segunda-feira, 4 de novembro de 2013

António Varela sobre os 10 anos de Vieira: Está ainda muito por fazer!



1 - Não terá sido exatamente a comemoração com que sonhou para os seus dez anos de presidência do Benfica, mas a vitória mais folgada da equipa de futebol esta época foi o contrapeso ideal que Luís Filipe Vieira teve para oferecer aos adeptos, quando apresentou um resultado negativo de 10,4 milhões nas contas da SAD. Tratou-se de um risco assumido (e controlado), a não venda de jogadores na última janela de mercado que agora coloca os números ainda mais no vermelho, mas o risco mantém-se até ao próximo verão, quando, com ou sem resultados desportivos, o Benfica vai ter de vender.

2 - O presidente recebeu uma prenda simbólica da equipa, materializado no 3-0 de Coimbra, apoiada ainda na declaração do treinador, a assumir finalmente que quer ganhar tudo, mas se em maio não existirem resultados para apresentar colocar-se-á um problema de legitimidade. O que Vieira quererá evitar.

3 - Quando a equipa retoma um caminho que pode conjugar melhor futebol com resultados, o presidente do Benfica tem novos desafios colocados por antigos poderes do futebol português, agora que a liga volta a ser declarada acontecimento de interesse público e a Benfica TV terá de ceder o sinal de três jogos. Não faltarão temas à agenda de um presidente que prometeu ganhar a hegemonia para o clube, mas tem muito por fazer. Demasiado, até.

4 - Foi de todo incompreensível a intranquilidade que se apoderou do Sporting por ter perdido o clássico com o FCPorto. Declarações de impaciência, mudanças anunciadas, tudo à fugir ao registo racional que Leonardo Jardim tem procurado impor em Alvalade. São defeitos da juventude de um projeto onde se respira demasiado depressa. Ontem, a coisa compôs-se.

5 - O FC Porto tinha cinco pontos de vantagem, que depressa passaram a três, depois de jogar no Restelo num registo que não faz justiça à máquina que tudo controla, mas afinal não domina a vontade dos jogadores. O campeão continua em crise de crescimento; o treinador ainda não passou a prova de afirmação pessoal.

6 - A liderança de Mário Figueiredo, na Liga, sofreu mais um ataque fortíssimo, a atestar que os interesses ocultos do sistema são mais consistentes do que a bondade da sua proposta de centralização dos direitos televisivos. Na prática, há sempre quem tenha mais para oferecer do que um um civil bem-intencionado.

-António Varela, jornal Record

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