O treinador do Benfica, Jorge Jesus, disse em entrevista publicada por Record há um par de semanas que é importante ter capacidade para "inventar".
É uma boa frase, entre algumas declarações importantes que JJ fez.
E a frase é tanto mais importante quanto é o esforço que ele faz para lhe dar substância. Acontece ao técnico do Benfica ser muitas vezes parodiado pelo estilo mas não há quem lhe possa apontar-lhe um discurso vazio, sem sentido.
Jesus diz que é importante um treinador "inventar", mas não deixa a coisa em suspenso, parte para a experimentação de soluções que ele vai idealizando com os jogadores disponíveis.
Mal comparado, o processo é um pouco como o do cientista, que antes de chegar a uma descoberta, a uma lei, a uma solução, tem de a experimentar e testar até atingir um resultado que se possa verificar repetidamente.
Mas antes de tudo, começa por se interrogar: “E se isto for assim?”: Bom, o treinador do Benfica ganhou maior credibilidade desde que resolveu adaptar o antigo extremo Fábio Coentrão a lateral-esquerdo e o transformou num dos melhores jogadores do Mundo nessa posição.
E nem sequer foi o primeiro a fazê-lo no Benfica, pois já antes Chalana tinha visto um grande defesa-direito em Miguel e o que é facto é que este se tornou uma referência na posição e acabou mesmo por tirar o lugar de efetivo a Paulo Ferreira, na Seleção Nacional.
Também acontece as invenções darem mau resultado.
Por exemplo: Quique Flores achou que David Luiz podia dar um bom lateral-esquerdo e acabou por colher maus resultados, como foi perder com o Sporting (3-2), e os golos terem todos origem em erros do brasileiro agora estrela do Chelsea... como defesa-central.
Jorge Jesus entendeu que a solução inventada pelo treinador espanhol não tinha sido devidamente experimentada e ele próprio decidiu espalhar-se, quando quis David Luiz a defender Hulk, na lateral, com os resultados que se conhecem, ou num célebre jogo em Liverpool, onde também por ali nasceu uma goleada das antigas.
Desta vez, Jorge Jesus tenta encontrar novas opções, ainda e sempre para as faixas laterais da defesa.
Sem alternativas a Maxi Pereira na direita, e apenas com o novato Luisinho (ex-P. Ferreira) para esquerda, JJ inventou no estágio francês duas soluções que não lembrariam ao treinador mais imaginativo.
A mais surpreendente é atribuir a Melgarejo, avançado melhor marcador dos pacenses na época passada (10 golos), a função de defesa-esquerdo; a outra (já falada noutros fóruns) passa por ter Yannick como alguém capaz de jogar mais recuado (à semelhança do que sucedeu com Miguel).
Não se sabe o que poderá vir a sair destas duas iniciativas de JJ, mas, para além de revelarem uma grande "capacidade inventiva", também servirão para mostrar que uma equipa que causa tanta inveja na Europa, segundo palavras de Luís Filipe Vieira, tem algumas lacunas que as incursões no mercado ainda não resolveram.
Continua, pois, Jesus confinado ao laboratório das suas experiências, desconhecedor ainda das suas hipóteses de sucesso ou fracasso na adaptação de dois avançados a laterais.»
- António Varela, jornal Record, 17 de Julho de 2012
O Miguel nas camadas jovens era avançado. O Maxi e o Luisinho no inicio das suas vidas profissionais eram extremos. O que é mais frequente é esta invenção. O Melgarejo não sei se será um bom lateral. Mas fazer de lateral não lhe faz nenhum mal porque se quer vingar como extremo também tem de saber fechar o corredor. E sinceramente parece-me que ele, tal como o Coentrão, são mais fortes embalados de trás. Porque um extremo se quer ser de top tem de saber inventar, e passar por dois ou três num ou dois metros.
ResponderEliminarÉ tão bom inventor que levou com as maiores humilhações, dadas pelo fcp, que o Benfica alguma vez sofreu.
ResponderEliminarQue mania de se porem de cócoras.
fersal