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quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Leonor Pinhão: Elejo Cardozo como o adepto do ano
Com a liberdade e a autoridade que me são conferidas nesta página, atribuo ao cidadão paraguaio Óscar Cardozo o título de adepto do ano do SLB.
Do ano civil, entenda-se. Aquele que começou a 1 de Janeiro último e que terminará no próximo dia 31 de Dezembro.
Podem-me contestar a decisão por ser extemporânea, precipitada. Ainda falta um mês e meio até que 2013 acabe e quem sabe se, até lá, não aparecerá outro adepto, ou mesmo sócio, capaz de uma proeza qualquer que a todos encante.
No entanto, duvido de que, quem quer que seja o candidato, se consiga bater com Óscar Cardozo pelo título de adepto do ano, distinção que, a meu ver, se vai ganhando durante 365 dias à porfia e não por uma noite de brilharete avulso seja em que mês for.
É evidente que a prestação do paraguaio na noite de sábado contribuiu para o peso desta nomeação. Mas só contribuiu em 50 por cento. E não foi por ter marcado três golos ao velho rival, coisa que já tinha feito, na época passada, em Alvalade. Isto, segundo os critérios da Liga com os quais não concordo porque um dos golos atribuídos a Óscar Cardozo foi, inequivocamente, um auto-golo de Rojo.
Neste último jogo com o Sporting, o que pôs fim à discussão sobre o nome do adepto do ano não foi a veia goleadora do paraguaio. Cardozo, por norma, marca muitos golos ao Sporting, daí não veio grossa novidade. No sábado só foi diferente porque não se tratou de Cardozo mas sim de meio-Cardozo, visto que se magoara seriamente no jogo anterior e a sua utilização esteve em dúvida até à hora de entrar em campo.
Provavelmente, se a Liga portuguesa fosse organizada pela ONU, Cardozo não tinha jogado. Já ouvi protestos assanhados pela sua utilização no sábado contrariando todas as disposições médicas e humanitárias em vigor.
No entanto, o meio-Cardozo magoado que se apresentou a jogo deu uma grande lição aos magoados adeptos do Benfica, aos que ainda não recuperaram a alma perdida naquelas duas semanas fatídicas do último Maio.
E sabe-se que adepto sem alma é meio-adepto. Ponham, portanto, os meios-adeptos os olhos no meio-Cardozo, também ele magoado, mas mais do que capaz de fazer o que se lhe pedia nesta última ocasião. E sem hesitações. Só por isto já merecia a distinção de adepto do ano. Mas houve mais.
Os outros 50 por cento que contribuíram para a atribuição do título de adepto do ano a Cardozo surgiram naqueles instantes depois do último descalabro da temporada, no Jamor, quando um inconformado Óscar Cardozo se dirigiu ao seu treinador em termos desabridos, pedindo-lhe explicações, apontando-lhe o dedo.
Foi feio? Foi pois. Mas quantos adeptos do Benfica não teriam feito exactamente a mesma coisa se para tal tivessem tudo oportunidade? Oh, falsos moralistas!
No melhor e no pior, em 2013, existiu uma simbiose perfeita entre o paraguaio e os adeptos do Benfica. Houve vezes em que um e os outros pareciam a mesma coisa.
Por isso, Óscar Cardozo inteiro e meio-Óscar Cardozo, elejo-te o adepto do ano.
Tenho dito.
-Leonor Pinhão, jornal A Bola, 14 de Novembro de 2013
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