José Manuel Delgado: Proença titular no Dragão

Quando, há um ano, foi contemplada nos regulamentos a possibilidade de árbitros estrangeiros dirigirem jogos das competições portuguesas, nunca esteve em causa a competência ou idoneidade dos juízes de campo nacionais, mas sim a constatação de uma realidade incontornável: depois de vários anos ao mais alto nível, o lastro de polémicas do passado que acompanha os principais árbitros pode tolher-lhes os movimentos e toldar-lhes o discernimento.

Ninguém duvida que Pedro Proença subiu onde nenhum outro árbitro português chegou e, no topo do Mundo, provou ser tão bom quanto os melhores. Da mesma forma, ninguém duvidará que o FC Porto-Benfica de amanhã apresenta, para Pedro Proença, um grau de dificuldade maior do que o Bayern-Chelsea ou o Espanha-Itália da época passada. 

Pelo contexto e pelo histórico, o clássico de amanhã vai ser o jogo mais difícil e ingrato da carreira de Pedro Proença.

Vítor Pereira, ao decidir-se pela nomeação de Pedro Proença para a finalíssima do Dragão, foi fiel ao princípio «os melhores árbitros para os jogos mais difíceis», mas não deixará de pedir a todos os santinhos que o juiz de Lisboa (e os auxiliares...) esteja numa noite de acerto. 

A estatística mostra que o FC Porto é muito mais feliz com Proença que o Benfica, os dragões só perderam um dos 28 jogos que realizaram sob a autoridade do árbitro de Lisboa, enquanto os encarnados perderam seis dos 21 encontros que jogaram com Proença como árbitro.

Mas como as estatísticas valem o que valem e os números, quando torturados acabam sempre por dizer-nos o que queremos ouvir, o melhor é que cada equipa se preocupe com o jogo e esqueça o árbitro. 

E que este tenha a melhor noite da sua carreira!» 

- José Manuel Delgado, jornal A Bola, 10 de Maio de 2013