«Sinto-me como um adolescente a desfrutar da profissão»: assim disse Luisão no final do seu primeiro jogo na Liga após a suspensão de dois meses.
De uma forma tão sucinta quanto expressiva, o jogador do Benfica juntou paixão pela profissão, afecto pelo clube e entusiasmo peio regresso.
Luisão é o jogador do plantel encarnado com mais anos no clube. Dez com esta temporada.
Trata-se de um atleta que alia uma compleição física de eleição a um uso criterioso da sua larga experiência. Não é um superdotado, mas não deixa de constituir uma trave-mestra que qualquer treinador gosta de ter.
Aos 31 anos chegou à idade em que, no futebol, se é definitivo. No melhor e no pior. Volto à adolescência. Que, nas suas entranhas, transporta o sonho às vezes ainda por sonhar e o tempo que se crê infinito na evolução natural do adolescer. Por isso, gostei da frase de Luisão. E do seu enamoramento (adolescente) pelo clube que representa.
Porque o jogador é, antes de mais, pessoa. E, enquanto tal, com a sensibilidade, a percepção, a vontade, o discernimento, o coração que não são, nem podem ser visíveis num qualquer cartão de cidadão ou passaporte.
A confissão do jogador foi sobretudo a confissão do homem que sonha e busca. Com a impressiva cor da adolescência revisitada num dia curiosamente outonal. Quase com o sorriso da criança que, por certo, continuará a existir dentro do homem.
Porque, já Miguel Torga escrevera: «Não desisto de ser criança. É o que me vale.»
O seu golo do regresso é o presente que deu aos benfiquistas, dois dias após o Thanksgiving Day. De cabeça e com cabeça. Obrigado.»
- Bagão Félix, jornal A Bola, 28 de Novembro de 2012
- Bagão Félix, jornal A Bola, 28 de Novembro de 2012