Vítor Paneira, o treinador. Subiu de divisão nos distritais, III Divisão e II Divisão sempre com equipas diferentes (Famalicão, Ribeirão e Tondela, onde está actualmente na II Liga).
Vítor Paneira, o jogador. Três vezes campeão pelo Benfica, perdeu uma final europeia para o Milan e fez parte do melhor Vitória de Guimarães europeu.
Em campo, com a bola, havia quem dissesse que tinha um estilo inconfundível, mesmo quando era Veloso com a bola.
O erro no relato imortalizou-se e mesmo quem não se lembra de o ver em campo, já ouviu falar nesse momento. O "i" foi directo ao assunto.
Afinal qual é o seu estilo inconfundível?
[Risos] Penso que não havia nenhum. Era muito particular, pela forma como eu corria, como eu driblava, fazia-me ter um estilo diferente.
E a finta era a mesma. Como nasceu?
Foi com o tempo. Normalmente, eu pendia o corpo para o lado esquerdo e fugia sempre para o lado da linha. Tinha essa tendência e passava quase sempre os adversários. Era difícil de anular.
Havia bocas dos adversários?
Não. O Laureta, por exemplo, era um jogador muito agressivo e, picando-o um bocadinho, ele ficava destabilizado e partia logo para a porrada. Nós usávamos um bocadinho essa estratégia.
Além do Laureta, há outro lateral que tenha dado mais dores de cabeça?
Eram muitos. O Maldini foi um dos piores laterais de enfrentar. Joguei umas quatro ou cinco vezes contra ele e era muito difícil. Mas cá em Portugal também havia muitos: o Branco era bastante agressivo e subia bem no terreno.
Quando é que começou a jogar futebol e o que o levou a escolher isso?
Foi o gosto. Comecei a jogar muito tarde, com 16 anos, nos juvenis do Riopele. Depois fiz uma época nos juniores do Famalicão e subi a sénior. Mas não tive formação, não tive escola. Fui por brincadeira treinar, gostaram de mim, levei aquilo a sério e as coisas correram bem.
Nessa altura, quem é que via na televisão e tentava imitar?
O Chalana foi sempre um dos meus ídolos. E o Carlos Manuel. Eram jogadores de quem eu gostava.
Depois encontra Chalana no Benfica.
É, a minha ida para o Benfica coincide com o regresso do Chalana do futebol francês. E os dois jogámos juntos e foi sempre um prazer, independentemente de ele estar já numa fase difícil, em que vinha de lesões gravíssimas. Mas, ainda assim, tinha talento que chegasse.
Era chato ter o Chalana no lado contrário? Não havia preferências de lado?
Não. Tínhamos dinâmicas diferentes. Eu era jovem, ele tinha muita experiência e repartíamos o jogo. No fundo, todos tínhamos importância.
Como é que chega ao Benfica?
Começa numa captação da selecção para o torneio de Toulon, feita no Norte, em que cada equipa indicava dois jogadores. Fiquei no banco, lesionou-se um jogador e, na altura, o António Oliveira perguntou quem é que jogava no meio-campo. As coisas começaram a correr bem, estava lá gente do Benfica a ver, e passado um tempo, fui chamado para o torneio. Entretanto, o Benfica já tinha avançado.
Pensou duas vezes?
Nada. Nem dez segundos, quanto mais pensar duas vezes. Foi logo.
A primeira vez no Estádio da Luz é sempre inesquecível?
Sim. O Benfica foi disputar a Taça dos Campeões com o PSV e foi na semana a seguir que fui fazer uns treinos para me começar a ambientar e conhecer alguns colegas. Quando o Benfica regressa, faço três dias de treinos e depois vou para a apresentação, que é uma coisa fantástica. Na altura, eram milhares de pessoas: jogadores, jornalistas, médicos, adeptos, toda uma estrutura que mexe.
E o primeiro jogo na Luz?
Houve alguma protecção por parte do Toni. Num jogo em atraso da primeira jornada, quem ia jogar era o Abel Campos. Mas ele fica com gripe nessa quarta--feira. E o Toni perguntou-me se eu estava preparado para jogar com 70 ou 80 mil pessoas. E eu disse que estava. Fiz uma boa estreia e fiquei na equipa.
As pernas tremem mesmo ou é só algo bonito para se dizer?
Tremem! Treme, mas treme tudo antes de começar. Eu estava tranquilo porque tinha ido jogar a Montpellier para a Taça UEFA e tinha entrado nos últimos 20 minutos. Depois, em Portimão, pensava que ia para o banco, mas sou titular. Para mim foi tudo vivido a 500 à hora.
Ainda por cima é campeão.
Sim, as coisas correm muito bem. Passado três meses começo a ir à selecção, as coisas também correm bem, e foram sete anos até à chegada de Artur Jorge.
Ainda em 1989 marca um golo a Preud’Homme num Portugal-Bélgica.
No Estádio da Luz empatámos 1-1.
Ouvi dizer que lhe fazia a vida negra quando jogaram juntos no Benfica.
Ele dizia que sim. Devemos ter brincado uma vez ou outra. Era de apuramento para o Mundial, eu fiz um jogo brilhante, mas fiz uma entorse já no final.
O 6-3 ao Sporting em 1994 é o momento mais memorável?
Não, tivemos muito jogos. O 3-1 ao Arsenal, o 4-4 em Leverkusen, o 2-0 e o 1-0 nas Antas. Houve muitos momentos muito bons. Esse está marcado por ser contra o grande rival do Benfica e por ter sido um jogo que quase garantiu o título.
A derrota em Parma foi difícil?
Tínhamos feito um grande jogo na Luz: ganhámos 2-1, mas podíamos ter goleado por cinco ou seis. Foi um vendaval de futebol ofensivo e oportunidades perdidas. Depois, lá, o Mozer é expulso muito cedo, foi uma lição muito bem estudada do árbitro [Mario Van der Ende, holandês]. E acabámos por sofrer um golo a sete ou oito minutos do fim num canto para o qual estávamos preparados.
Não tem Paneira no nome. É de onde?
Vem do pai do meu pai, que tinha umas padarias e chamavam-lhe o Augusto Paneira, porque tem a ver com um objecto qualquer ligado à padaria. O meu pai ficou Augusto Paneira e eu herdei “o filho do Paneira” e acabei por ficar Vítor Paneira.
Artur Jorge destruiu a mística?
Depois da passagem dele, o Benfica passou por um deserto, quer de ideias, quer da qualidade dos jogadores, quer de títulos. E claramente que ele foi responsável. Mas quem deixou fazer é tão culpado como aquele que faz. Destruiu uma equipa campeã, mandou embora jogadores campeões com uma tradição no clube.
Mas o Paneira esteve perto de nem sequer ser treinado por ele. Esteve para sair para a Juventus?
Sim, houve uma possibilidade. O Toni e o Jesualdo Ferreira chamaram-me ao bar do Hotel Continental para dizer que estava tudo preparado e que era eu que ia avançar, a dar os parabéns. Mas depois, como não tinha empresário, fiquei por terra e acabou por ir o Paulo Sousa.
Em 1995 sai para o V. Guimarães. Foi a única hipótese que apareceu?
Não, felizmente não. Tive várias hipóteses, quer para o estrangeiro, quer para Portugal, de clubes de grande dimensão, mas fiz a melhor opção para mim em termos desportivos.
Enquanto estava no Benfica, chegou a ser capa de um desportivo, num 1 de Abril, equipado à FC Porto. Isso incomodou-o?
Houve uma vez à FC Porto e outra vez à Juventus. Mas não incomoda, entendemos logo que é uma brincadeira.
Carlos Manuel era um dos seus ídolos no Benfica. Ele tentou levá-lo para o Sporting em 1998?
Quando lá fui jogar, falava-se muito disso nos corredores. Falava-se que precisava de alguém com peso no balneário e que desse alguma mística e dizia-se que eu era o jogador que ele tinha indicado para ir para o Sporting.
Em Guimarães apanhou uma equipa de sonho. Zahovic, Meira, Capucho…
Apanhei uma equipa a jogar um futebol de que qualquer treinador, adepto e jogador gosta, um futebol desinibido, de grande qualidade e que nos dava um prazer imenso em tudo aquilo que fazíamos dentro de campo. Desportivamente foi muito bom porque adorei jogar em Guimarães, adorei desfrutar aqueles quatro anos.
O terceiro jogo que faz é no Estádio…
Da Luz! E despedi o Artur Jorge.
Como foi esse regresso?
As pessoas começavam a ter muitas reticências em relação ao Artur Jorge. Numa primeira fase houve algumas bocas, criaram um ambiente de intranquilidade e agressividade. Empatámos o jogo. Eu saí em aplausos, o Artur Jorge foi assobiado e depois acabou por ser despedido.
Esperava ter jogado no Euro-1996?
Esperava. Fiz uma época fantástica, estava num momento extraordinário e havia jogadores que estavam em baixo. Esperava ter, pelo menos, uma oportunidade.
Depois reencontra o Parma na Taça UEFA. Houve sentimento de desforra?
Foi uma mistura de sensações e de emoções. Para já, tinha-nos tirado uma final da Taça das Taças em que tínhamos sido injustamente eliminados. Senti que com o Guimarães, se fôssemos capazes de fazer o que fazíamos no campeonato, teríamos uma possibilidade de eliminar uma equipa fortíssima.
Como correu?
Acabámos por perder 2-1 lá, num jogo que coincide com o nascimento da minha filha. E depois ganhámos 2-0 em casa e eu faço o primeiro golo. Eliminámos o Parma com toda a justiça.
Esse golo é marcado a um guarda-redes chamado Buffon, que tinha 18 anos.
Sim. E mais uma curiosidade: fui eu que lhe marquei o primeiro golo em competições europeias.
É um “pequeno troféu” que guarda? Costuma falar disso?
Não, é só um registo. Foi a primeira vez dele nas competições europeias, previa-se já um futuro extraordinário e eu só tive a felicidade de ser o primeiro a marcar-lhe um golo. Mas nada mais do que isso.
Sempre pensou ser treinador?
Achava que tinha algum jeito para isso. Fui sendo capitão nas equipas por onde passei, havia sempre um sentido de liderança. Tenho tido uma caminhada difícil, de degrau em degrau. Não tenho empresário e as coisas vão sendo sempre sustentadas com o que vou fazendo ano a ano. Mas estou a dar os meus passos e a fazer aquilo que eu quero.
Quem foram os treinadores que mais o influenciaram na forma de ver o jogo?
O Toni, o Eriksson, o Vítor Oliveira, o próprio Quinito, que eu admiro muito. E até com os treinadores que nos marcam de forma negativa aprendemos.
O Paneira já subiu nos distritais, na III e na II. Para quando na II Liga?
Espero que o mais rapidamente possível, desde que tenha uma equipa competitiva e com essa capacidade. Estou muito contente com a equipa que tenho. Aquilo que projectámos no início da época está a ser conseguido, mas agora temos de melhorar mais, para ter uma equipa que possa ambicionar uma subida de divisão.
Recentemente estava numa posição que poderia almejar um lugar de subida. Falou-se disso no balneário?
No balneário não, mas falou-se disso. A onda de euforia que se gerou nas pessoas depois de estarmos a fazer um início de época muito bom, poucos meses após a subida, foi natural. Estávamos a dois pontos desse lugar. Mas estivemos sempre conscientes de quanto é difícil este campeonato. Nesta altura, as coisas estão num ciclo negativo, mas a equipa tem o mesmo talento, o mesmo valor, e vai dar a volta por cima.
O que falta vai ser tranquilo?
Sim, aquilo que nos propusemos foi a manutenção e essa está praticamente garantida. Agora queremos sempre mais e queremos subir degrau a degrau. Vamos fazer tudo para isso, para subir posições.
Preferia chegar à I Liga subindo ou recebendo uma proposta de um clube que já lá está?
Gostava de chegar a subir, logicamente. É algo que nos dá outra projecção. Mas se chegar por convite é igualmente bom ou importante. Se for através de um trabalho feito, que transporte um ciclo de vitórias de uma época para a outra, é sempre bom.
Afinal qual é o seu estilo inconfundível?
[Risos] Penso que não havia nenhum. Era muito particular, pela forma como eu corria, como eu driblava, fazia-me ter um estilo diferente.
E a finta era a mesma. Como nasceu?
Foi com o tempo. Normalmente, eu pendia o corpo para o lado esquerdo e fugia sempre para o lado da linha. Tinha essa tendência e passava quase sempre os adversários. Era difícil de anular.
Havia bocas dos adversários?
Não. O Laureta, por exemplo, era um jogador muito agressivo e, picando-o um bocadinho, ele ficava destabilizado e partia logo para a porrada. Nós usávamos um bocadinho essa estratégia.
Além do Laureta, há outro lateral que tenha dado mais dores de cabeça?
Eram muitos. O Maldini foi um dos piores laterais de enfrentar. Joguei umas quatro ou cinco vezes contra ele e era muito difícil. Mas cá em Portugal também havia muitos: o Branco era bastante agressivo e subia bem no terreno.
Quando é que começou a jogar futebol e o que o levou a escolher isso?
Foi o gosto. Comecei a jogar muito tarde, com 16 anos, nos juvenis do Riopele. Depois fiz uma época nos juniores do Famalicão e subi a sénior. Mas não tive formação, não tive escola. Fui por brincadeira treinar, gostaram de mim, levei aquilo a sério e as coisas correram bem.
Nessa altura, quem é que via na televisão e tentava imitar?
O Chalana foi sempre um dos meus ídolos. E o Carlos Manuel. Eram jogadores de quem eu gostava.
Depois encontra Chalana no Benfica.
É, a minha ida para o Benfica coincide com o regresso do Chalana do futebol francês. E os dois jogámos juntos e foi sempre um prazer, independentemente de ele estar já numa fase difícil, em que vinha de lesões gravíssimas. Mas, ainda assim, tinha talento que chegasse.
Era chato ter o Chalana no lado contrário? Não havia preferências de lado?
Não. Tínhamos dinâmicas diferentes. Eu era jovem, ele tinha muita experiência e repartíamos o jogo. No fundo, todos tínhamos importância.
Como é que chega ao Benfica?
Começa numa captação da selecção para o torneio de Toulon, feita no Norte, em que cada equipa indicava dois jogadores. Fiquei no banco, lesionou-se um jogador e, na altura, o António Oliveira perguntou quem é que jogava no meio-campo. As coisas começaram a correr bem, estava lá gente do Benfica a ver, e passado um tempo, fui chamado para o torneio. Entretanto, o Benfica já tinha avançado.
Pensou duas vezes?
Nada. Nem dez segundos, quanto mais pensar duas vezes. Foi logo.
A primeira vez no Estádio da Luz é sempre inesquecível?
Sim. O Benfica foi disputar a Taça dos Campeões com o PSV e foi na semana a seguir que fui fazer uns treinos para me começar a ambientar e conhecer alguns colegas. Quando o Benfica regressa, faço três dias de treinos e depois vou para a apresentação, que é uma coisa fantástica. Na altura, eram milhares de pessoas: jogadores, jornalistas, médicos, adeptos, toda uma estrutura que mexe.
E o primeiro jogo na Luz?
Houve alguma protecção por parte do Toni. Num jogo em atraso da primeira jornada, quem ia jogar era o Abel Campos. Mas ele fica com gripe nessa quarta--feira. E o Toni perguntou-me se eu estava preparado para jogar com 70 ou 80 mil pessoas. E eu disse que estava. Fiz uma boa estreia e fiquei na equipa.
As pernas tremem mesmo ou é só algo bonito para se dizer?
Tremem! Treme, mas treme tudo antes de começar. Eu estava tranquilo porque tinha ido jogar a Montpellier para a Taça UEFA e tinha entrado nos últimos 20 minutos. Depois, em Portimão, pensava que ia para o banco, mas sou titular. Para mim foi tudo vivido a 500 à hora.
Ainda por cima é campeão.
Sim, as coisas correm muito bem. Passado três meses começo a ir à selecção, as coisas também correm bem, e foram sete anos até à chegada de Artur Jorge.
Ainda em 1989 marca um golo a Preud’Homme num Portugal-Bélgica.
No Estádio da Luz empatámos 1-1.
Ouvi dizer que lhe fazia a vida negra quando jogaram juntos no Benfica.
Ele dizia que sim. Devemos ter brincado uma vez ou outra. Era de apuramento para o Mundial, eu fiz um jogo brilhante, mas fiz uma entorse já no final.
O 6-3 ao Sporting em 1994 é o momento mais memorável?
Não, tivemos muito jogos. O 3-1 ao Arsenal, o 4-4 em Leverkusen, o 2-0 e o 1-0 nas Antas. Houve muitos momentos muito bons. Esse está marcado por ser contra o grande rival do Benfica e por ter sido um jogo que quase garantiu o título.
A derrota em Parma foi difícil?
Tínhamos feito um grande jogo na Luz: ganhámos 2-1, mas podíamos ter goleado por cinco ou seis. Foi um vendaval de futebol ofensivo e oportunidades perdidas. Depois, lá, o Mozer é expulso muito cedo, foi uma lição muito bem estudada do árbitro [Mario Van der Ende, holandês]. E acabámos por sofrer um golo a sete ou oito minutos do fim num canto para o qual estávamos preparados.
Não tem Paneira no nome. É de onde?
Vem do pai do meu pai, que tinha umas padarias e chamavam-lhe o Augusto Paneira, porque tem a ver com um objecto qualquer ligado à padaria. O meu pai ficou Augusto Paneira e eu herdei “o filho do Paneira” e acabei por ficar Vítor Paneira.
Artur Jorge destruiu a mística?
Depois da passagem dele, o Benfica passou por um deserto, quer de ideias, quer da qualidade dos jogadores, quer de títulos. E claramente que ele foi responsável. Mas quem deixou fazer é tão culpado como aquele que faz. Destruiu uma equipa campeã, mandou embora jogadores campeões com uma tradição no clube.
Mas o Paneira esteve perto de nem sequer ser treinado por ele. Esteve para sair para a Juventus?
Sim, houve uma possibilidade. O Toni e o Jesualdo Ferreira chamaram-me ao bar do Hotel Continental para dizer que estava tudo preparado e que era eu que ia avançar, a dar os parabéns. Mas depois, como não tinha empresário, fiquei por terra e acabou por ir o Paulo Sousa.
Em 1995 sai para o V. Guimarães. Foi a única hipótese que apareceu?
Não, felizmente não. Tive várias hipóteses, quer para o estrangeiro, quer para Portugal, de clubes de grande dimensão, mas fiz a melhor opção para mim em termos desportivos.
Enquanto estava no Benfica, chegou a ser capa de um desportivo, num 1 de Abril, equipado à FC Porto. Isso incomodou-o?
Houve uma vez à FC Porto e outra vez à Juventus. Mas não incomoda, entendemos logo que é uma brincadeira.
Carlos Manuel era um dos seus ídolos no Benfica. Ele tentou levá-lo para o Sporting em 1998?
Quando lá fui jogar, falava-se muito disso nos corredores. Falava-se que precisava de alguém com peso no balneário e que desse alguma mística e dizia-se que eu era o jogador que ele tinha indicado para ir para o Sporting.
Em Guimarães apanhou uma equipa de sonho. Zahovic, Meira, Capucho…
Apanhei uma equipa a jogar um futebol de que qualquer treinador, adepto e jogador gosta, um futebol desinibido, de grande qualidade e que nos dava um prazer imenso em tudo aquilo que fazíamos dentro de campo. Desportivamente foi muito bom porque adorei jogar em Guimarães, adorei desfrutar aqueles quatro anos.
O terceiro jogo que faz é no Estádio…
Da Luz! E despedi o Artur Jorge.
Como foi esse regresso?
As pessoas começavam a ter muitas reticências em relação ao Artur Jorge. Numa primeira fase houve algumas bocas, criaram um ambiente de intranquilidade e agressividade. Empatámos o jogo. Eu saí em aplausos, o Artur Jorge foi assobiado e depois acabou por ser despedido.
Esperava ter jogado no Euro-1996?
Esperava. Fiz uma época fantástica, estava num momento extraordinário e havia jogadores que estavam em baixo. Esperava ter, pelo menos, uma oportunidade.
Depois reencontra o Parma na Taça UEFA. Houve sentimento de desforra?
Foi uma mistura de sensações e de emoções. Para já, tinha-nos tirado uma final da Taça das Taças em que tínhamos sido injustamente eliminados. Senti que com o Guimarães, se fôssemos capazes de fazer o que fazíamos no campeonato, teríamos uma possibilidade de eliminar uma equipa fortíssima.
Como correu?
Acabámos por perder 2-1 lá, num jogo que coincide com o nascimento da minha filha. E depois ganhámos 2-0 em casa e eu faço o primeiro golo. Eliminámos o Parma com toda a justiça.
Esse golo é marcado a um guarda-redes chamado Buffon, que tinha 18 anos.
Sim. E mais uma curiosidade: fui eu que lhe marquei o primeiro golo em competições europeias.
É um “pequeno troféu” que guarda? Costuma falar disso?
Não, é só um registo. Foi a primeira vez dele nas competições europeias, previa-se já um futuro extraordinário e eu só tive a felicidade de ser o primeiro a marcar-lhe um golo. Mas nada mais do que isso.
Sempre pensou ser treinador?
Achava que tinha algum jeito para isso. Fui sendo capitão nas equipas por onde passei, havia sempre um sentido de liderança. Tenho tido uma caminhada difícil, de degrau em degrau. Não tenho empresário e as coisas vão sendo sempre sustentadas com o que vou fazendo ano a ano. Mas estou a dar os meus passos e a fazer aquilo que eu quero.
Quem foram os treinadores que mais o influenciaram na forma de ver o jogo?
O Toni, o Eriksson, o Vítor Oliveira, o próprio Quinito, que eu admiro muito. E até com os treinadores que nos marcam de forma negativa aprendemos.
O Paneira já subiu nos distritais, na III e na II. Para quando na II Liga?
Espero que o mais rapidamente possível, desde que tenha uma equipa competitiva e com essa capacidade. Estou muito contente com a equipa que tenho. Aquilo que projectámos no início da época está a ser conseguido, mas agora temos de melhorar mais, para ter uma equipa que possa ambicionar uma subida de divisão.
Recentemente estava numa posição que poderia almejar um lugar de subida. Falou-se disso no balneário?
No balneário não, mas falou-se disso. A onda de euforia que se gerou nas pessoas depois de estarmos a fazer um início de época muito bom, poucos meses após a subida, foi natural. Estávamos a dois pontos desse lugar. Mas estivemos sempre conscientes de quanto é difícil este campeonato. Nesta altura, as coisas estão num ciclo negativo, mas a equipa tem o mesmo talento, o mesmo valor, e vai dar a volta por cima.
O que falta vai ser tranquilo?
Sim, aquilo que nos propusemos foi a manutenção e essa está praticamente garantida. Agora queremos sempre mais e queremos subir degrau a degrau. Vamos fazer tudo para isso, para subir posições.
Preferia chegar à I Liga subindo ou recebendo uma proposta de um clube que já lá está?
Gostava de chegar a subir, logicamente. É algo que nos dá outra projecção. Mas se chegar por convite é igualmente bom ou importante. Se for através de um trabalho feito, que transporte um ciclo de vitórias de uma época para a outra, é sempre bom.
-Entrevista de Vítor Paneira ao jornal I
O homem que fez a cama ao "amigo" treinador do famalicão....
ResponderEliminaro paneira nao serve pra estrutura do benfica treinador formaçao benfica?equipa b,juniores,,,,,,,,,paneira e um verdadeiro benfiquista foi grande capitao ,,,,,,,,,,,agora temos na formaçao o pepa que fez tudo pra ir pro porto ,,,paneira mozer preudhomme,,veloso,, nao servem pro nosso slb?
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