Um estilo de jogo eficaz é, essencialmente, uma boa ideia interpretada por jogadores capazes de dar personalidade forte a uma equipa.
Benfica e FC Porto separaram-se na classificação no momento em que também se separaram nesses termos dentro do relvado. A lesão/ausência de Moutinho foi um tiro no coração tático do FC Porto. Ao mesmo tempo, Gaitán crescia (e fazia crescer a equipa) dentro da máquina tática do Benfica.
O meio-campo construtivo é o habitat destes seres superiores de futebol pensado e base de aplicação das melhores ideias. A cultura de posse do FC Porto perde visão sem o seu operário mais construtivo. A vocação criativa oscila com a inspiração e limitação física do James pós-lesão.
Noutro prisma, uma questão que condiciona o salto do futebol português para a dimensão internacional: o brutal aumento de intensidade de jogo.
O FC Porto sentiu isso na pele (e coração) em Málaga. A intensidade não é um conceito abstrato. Tem a ver com permanente nível de jogo mais alto e maiores exigências fisicas de concentração e antecipação (a chamada agressividade tática).
Preparar uma equipa para este choque não é fácil quando passa quase todo o resto da época noutro contexto, de baixa intensidade, taticamente adocicada.
A posse necessita desse upgrade de intensidade tática/física. Foi por aí (com Moutinho e James condicionados) que a equipa se perdeu, numa realidade que (com a nuvem cinzenta criada em cima da cabeça equipa) teve transfer emocional para o plano nacional sentido desde Alvalade, o primeiro jogo sem Moutinho).
Neste campo, as opções do treinador ultrapassam a mera questão tática e entram num processo global de construção da equipa (cabeça e chuteiras).
Na Luz, no plano da influência e transformação do sistema, existem duas equipas: um Benfica sem Gaitán e existe um Benfica com Gaitán.
É um jogador que mexe com o equillbrio e dinâmica de todo o onze na relação entre meio-campo e ataque. Nesse plano, a fórmula-Gaitán é muito melhor (mais rica taticamente mantendo a versatilidade técnica).
Ocupar espaços significa, ao mesmo tempo, a capacidade de... abrir espaços. Melhorando o jogo interior quase como terceiro médio, Gaitán arrasta marcações e, simultaneamente, abre espaço nes flancos.
É um caso de auto-adaptação em pleno decorrer do jogo, tal a forma como pode jogar como ala puro (posição de origem) como pode ser quase segundo-avançado e, sobretudo, como pode ser mais médio, um interior armador (pegando na bola e pensando o jogo e passe, abrindo o flanco à subida do lateral ou às movimentações inteligentes de Lima).
Não se trata de um polivalente. Trata-se de um jogador multifunções no sentido das várias soluções que dá à equipa em campo.
A criatividade, muitas vezes, resume-se em saber resolver o mesmo problema de formas diferentes.
Gaitán (viu-se em Guimarães, Braga, etc.) tem essas diferentes chaves para dar à equipa durante os jogos.»
- Luis Freitas Lobo, jornal A Bola, 20 de Março de 2013
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