segunda-feira, 6 de maio de 2013

António Varela: Jesus e o Benfica: aliança incondicional



1. Passou mais uma semana e o Benfica venceu dois jogos em que fez prova de vida como candidato a ganhar a Liga e a Liga Europa. As águias consideraram-se praticamente campeãs com a vitória na Madeira e transformaram o Estádio na Luz na antevisão do que poderá ser o triunfo na competição europeia, com a eliminação do Fenerbahçe. Embora, na verdade, o Benfica nada tenha ganho ainda, estes dois resultados obrigaram Luís Filipe Vieira a desfazer o tabu do treinador. Que diz ele, continuará a ser Jorge Jesus. 

2. Mesmo que o Benfica falhe a sua época de sonho, os adeptos que vibraram com a afirmação de um futebol brilhante sobre os turcos, na meia-final de quinta-feira, dificilmente compreenderiam a dispensa do treinador que lhes devolveu as emoções do jogo. No final da sua quarta época na Luz, o balanço dos títulos conseguidos por Jesus está mais do que esgotado - não foram tantos como o brilho do futebol faria supor -, mas só agora se vai percebendo o que vale para os adeptos do clube e para os adversários (que o foram namoriscando) a impressão do trabalho do treinador sobre a qualidade da equipa.

3. Luís Filipe Vieira foi mantendo o futuro de Jorge Jesus em suspenso, sustentando essa posição nas vitórias que ainda teria de garantir e não garantiu, mas o triunfo sobre o Fenerbahçe e a demonstração de empatia do público face ao técnico foram um argumento irresistivel. Quem lhe perdoaria se deixasse escapar JJ para a concorrência?

4. O treinador das águias perdeu-se algumas vezes nas últimas épocas por estar convencido da sua infalibilidade, mas até aqui mostrou ter crescido. E Melgarejo ficou no banco frente ao Marítimo e ao Fenerbahçe. Oferecer golos na 1ª jornada da Liga é aceitável, nove meses depois, na meia-final da Liga Europa, já foi demasiado.

5. A frente alemã avançou para a final da Liga dos Campeões, a provar que os espanhóis não aprenderam nada com o que lhes aconteceu na época passada. Os alemães podem. E podem muito, mesmo contra Messi e Ronaldo.

6. Viu-se esta semana algo inimaginável, em Portugal: os dirigentes do futebol a ganharem juízo. E essa vantagem deve ser creditada à equipa que atualmente dirige a Federação e recusou a ratificação da infantilidade que seria um alargamento incompreensível. O futebol é um jogo, um espetáculo - a discussão está em aberto -, mas há muito deixou de ser uma brincadeira.

7. Em maio é assim, no desporto português: há um vírus que aparece e espalha insanidade por todo o lado. Ontem manifestou-se com intensidade no jogo que decidia o campeonato de voleibol. O Benfica diz-se campeão, o Sp. Espinho contesta. É um arraial.» 


- António Varela, jornal Record, 5 de Maio de 2013

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