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O Benfica anunciou uma iniciativa que, infelizmente, passou em público de modo quase anónimo. Reporto-me à decisão - espero que o seja mesmo e não uma mera intenção – de promover a criação de um lar para antigos atletas. 

Dir-se-á que o objectivo principal de qualquer grande clube é a conquista de títulos e não a solidariedade. O que reconheça-se, não deixa de ser verdade.

Daí que seja normal que os clubes, além de estádios próprios, por vezes monumentais, edifiquem também centros de estágio, porque estes são percebidos como os laboratórios onde se ensaiam as jogadas e as jornadas gloriosas que hão-de ser publicamente representas no palco principal. 

Outros vão até ao ponto de instituir academias para jovens prometedores talentos. E tal realização também é vista como razoável porque, pese embora não ter um retorno de impacto imediato, se assume como investimento para o futuro, assim como quem investe em comuns crisálidas para poder vir a vender borboletas raras. 

O que é, portanto, também normal, como decorre do facto de várias serem as agremiações que perfilharam tal aposta. 

Mas o que o Benfica acaba de anunciar é completamente diferente e único. Já não se trata de investir mas de retribuir. Sim, retribuir. 

Por ter ficado a dever aos seus antigos atletas que passaram a desvalidos da vida? Não. Retribuir, e não apenas dar, porque além dos interesses da racionalidade económica e das emoções da paixão clubística há-de persistir a prevalência da gratidão e da dignidade. 

Gratidão em nome da memória. Porque um clube sem memória é um clube sem futuro. 

Dignidade porque há coisas que não têm preço por muito que custem.» 

- Paulo Teixeira Pinto, jornal A Bola, 8 de Março de 2013

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