A leitura dos jornais desportivos é um exercício curioso, pois exige destreza para se conseguir distinguir aquilo que pode ser dado como contratações garantidas do que não passa de especulação.
Esta é uma fase do ano desportivo em que há muita gente a tentar usar os jornalistas para veicular interesses vários, nomeadamente os que se relacionam com a valorização de jogadores no mercado, tanto interno como externo.
FC Porto, Benfica e Sporting são esquadrinhados ao pormenor a poucas semanas do início da temporada oficial.
É lógico, porém, que as atenções se concentrem, sobretudo, em portistas e benfiquistas, aqueles que, afinal, à partida, se perfilam, de novo, como principais candidatos ao título.
Já, há meses, tive ocasião de escrever que o FC Porto só foi campeão porque o Benfica o permitiu, desperdiçando, de forma surpreendente, a vantagem preciosa de que chegou a dispor.
A equipa de Pinto da Costa da última época ficou bem distante, em termos de qualidade e de performance, de outras que vimos atuar no passado, ainda recente.
A curiosidade reside em saber se o conjunto portista deste ano consegue suprir as carências que se lhe notaram, num contexto em que a provável saída de Hulk só as poderá agravar.
Quanto ao clube da Luz, vive-se o habitual fogo-de-artifício que consiste em atirar para o ar molhos de nomes de jogadores a contratar e a vender.
Não será dificil prever que Jorge Jesus só saberá exatamente com quem vai contar, em especial em relação a peças chave como Witsel, Javi, Gaitán ou Cardozo, mesmo em cima do fecho do mercado de transferências.
Obviamente, não é bom, mas tornou-se a realidade em clubes que, ambicionando boa capacidade competitiva tanto cá dentro como lá fora e necessitando de trazer algum equilíbrio ao mar encapelado das suas finanças, precisam de vender bem e comprar ainda melhor, apostando em gente com capacidade de progresso e valorização.
O futebol já não é só desporto. Infelizmente.
Luís Filipe Vieira conhece o negócio e, naturalmente, terá de tomar decisões atempadas para que os objetivos da época não acabem comprometidos.
Independentemente do que venha a fazer em matéria de contratações, necessita também de garantir que as falhas que afastaram o clube do título são solucionadas.
O acompanhamento próximo do trabalho de Jesus, sem dúvida um bom técnico, mas que se deixa deslumbrar com grande facilidade e comete erros por isso mesmo, é tarefa a que os sócios irão estar atentos.
Do mesmo modo que a intransigência quanto à qualidade e independência da arbitragem e modernas políticas de relacionamento com a opinião pública e a massa associativa se impõem como elementos estruturantes de uma ambição renovada.
O sucesso dessa estratégia constituirá a argamassa para o reforço da união entre benfiquistas.
Em ano eleitoral, o Benfica só terá a ganhar se viver em clima de unidade interna.
Quanto maior a estabilidade em torno da direção, maiores as chances de uma época bem-sucedida.»
- José Eduardo Moniz, jornal Record, 5 de Julho de 2012
A seriedade deste senhor é impressionante; há pouco tempo, LFV não prestava para o Benfica, e considerava candidatar-se contra ele; agora, que os estatutos não o permitem, já LFv sabe da poda como ninguém. Que negócios os unem?
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