Planeta Benfica
Noticias, Fotos, Videos, Resumos de Jogos e Artigos de Opinião acerca do Benfica e de tudo aquilo que o rodeia
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Bagão Félix fala em estalinismo para criticar foto apagada de Jesus
1. O treinador do Benfica está em merecido gozo de férias, depois do bicampeonato. No seu ainda clube (que lhe paga até 30/6), já não há contactos, a não ser os convites para cativar outros empregados a ir com ele para o SCP. Já neste clube, o trabalho não pára, mesmo em férias. No mundo à parte que é o futebol (com ou sem fairplay) esta é a prática, bem sei. Acontece que, neste caso, a transumância faz-se num contexto e ambiente de todo inabituais. J. Jesus saberá todos os 'segredos de fabrico' do Benfica e detalhes do planeamento da nova época. Algum cuidado e atenção para com a ainda sua entidade patronal seriam sensatos e justos. Pelo menos por respeito aos sócios e simpatizantes do SLB a quem JJ pediu sempre um apoio incondicional.
2. Esta mudança, de que tenho pena, mas respeito, faz-me lembrar o que já aconteceu no sistema bancário com toda a 'normalidade': presidente do Banco A mudando, de um dia para o outro, para o Banco B, Governador do B. Portugal a passar fulminantemente de supervisor para banco supervisionado e vice-versa. Lamentável e só possível num país onde as regras éticas andam pelas ruas da amargura.
3. Aliviado fiquei por um redundante 'consultor motivacional' e muito bem pago ter acompanhado Jesus para Alvalade. Qualquer atleta do Benfica ou está motivado pela possibilidade de jogar lá, ou então não há consultor motivacional (nome curioso e evidentemente abrasileirado) que o motive.
4. Lamentável, o 'revisionismo estalinista' subjacente à ideia peregrina de tirar JJ da fotografia dos campeões 2014/15. Como disse Aristóteles, o passado é tão exacto que nem Deus o pode apagar...
- Bagão Félix, jornal A Bola, 11 de Junho de 2015.
Coentrão a caminho da Luz
Fábio Coentrão é cada vez mais um alvo concreto do Benfica para a próxima temporada e a chegada do internacional português a uma casa que bem conhece começa a ganhar contornos realistas, segundo informações recolhidas pelo zerozero.pt.
Depois de ter dito de forma categórica que em Portugal só admite representar os bicampeões nacionais, na sequência do alegado interesse do Sporting, o esquerdino de 27 anos tem sido tema de conversa entre as águias e o Real Madrid que até já terão chegado a um acordo para a cedência de Fábio Coentrão por empréstimo.
As boas relações entre os dois clubes terá facilitado o entendimento, faltando agora avançar para as negociações com o lateral natural de Vila do Conde. O salário que Coentrão aufere em Madrid situa-se acima do teto estabelecido por Luís Filipe Vieira, pelo que vai ter de haver forçosamente um encontro de vontades entre as duas partes.
O certo é que o internacional luso pretende voltar a desempenhar um papel de destaque com vista ao Campeonato da Europa do próximo ano, depois de ter deixado para trás uma época menos conseguida em Madrid. Em 2014/2015, Fábio Coentrão disputou apenas 17 jogos oficiais pelos merengues em todas as competições, sendo que também não entra nas contas de Rafa Benítez para a nova temporada.
-Fonte: zerozero.pt
Bernardo Ribeiro: Saída de Jesus não matou a águia
Um novo treinador depois de seis épocas de convivência marca qualquer clube. Contratá-lo após Jesus, que ganhou três Ligas nas últimas seis, mais ainda. Num dos mais conturbados defesos de que há memória, a chegada de Rui Vitória ao Benfica é mesmo marcante. Somada à mudança de paradigma, defendida por Vieira, leva-nos a um clube à procura de nova vida. Entre a aposta na formação e o desejo do tri, há gerações, uma miragem, a águia faz um caminho que deve trilhar com cautela.
Não será a aposta nos jovens do Seixal que dará maior competitividade ao Benfica. A ideia passa sim pela racionalização de custos, sendo que os salários baixos de quem chega da formação deixarão margem orçamental para as trutas. Mais, Vieira percebeu que os jovens podem render bom dinheiro mesmo sem chegarem à titularidade. Valores como Bernardo Silva ou Cancelo provaram a teoria. Com Vitória ao leme, homem sem medo de apostar nos miúdos, sejam de que nacionalidade forem, a política pode trazer ainda melhores resultados financeiros à tesouraria da Luz.
A chegada de Rui Vitória ao Benfica tem sido abafada pela tempestuosa saída de JJ e consequente despedimento de Marco Silva. Uma injustiça que não deverá durar muito tempo. O ex-técnico vimaranense merece ser levado muito a sério. Os bons trabalhos realizados nos clubes anteriores, o conhecimento global do futebol nacional em todas as suas vertentes e um pragmatismo que poderá ser útil a quem terá agora melhores armas para entrar na luta, fazem dele um dos favoritos à conquista do título. Sim, pode dizer-se que o Benfica é sempre candidato. Mas é bom que não se pense que a saída de Jesus matou a águia. Ela está apenas à procura de uma nova identidade. E pode bem continuar a ganhar.
- Bernardo Ribeiro, jornal Record, 12 de Junho de 2015.
quinta-feira, 11 de junho de 2015
Vítor Serpa diz que Rui Vitória poderia vir para adjunto de um treinador mediático
Todos os indicadores conhecidos dão Rui Vitória como próximo treinador do Benfica. Porém, a demorada gestão do anúncio oficial vai dando oportunidade a diversas e inevitáveis especulações.
De facto, nem para contratar José Mourinho ou Pep Guardiola o Benfica precisaria de tanto tempo e, por isso, calcula-se que as conversações com Vitória (treinador) depois de tudo acertado com o Vitória (clube) tivessem sido fáceis, rápidas e conclusivas.
Falemos então de especulações que se ouvem sobre o estranho calendário da comunicação do Benfica.
O primeiro argumento diz respeito ao facto do Benfica ter a noção clara de que o povo benfiquista não ficará propriamente entusiasmado com a troca de uma certeza como Jorge Jesus por uma dúvida como Rui Vitória. Claro que ninguém ousará contestar os méritos do novo treinador no excelente trabalho realizado em Guimarães, mas há sempre a ideia de que falta provar capacidades técnicas e psicológicas num clube grande em tudo e, especialmente, na pressão do dia a dia. Daí que não haja qualquer pressa no anúncio oficial.
O segundo argumento é mais elaborado. Diz-se que o Benfica poderá querer apresentar, primeiro, uma grande contratação como jogador, alguém que seja capaz de chamar de tal forma a atenção que, de uma vez, diminuirá o impacto da saída de Jorge Jesus e tornará a entrada de Rui Vitória menos visível, ou seja, mais discreta.
O terceiro e último argumento é quase impensável e só surge ao nível mais delirante da especulação. O Benfica estaria a fechar a contratação de um treinador mediático e Rui Vitória seria, apenas o seu número dois.
- Vítor Serpa, jornal A Bola, 11 de Junho de 2015
sábado, 14 de dezembro de 2013
Octávio Machado acusa Pinto da Costa: Mentiroso e Manipulador
"Mentira" e "manipulação" são palavras usadas por Octávio Machado na entrevista ao "Correio da Manhã" publicada este sábado, na qual se defende das acusações de Pinto da Costa no livro recentemente publicado pelo dirigente portista, "31 anos de presidência, 31 decisões".
O antigo treinador dos dragões explica que, em 2001/2002, quando foi chamado para suceder a Fernando Santos sabia que a tarefa não seria "fácil". "O FC Porto vinha de duas épocas sem ganhar o campeonato, uma das quais em que foi eliminado na pré-eliminatória da Champions pelo Anderlecht. Não era uma tarefa fácil, mas aceitei. O senhor Pinto da Costa fez o que sempre fez quando teve as 'calças a arder', que foi tomar o caminho de Palmela", começa por afirmar, explicando igualmente que "nunca" vetou a entrada de Mário Jardel.
E concretiza, quando confrontado com a afirmação de Pinto da Costa que escreve que o antigo treinador terá preterido o brasileiro porque ia jogar em 4x4x2 com Domingos e Clayton.
"O Domingos nunca fez parte do plantel. Foi excluído pelo senhor Pinto da Costa na nossa primeira reunião e, aliás, nessa época foi o treinador da equipa B. O senhor Pinto da Costa mentia a falar, agora mente a escrever. Há uma foto minha com o Domingos no livro, durante um jogo. É manipulação. Domingos não fez parte desse plantel e a partir daí toda a conversa do Jardel está explicada".
-Noticia retirada do site do jornal Record
José Manuel Delgado: Benfica perde de goleada para o Sporting na coragem de apostar nos jovens da formação
Luís Filipe Vieira percebeu os desafios do futuro e apostou fortíssimo no Futebol Caixa Campus do Seixal, infraestrutura que colocou o Benfica no caminho certo como potência formadora no contexto do futebol nacional.
Graças a esta decisão estrutural, os encarnados, a pouco e pouco, aproximaram-se do Sporting, a quem chegam a superar, hoje em dia, em vários capítulos, nomeadamente nos títulos da formação e no número de internacionais em cada escalão. Porém, perdem de goleada para os leões num outro aspeto: o da coragem de apostar nos jovens da casa.
Poder-se-á dizer que a recente crise do Sporting acelerou o crescimento de alguns jogadores, com o caso mais flagrante a ser o de William Carvalho; mas outros momentos houve, sem crise de qualquer espécie, em que Quaresma, Hugo Viana, Cristiano Ronaldo, Rui Patrício, Moutinho ou Veloso foram lançados. Ou seja, o clube de Alvalade, talvez por ter começado mais cedo nesta prática, assume com a naturalidade o que ainda falta ao grémio da Luz, a aposta na produção própria.
O Benfica, neste momento, tem excelentes jogadores jovens, que pedem uma oportunidade séria. Ivan Cavaleiro é um deles, João Cancelo, outro, e Bernardo Silva, que acaba de renovar contrato até 2019, é visto pela generalidade dos observadores como a mais séria revelação encarnada desde Rui Costa. Porém, se continuar a marcar passo na equipa B, se as portas da turma principal se mantiverem fechadas, atrasará a evolução que se lhe antevê.
Seguramente, com o caminho que o País leva, a aposta na formação é o único caminho viável para manter bons níveis de competitividade. Mas não vale a pena ter formação se o objetivo for o de vencer títulos. Porque o mais importante é ganhar jogadores.
- José Manuel Delgado, jornal A Bola, 13 de Dezembro de 2013
João Malheiro: Derrota em Atenas foi uma das maiores mentiras de sempre
O Benfica protagonizou uma bela noite europeia. O objetivo primacial não foi alcançado, o apuramento para a fase seguinte da Liga dos Campeões? Verdade que sim. Só que o triunfo foi de inequívoca justeza e já se admitia, à partida, que na Grécia os ventos não iriam soprar de forma favorável à prossecução dos nossos intentos.
Deu muito Benfica e limitado PSG. Os franceses subestimaram o embate? Uma falácia. Com menos alguns jogadores, em tese titulares, nem por isso deixam de ser uma equipa rica e uma... rica equipa. E o Benfica? Continuou ou não com a ausência forçada de unidades nucleares? Salvio, Cardozo, pelo menos esses. Com que resposta? Empreendedora, exclamativa, triunfante.
Esta campanha europeia fica, dramaticamente, marcada pelo desaire em Atenas. Na capital helénica, a formação rubra autenticou um dos melhores desempenhos de todo o seu historial europeu. Perdeu o jogo, naquela que constituiu uma das maiores mentiras de sempre. Foi o domínio do jogo, amplo e convincente, foram oportunidades de golo desperdiçadas em série. Aconteceu. Dolorosa e não menos injustamente.
Importante, agora, é que se reúnam vontades para atacar a Liga Europa com, pelo menos, a mesma maturidade que aquela que patenteámos na pretérita temporada. Só? Também que este justo êxito, frente ao PSG, tenha ultrapassado o trauma do empate com o Arouca.
A Liga nacional exige muita competência, para já não falar de persuasão, do Benfica nos próximos capítulos. Importa vencer o Olhanense, também o Vitória de Setúbal, para rececionar o FC Porto, no mínimo, em igualdade pontual. E decidir o Campeonato? Decidir uma etapa de quem aspira a um futuro vermelho.
- João Malheiro, jornal 'O Benfica', 13 de Dezembro de 2013
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
José António Saraiva: Jesus renasceu das cinzas e Paulo Fonseca parece moribundo
Esta jornada da Liga assistiu a duas ressurreições, a uma semirreconciliação, a uma confirmação e à preparação de um funeral. As ressurreições foram de Lima e de Rodrigo, a semirreconciliação foi dos adeptos do Benfica com Jesus, a confirmação foi o Sporting e a preparação do funeral envolveu Paulo Fonseca.
Lima marcou dois grandes golos, um deles num livre direto portentoso, o que levanta uma dúvida: por que não marca mais vezes esses livres? Quanto a Rodrigo, o golo em Vila do Conde (depois de outro em Bruxelas) é um raio de esperança após o apagão iniciado em S. Petersburgo.
As duas vitórias do Benfica também contribuíram para a reaproximação entre os adeptos e Jorge Jesus. Olhado com desconfiança desde o final infeliz da época passada, Jesus tornou-se no domingo o melhor técnico da história do clube - excetuando o mítico Janos Biri - com 160 vitórias em 233 jogos. A seguir vem Eriksson, com 159 êxitos nos mesmos jogos. E Jesus tem enfrentado uma época dificílima, pois não consegue manter a mesma equipa (e o mesmo modelo) de um jogo para outro.
Quando as coisas parecem estabilizar, lá vêm mais umas lesões que estragam tudo. Cardozo, Salvio, Siqueira, Sílvio, Enzo, Gaitán, Amorim, Markovic, Sulejmani, Fejsa - todos já se lesionaram esta época com alguma (ou muita) gravidade. É de mais!
De qualquer modo, penso que o modelo ensaiado nos últimos jogos, com três jogadores no meio-campo (Matic, Enzo e um terceiro - seja Fejsa, Amorim ou um dos Andrés), torna a equipa muito mais equilibrada, aumentando as hipóteses de ser campeã. Quanto a Paulo Fonseca, não tem tido sorte. Mas desceu tão baixo na cotação dos adeptos portistas que estes já começaram a preparar-lhe o enterro. Se Jesus renasceu das cinzas, Fonseca parece moribundo. Mas, no futebol, as mortes e as ressurreições são muitas vezes temporárias.
O Sporting voltou a mostrar que é a melhor equipa, a mais estável, a mais agressiva, a mais confiante, e goleou com naturalidade a grande desilusão desta época, o Paços de Ferreira.
Depois de um período longo de hegemonia do Porto, seria interessante ver um campeonato disputado a dois entre o Benfica e o Sporting. Reviver-se-iam velhos tempos.
- José António Saraiva, jornal Record, 4 de Dezembro de 2013
Bagão Félix: Benfica tem 5 pontos a menos devido a erros de arbitragem
O que parecia improvável aconteceu: O Porto perdeu 7 pontos nas últimas 3 jornadas, desperdiçou 5 de avanço e está agora a 2 dos rivais lisboetas. Só Olhanense e Arouca fizeram menos pontos. 2 golos marcados e 3 sofridos. Mesmo com Capela-juiz - nas bocas do dragão etiquetado de encarnado - a ver capela-jogador - academista 'fazer' penalty. E Sérgio Conceição a não querer comentar a arbitragem. O respeito ainda é o que era. E o poder também...
Nestas mesmas jornadas, só o Benfica e o Sporting fizeram o pleno. O Benfica com 2 jogos fora e o Sporting com 2 jogos em casa. Com alguma fortuna, reconheça-se. Do Benfica contra o Braga e do Sporting em Guimarães. Nos 3 jogos em que até agora o Benfica perdeu 7 pontos, Jorge Sousa não assinalou no Funchal um penalty mil vezes mais claro do que Capela apitou na Lusa Atenas, em Alvalade a gravata sobre Cardozo virou fraque para Hugo Miguel e o Belenenses empatou com um fora-de-jogo que um míope de 20 dioptrias teria visto. Seriam - talvez - mais 5 pontinhos.
Voltando ao Porto a crise já vem de trás, ainda que muito disfarçada. É certo que foi bicampeão com Vítor Pereira. Mas na 1ª época, foi a coligação 'Benfica, Proença, Maicon-fora-de-jogo' que lhe ofereceu o título. Na 2ª, foi mais uma vez o Benfica que o perdeu ingloriamente.
Na Taça de Portugal foi eliminado pelo Braga. Na Taça da Liga, soçobrou perante o Benfica e numa final com os minhotos. Na Champions, ficou em 3° num grupo ganho pelo... Apoel (e depois eliminado pelo Man. City por 6-1 nos 1/16 da Liga Europa) e, no ano seguinte, foi eliminado pelo Málaga nos 1/8 de final.
O mercado de Inverno promete...
- Bagão Félix, jornal A Bola, 4 de Dezembro de 2013
António Tadeia: As diferenças entre Jesus e Eriksson
O facto de Jorge Jesus ter ultrapassado Sven-Goran Eriksson em total de vitórias aos comandos do Benfica e, sobretudo, a circunstância de o ter feito em igual número de jogos não é apenas uma simples curiosidade estatística. Vem reforçar a ideia de que este treinador tem feito um trabalho excelente na Luz. Mas a realidade mede-se bastante para lá destes números. Mede-se em títulos: e aí Jesus fica bem atrás do sueco. Mede-se também em influência doutrinária: e, sendo verdade que só o tempo responderá de forma cabal a este aspeto, também aqui dificilmente Jesus poderá vir a deixar um legado semelhante ao de Sven.
Tanto Jesus como Eriksson chegaram ao Benfica em alturas traumáticas. De Jesus, por ser recente, quase todos conhecem a história: entrou em 2009 num Benfica em crise profunda (uma vez campeão em 15 anos, e da maneira que foi...) e ganhou a Liga de 2010 com o brilho inquestionável de um futebol superofensivo. Há 30 anos, quando Fernando Martins trouxe Eriksson para Lisboa, os encarnados vinham de cinco anos com apenas um campeonato ganho (o FC Porto vencera em 1978 e 1979 e o Sporting em 1980 e 1982). Normal? Visto à luz dos dias de hoje, talvez, mas nessa altura o Benfica vivia regularmente ciclos de três títulos a cada quatro épocas. Eriksson chegou, revolucionou o treino e as mentalidades, e em dois anos esteve numa final da Taça UEFA, ganhou duas Ligas e a admiração dos adeptos portugueses.
O pior, para ambos, foi a continuação. Eriksson voltou quase uma década depois a Portugal, mas deixou no ar um certo clima de aburguesamento, a imagem de um treinador que já não se movia em função das ideias mas sim do dinheiro. Jesus foi ficando, tanto por convicção de um presidente que acredita nele e nas virtudes da estabilidade, como pela sua própria incapacidade para trabalhar fora do país, mas o mais que tem conseguido obter são épocas perdidas à beira da meta, num ambiente de exaustão (física e psicológica) geral.
No fundo, o que separa Jesus e Eriksson é mais que uma vitória. Um foi um príncipe capaz de convencer toda a gente com um sorriso mas mais dado aos prazeres da vida mundana do que ao esforço e ao suor; o outro é um trabalhador obsessivo e incansável, mas incapaz de mobilizar vontades até mesmo no interior do balneário.
Eriksson teve tudo para ser um dos grandes e não quis - porque não o foi, por mais dinheiro que tenha ganho. Jesus quer tanto e daria tudo por sê-lo, mas não pode. Ao Benfica, mais que decidir quem foi melhor, daria um jeitão ter um misto dos dois. E já o teve. Chama-se Mourinho.
- António Tadeia, jornal Record, 4 de Dezembro de 2013
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
José Manuel Delgado sarcástico sobre a crise portista: Não basta soltar os Super Dragões contra os jogadores
Na vã tentativa de tapar o sol com uma peneira, os responsáveis do FC Porto optaram, de algum tempo a esta parte, por um discurso sem aderência à realidade, onde exibições manifestamente medíocres eram apresentadas como grandes momentos de futebol, aqui e ali traídos pela ineficácia atacante.
Como Abraham Lincoln disse um dia «é possível enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas é impossível enganar todas as pessoas o tempo todo», ou seja, a verdade é como o azeite e não há cosmética que dure sempre. E a verdade, neste caso, é que o FC Porto encaixou 70 milhões de euros com as vendas de James e Moutinho e não foi feliz na forma como operou a substituição destes dois talentosos jogadores.
Ao mesmo tempo apostou num jovem treinador, que esteve em grande na temporada passada, e agora está a lançá-lo às feras, chutando para cima dele (se não por ação, por omissão) todas as culpas do mundo, numa estratégia nada solidária e, convenhamos, pouco vista no clube nos últimos anos.
Se puxarmos um pouco atrás o filme, encontramos um comportamento comparável no fim do consulado de Octávio Machado, quando as conversas com José Mourinho já iam adiantadas.
O FC Porto vive num contexto especial, onde os sinais de fim de ciclo são evidentes e a sensação que dá é a de que Paulo Fonseca foi apanhado no fogo cruzado de uma guerra que não é sua mas de que pode vir a ser a principal vítima.
Os dragões têm a continuidade na Liga dos Campeões em risco (duas derrotas e um empate em casa!!!) e perderam sete pontos dos últimos nove que disputaram na Liga Zon Sagres, o que configura um cenário absolutamente atípico. É certo que falta muito campeonato - ainda agora se entrou no segundo terço - pelo que quaisquer conclusões absolutas seriam, no mínimo, disparatadas.
Mas ninguém negará que o FC Porto começou bem e depois disso tem sido sempre a baixar; que o Benfica, ao contrário, começou mal e depois tem sido sempre a subir; e que o Sporting tem ganho confiança e consistência, sendo, digam o que disserem, candidato ao título.
Esta é a dinâmica dos da frente, sendo que se aguarda com expectativa a fórmula portista para debelar a crise. Porque creio que não baste soltar os Super Dragões contra os jogadores para dar a volta ao texto.
O próximo jogo do FC Porto, contra um SC Braga que começa a aproximar-se do que dele se espera, dirá do andamento da carruagem. Para já uma coisa é irrefutável: a estratégia de faz de conta, de que tudo corre bem e só faltam os golos, esgotou-se, depois de consumir boa parte da margem de manobra de Paulo Fonseca. A não ser que a estratégia fosse mesmo essa, a de transformar o treinador no bode capaz de expiar todos os pecados e pecadilhos do complexo universo portista...
-José Manuel Delgado, jornal A Bola
Manuel Queiróz: Impressões sobre Paulo Fonseca não são favoráveis
A primeira derrota do FC Porto ao fim de quase dois anos e 53 jogos na Liga portuguesa teve campainhas de alarme antes: duas derrotas e um empate nos três jogos do Dragão para a Champions, dois empates seguidos contra adversários menores na liga portuguesa, uma vitória só nos cinco jogos anteriores, os lenços brancos dos adeptos...
Ninguém viu?
Quando Paulo Fonseca, no lançamento do jogo com a Académica, disse que o problema da equipa era essencialmente de finalização, sabia que estava a dizer no mínimo uma meia verdade: o problema, em equipas como o FC Porto que em princípio só têm bons jogadores, nunca é a finalização. Essa é sempre uma consequência, não uma causa. O problema principal é sempre mais fundo e há consenso, mesmo dentro do clube, que não se chama só Paulo Fonseca. Há mais.
Cá fora há outro consenso: 3,8 milhões de euros por metade do passe de Ghilas? Nem pelo passe completo, quanto mais metade... Mas havia uma guerra com o Sporting e às vezes nas guerras há decisões muito erradas. Como essa.
E parece evidente que Herrera, Licá e Quintero são só meias soluções e que é preciso mais laterais, gente que possa obrigar os titulares a darem mais do que dão. E que para o ataque faltam opções - insiste-se, se é também para jogar em contra-ataque, então Iturbe devia ter ficado no plantel. E a decisão foi de quem?
Certo é que hoje a equipa só assume risco quando está a perder, ou quando já se está na segunda parte e o resultado não é bom - até aí tem normalmente uma postura de equipa pequena, ou de que não acredita em si.
Mas no fim do dia, para alguém que tem apenas dois anos de futebol profissional e um ano de I Liga, o que conta é saber se o treinador consegue aguentar tanta pressão. E para agora as impressões não são favoráveis.
Em Coimbra, Quintero foi titular e eu julgava ter ouvido o treinador dizia que ainda não estava preparado para isso; nesse jogo, a equipa voltou a ter pouco sentido de jogo e a certa altura ninguém comandava. Era o desnorte que nem um penalti daqueles(inexistente) ajuda - até isso se falha.
Pinto da Costa não gosta de mandar treinadores embora. Pelo contrário, gosta de lhes dar apoio, de estar ao lado, de os proteger. Falta saber se Paulo Fonseca protege o presidente e, sobretudo, a equipa.
-Manuel Queiróz, Diário de Noticias
João Querido Manha e a classificação da Liga: O líder é o Benfica
Em janeiro e fevereiro deste ano a direção do Record, liderada por Alexandre Pais, enfrentou a animosidade dos adeptos do Benfica, por causa da aplicação dos reais critérios de desempate ser favorável ao FC Porto, por ter empatado a dois golos no Estádio da Luz, enquanto a Liga do Dr. Figueiredo e de outros meios de comunicação atribuíam esse lugar ao adversário, observando apenas metade dos critérios de desempate.
Esta época, são os adeptos do Sporting a reclamarem por motivo idêntico. O Recordnunca foi nem será um jornal seguidista ou acéfalo e considera o aditamento regulamentar uma aberração sem sentido. Se o campeonato terminasse hoje, o Benfica ficaria à frente, mas basta ao Sporting alcançar no Estádio da Luz um resultado melhor do que o 1-1 da primeira volta para esta ordem se inverter. Na classificação que publica todos os dias, o Record é, aliás, o único meio de comunicação que explica os critérios de desempate utilizados.
E estes são os que se utilizam em todos os campeonatos europeus (à exceção do inglês) e nas competições da UEFA e da FIFA. Curiosamente, nesta altura, o Benfica está na situação exatamente inversa no seu grupo da Liga dos Campeões: podia ter ganhado por 10-0 em Bruxelas que nunca teria ultrapassado o Olympiacos. E, no grupo do Estoril na Liga Europa, entre o Friburgo e o Liberec, passa-se exatamente o mesmo: a melhor diferença de golos não basta aos checos para se classificarem à frente dos alemães.
O primeiro critério de desempate numa prova de futebol é o número de pontos somados: se por acaso Benfica e Sporting tivessem empatado os jogos de ontem, quem estaria no primeiro lugar da tabela seria o FC Porto, porque somou três pontos frente aos leões. Esta é a regra, invertê-la durante 29 jornadas para a reconhecer apenas no último dia é um erro de facto que um jornal com as responsabilidades do Record nunca deixará de denunciar e tentar corrigir. Sabemos que a Liga espera a melhor oportunidade para repor o bom senso no seu regulamento, anulando esta absurda cláusula de exceção, e devia, no seu site, elucidar os leitores de que a tabela provisória não corresponde aos critérios finais.
Enquanto isso não acontecer, Portugal é o único país do Mundo cujo campeonato tem duas classificações: uma provisória para 29 jornadas e outra definitiva para a 30.ª. Quanto a Record, desde sempre e para sempre, terá apenas uma, a que se aplica de igual forma a todos os concorrentes, todos os dias.
-João Querido Manha, jornal Record
João Fonseca fala do incidente no final do Belenenses - FC Porto
Há um mês atrás, estava eu no estádio do Restelo, para começar o meu trabalho de reportagem no Belenenses-Porto.
Há um mês, este mesmo jogo terminou empatado a 1 golo.
Há um mês, no final da partida, e cumprindo o meu papel de repórter, dirigi-me a um dos capitães do FC Porto, Hélton, e pedi-lhe um comentário ao jogo.
Há um mês, disse eu: "Hélton, não foi uma noite feliz para o FC Porto".
Há um mês, Hélton respondia assim: "Não, infelizmente não conseguimos os nossos 3 pontos, mas...
Há um mês, a resposta não teve final porque uma pessoa responsável, não permitiu que outra com a mesma responsabilidade explicasse aos seus adeptos e ouvintes da Renascença, porque tinha sido uma noite infeliz.
Há um mês, isso aconteceu porque essa pessoa agiu de forma agressiva, arrogante e autoritária, impedindo um repórter de fazer o seu trabalho e "silenciando" a todo o custo um dos capitães do FC Porto.
Há um mês, fui "agarrado" por algo que já vivi vezes demais no jornalismo e em particular na minha área, o desporto.
Há um mês, e por causa deste episódio, fui, aos 45 anos de idade e aos 23, quase 24 de profissão, e pela 1ª vez dentro de um estádio (e fora dele) identificado, juntamente com os restantes colegas das outras rádios, pela PSP.
Há um mês, ninguém sabia quem tinha mandado identificar.
Há um mês, percebi quem tinha dito o que não disse e que depois passou a dizer.
Há um mês, mais uma vez, constatei que, felizmente, há raros delegados da liga que só ouvem, mas que não vêm.
Há um mês, lembrei-me de tantos e bons amigos que fiz e que são delegados da liga. Lembrei-me há poucos dias que alguns cada vez vejo menos nos campos de futebol, gostava de saber porquê. Tenho a certeza que alguns deles é porque para além de ouvirem bem, também vêm com clareza e justiça.
Há um mês, voltei a lembrar a colegas de profissão que "jornalista não é notícia". Apesar disso e por interesse de alguém eles escreveram o que lhes disseram. Uns melhores que outros, mas também isso não é notícia, para já.
Há um mês tive e tenho até hoje a solidariedade do meu chefe e da minha empresa.
Há um mês que o mundo não pára e há uns dias que a liga me pediu para falar do assunto, mas que por não ter instalações em Lisboa, eu teria que me deslocar ao Porto.
Há um mês que tomei uma decisão, depois de ter sido "ameaçado" e por respeito a mim e aos meus não me desviarei dela. Contudo, assumirei sempre o que prometi fazer, desde que cumpridos os "mínimos olímpicos" do respeito.
Há um mês que num flashback pela minha vida, lembrei a mim próprio que não sou perfeito, nem eu nem ninguém e que por isso mesmo devo perdoar os outros, quando eu próprio já o fui tantas vezes.
Há um mês que disse que o faria desde que me fosse demonstrado respeito.
Há um mês que me anda atravessado o obrigado que devo a todos aqueles que me ligaram, enviaram sms, postaram no face ou por mail manifestaram a sua solidariedade. OBRIGADO!
Há um mês que ando engasgado com o obrigado para com aqueles que nunca disseram nada, fosse por medo, respeito ao outro lado, devoção ou sei lá mais o quê. Agora sei quem são e por isso, OBRIGADO!
Há mês que me lembrei da paixão pela profissão e do respeito que tenho e que ganhei por quase a generalidade daqueles com que me tenho cruzado na minha vida profissional.
Há uns dias que parei e pensei "AGORA A FRIO" não fui eu que errei e as coisas começam pelo princípio e não pelo meio, muito menos pelo fim.
Tudo o resto é um CIRCO.
João Fonseca, Jornalista da Rádio Renascença
-Texto retirado do Blog Bola na Área
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Vitor Serpa: Este Dragão já não deita fogo... nem fumo
Há uma questão mental nesta equipa do FC Porto. Sem razão aparente, os jogadores desacreditam, desmotivam-se, desorganizam-se, arrasam uma cultura de vitória que tinha décadas. Quem vê de fora não consegue compreender. É certo que o FC Porto perdeu jogadores fundamentais. É óbvio que nunca ninguém pode ganhar sempre e para sempre, mas não se entende a mudança de paradigma de filosofia de jogo. Este FC Porto perdeu e perdeu muito bem em Coimbra. Pode queixar-se de uma bola no poste (a grande e verdadeira oportunidade de golo) de uma bola bem mais fortuita na barra e de um penalty não concretizado, mas em lance que o árbitro gentilmente concedeu. Tudo na segunda parte, quando a Académica tentava acreditar no impossível. Porque, na primeira parte, o FC Porto foi nulo, indolente, ineficaz, inócuo.
Alguma coisa de verdadeiramente grave se passa no Dragão. Não adianta especular, mas este FC Porto já não é só a saudade de James e de Moutinho, de Falcao e de Hulk. Este é um dragão quase inofensivo que da boca já não deita fumo, quanto mais fogo.
Sete pontos(!) perderam os portistas nos últimos três jogos. Isso significa que não apenas ajudaram a recolocar o Benfica e o Sporting na corrida do título como correm sérios riscos de perder hoje a liderança no campeonato. Para os dois grandes de Lisboa, os jogos de hoje passam a ter, necessariamente, uma motivação diferente.
A ideia de que estão a uma vitória do primeiro lugar não deixará de comandar os espíritos. Do Benfica porque, necessariamente, se assume como candidato; do Sporting, porque a fé na conquista do campeonato faz-nos lembrar o que os espanhóis dizem das bruxas: «não acreditamos em bruxas, mas lá que elas existem, lá isso existem!»
O futebol e o campeonato têm tudo a ganhar com estas surpresas. O FC Porto é que não. Uma dúvida decisiva: Paulo Fonseca aguenta-se?
O futebol e o campeonato têm tudo a ganhar com estas surpresas. O FC Porto é que não. Uma dúvida decisiva: Paulo Fonseca aguenta-se?
- Vítor Serpa, jornal A Bola, 1 de Dezembro de 2013
sábado, 30 de novembro de 2013
Rui Santos demolidor com Fernando Gomes
O presidente da FPF, Fernando Gomes, diz que o processo da “Bola de Ouro não é transparente” e tem razão. Não era e, agora, ainda é menos, porque a sensação que se colhe é que Blatter, agora, quer rectificar um erro (a glosa sobre Cristiano Ronaldo) com outro erro (“promover” a vitória de Ronaldo).
Mas terá Fernando Gomes legitimidade para falar em transparência quando, sob a sua direcção e patrocínio, nada fez e nada faz para um caso de condenação em tribunal por fraude fiscal (João Vieira Pinto) deixar de brilhar na FPF – uma instituição de utilidade pública? Transparência e credibilidade?
Perdeu-se a vergonha por completo neste país!
-Rui Santos, jornal Record, 30 de Novembro de 2013
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