estoril) e Pedro Emanuel (Arouca), estão a frequentar o curso UEFA Professional - equivalente ao IV nível - sem terem efectuado o curso de nível III. "É a primeira vez que tenho conhecimento de casos assim. Já nos chegaram algumas queixas", diz ao i José Pereira, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), admitindo ter-lhe sido confidenciado que existiam "oito treinadores" nessa situação dúbia.
O i pediu à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), responsável pelos cursos, a lista dos alunos do curso de nível IV que se iniciou no dia 16 deste mês, mas não recebeu essa informação - ao contrário do que é habitual, pois a FPF costuma divulgar no seu site os alunos seleccionados para os cursos de nível III e IV. Fonte próxima do processo confidenciou ao i que persistem ainda dúvidas em relação à legalidade dos casos, motivo pelo qual a FPF não tornou pública a lista.
Nicolau Vaqueiro, treinador e candidato derrotado nas recentes eleições para a direcção da ANTF, fala de uma situação "incoerente e ilegal" com "cobertura do Estado e da FPF". Em entrevista recente à "RR", Nicolau Vaqueiro tinha avisado para irregularidades nos cursos de treinadores: "Está para rebentar uma bomba que tem a ver com a formação. Se isso acontecer, passamos a ser uma república das bananas." Era precisamente a abertura deste precedente que preocupava o técnico. "Não tem lógica, os cursos existem para ser feitos. Como é que um treinador que só tem o nível II salta directamente para o IV, sem fazer o III?". Para Nicolau, a culpa não é dos treinadores que se vêem nesta situação, até porque os cursos de nível III estão parados há três anos. Mas coloca-se ao lado de quem se queixou à ANTF: "São cursos onerosos. Seguindo um critério uniforme, terão de ser ressarcidos." O curso UEFA Advanced, equivalente ao nível III, custa 3000 euros, menos mil que o UEFA Pro.
Na temporada 2012/13, cinco treinadores da Liga não possuíam o curso de nível IV: Marco Silva (Estoril), Nuno Espírito Santo (Rio Ave), Paulo Fonseca (P. Ferreira, contratado pelo FC Porto), Pedro Emanuel (Académica, agora ao serviço do Arouca) e Sérgio Conceição (começou no Olhanense, terminou na Académica). Esta não é uma situação nova; já em 2005 Paulo Bento chegou a treinador principal do Sporting e só depois frequentou os níveis III e IV da formação. Costinha orientou no final da época o Beira-Mar numa situação semelhante. No entanto, o que suscita agora dúvidas é a possibilidade de um treinador saltar um nível.
José Pereira diz que a lei pode permitir excepções através da equivalência de habilitações com um RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências) - na prática um 'queimar de etapas' com equivalências, muito frequente na política. Mas nem mesmo José Manuel Meirim, o maior especialista português nesta área do Direito desportivo, consegue ter certezas. Contactado pelo i, o advogado disse que só estudando a fundo a Lei 40/2012 poderia chegar a alguma conclusão, mas salientou a confusão que se foi gerando pelo facto de os cursos (nível I ao III) terem estado parados durante tanto tempo e as bases legais terem sido alteradas.
O i pediu também à FPF a lista dos técnicos que estão a fazer o nível IV sem terem passado pelo III, mas mais uma vez não obteve qualquer resposta até ao fecho desta edição.
-Noticia retirada do site do jornal i
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