Das cenas mais canalhas que o pobre Futebol português foi testemunha: a de um árbitro, que umas semanas antes tinha martelado um resultado descaradamente, oferecendo de bandeja o título ao clube do regime corrupto, beijar e ser beijado no pescoço por aqueles a quem fizera o favor de tornar campeões.
Cada ósculo foi um asco. Vaidoso, prepotente em relação aos que prejudica e submisso perante quem realmente lhe dá ordens, o Azeiteiro-da-Cabeça-d'Unto demonstrou publicamente, em exagero, a estrutura moral que o sustenta, dobrando a espinha como vime fino em tarde de ventania.
Não sabemos se, na véspera, terá sido convidado para um dos famosos cafés naquela casa iluminada da Madalena que serve de palácio à Rainha.
Se foi, não é de estranhar. De cócoras, à frente do patrão, limitou-se a ser o atoleimado presunçoso que sempre foi, cantando desafinadamente o "God Save the Queen" antes de surgir na pantalha de todos nós a mendigar que o deixem aparecer mais vezes no palco daquele jogo que se tornou, para ele, uma espécie de fetiche, marcando-o com pilhagens inesquecíveis.
Miserável arbitragem, esta das malfeitorias consecutivas!
Um cancro que se espalha há anos em metástases pelo Futebol português, Ajoelhados, os sinistros senhores de preto, cantam os parabéns à Rainha que acaba de cumprir sete décadas e meia de esbulhos.
Em coro: "God Save the Queen/her fascist regime/ God Save the Queen/she ain't no human being..."
P.S. – Quando um jogador se comove a lembrar uma vitória conseguida à custa da mais incrível das batotas, revela muito sobre o seu carácter. E ainda mais sobre a falta dele.
P.S. 1 – Cuidado! Muito cuidado! O Azeiteiro teima em oferecer-se para resolver o Campeonato. E ele sabe como fazê-lo. Já nem seria a primeira vez.»
P.S. – Quando um jogador se comove a lembrar uma vitória conseguida à custa da mais incrível das batotas, revela muito sobre o seu carácter. E ainda mais sobre a falta dele.
P.S. 1 – Cuidado! Muito cuidado! O Azeiteiro teima em oferecer-se para resolver o Campeonato. E ele sabe como fazê-lo. Já nem seria a primeira vez.»
- Afonso de Melo, jornal O Benfica, 4 de Janeiro de 2103
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