quarta-feira, 20 de março de 2013

Freitas Lobo destaca grande momento de forma de Nico Gáitan


Um estilo de jogo eficaz é, essencialmente, uma boa ideia interpretada por jogadores capazes de dar personalidade forte a uma equipa. 

Benfica e FC Porto separaram-se na classificação no momento em que também se separaram nesses termos dentro do relvado. A lesão/ausência de Moutinho foi um tiro no coração tático do FC Porto. Ao mesmo tempo, Gaitán crescia (e fazia crescer a equipa) dentro da máquina tática do Benfica. 

O meio-campo construtivo é o habitat destes seres superiores de futebol pensado e base de aplicação das melhores ideias. A cultura de posse do FC Porto perde visão sem o seu operário mais construtivo. A vocação criativa oscila com a inspiração e limitação física do James pós-lesão. 

Noutro prisma, uma questão que condiciona o salto do futebol português para a dimensão internacional: o brutal aumento de intensidade de jogo. 

O FC Porto sentiu isso na pele (e coração) em Málaga. A intensidade não é um conceito abstrato. Tem a ver com permanente nível de jogo mais alto e maiores exigências fisicas de concentração e antecipação (a chamada agressividade tática). 

Preparar uma equipa para este choque não é fácil quando passa quase todo o resto da época noutro contexto, de baixa intensidade, taticamente adocicada.

A posse necessita desse upgrade de intensidade tática/física. Foi por aí (com Moutinho e James condicionados) que a equipa se perdeu, numa realidade que (com a nuvem cinzenta criada em cima da cabeça equipa) teve transfer emocional para o plano nacional sentido desde Alvalade, o primeiro jogo sem Moutinho). 

Neste campo, as opções do treinador ultrapassam a mera questão tática e entram num processo global de construção da equipa (cabeça e chuteiras). 

Na Luz, no plano da influência e transformação do sistema, existem duas equipas: um Benfica sem Gaitán e existe um Benfica com Gaitán. 

É um jogador que mexe com o equillbrio e dinâmica de todo o onze na relação entre meio-campo e ataque. Nesse plano, a fórmula-Gaitán é muito melhor (mais rica taticamente mantendo a versatilidade técnica).

Ocupar espaços significa, ao mesmo tempo, a capacidade de... abrir espaços. Melhorando o jogo interior quase como terceiro médio, Gaitán arrasta marcações e, simultaneamente, abre espaço nes flancos. 

É um caso de auto-adaptação em pleno decorrer do jogo, tal a forma como pode jogar como ala puro (posição de origem) como pode ser quase segundo-avançado e, sobretudo, como pode ser mais médio, um interior armador (pegando na bola e pensando o jogo e passe, abrindo o flanco à subida do lateral ou às movimentações inteligentes de Lima). 

Não se trata de um polivalente. Trata-se de um jogador multifunções no sentido das várias soluções que dá à equipa em campo. 

A criatividade, muitas vezes, resume-se em saber resolver o mesmo problema de formas diferentes. 

Gaitán (viu-se em Guimarães, Braga, etc.) tem essas diferentes chaves para dar à equipa durante os jogos.» 

- Luis Freitas Lobo, jornal A Bola, 20 de Março de 2013

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