António Tadeia critica discursos de Jesus e Vítor Pereira

Percebe-se mal a estratégia discursiva de Jorge Jesus e Vítor Pereira e a coisa ainda piora em dias como o de ontem, em que ambos vêm falar com os jornalistas. 

Vem Pereira e diz que se enganam os que acham que a Liga já está atribuída a outro clube, que só poderia ser o Benfica. Depois vem Jesus e diz que vai voltar a poupar jogadores na Liga Europa, porque a prioridade é o campeonato, como se já não lhe bastasse a exiguidade do plantel em alguns sectores.

As atitudes dos dois são claramente antagónicas. Face a um jogo com o Estoril, aparentemente de um grau de dificuldade inferior em relação ao que se lhe seguirá, com o Málaga, o que Vítor Pereira quer é manter os jogadores de interruptores ligados. 

Usa a estratégia motivacional mais comum no portismo - que é e será a do inimigo externo, os eles que não acreditem que ganhemos - para não ter uma equipa a jogar amanhã mas já a pensar no desafio seguinte. 

Já Jesus, que joga hoje com uma equipa em crise, como é este Bordéus das quatro derrotas consecutivas, fala da qualidade do adversário, sim, mas não deixa de admitir experiências e ausências a pensar no jogo da Liga que se segue, que volta a dizer que é a prioridade principal.

Nestas coisas não há certo e errado, não há uma forma correcta e outra incorrecta de abordar os jogos ou de os explicar a posteriori. Mas ainda que gostasse de pensar que Pereira e Jesus falam assim porque sabem o que têm nos respectivos balneários, acho que não. 

Acho que falam assim porque são assim: mais guerreiro e desconfiado o treinador do Porto; mais confiante e jogador o técnico do Benfica. 

E acho mais: que a este nível, os onze que jogarem quererão sempre ganhar e farão tudo por isso. Seja qual for a estratégia discursiva do treinador.

-António Tadeia, Facebook