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quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Rui Dias: Siqueira já matou fantasmas e é o melhor desde Coentrão
Apesar de ainda não ter prestado todos os esclarecimentos, bastou-lhe ser competente e dominar a função para ser muito melhor do que todos os seus antecessores desde Fábio Coentrão
1. O campo de futebol é como um palco: tem espaços e papéis reservados aos grandes artistas, outros a figuras secundárias em busca de reconhecimento e outros ainda onde (a quem) se exige apenas eficácia. É o caso das faixas laterais recuadas, onde a obrigação de cumprir regras específicas é mais importante que o desejo de brilhar; onde cada um precisa de disponibilidade mental para entender que, só por acaso, os holofotes iluminarão terrenos condenados, à partida, a viver na sombra das mais sublimes interpretações. Sendo certo que as grandes peças dependem menos dos atores secundários e muito mais dos grandes protagonistas, há casos extremos em que o mau desempenho em zonas periféricas à ação principal dita o insucesso final da obra. No Benfica, a esquerda defensiva foi um problema de difícil resolução até à chegada de Siqueira.
2. Naquele corredor maldito, que as circunstâncias transformaram num trilho de fatalidade para quem o percorria, o brasileiro recusou ser engolido pelas areias movediças que foram fazendo vítimas sucessivas entre as águias. Jogador de fama fugidia, Siqueira está a impor-se pela solidez do saber, pelo brilho da prudência e pelos privilégios de homem quase invisível no desempenho de uma função na qual os antecessores deram nas vistas por maus motivos. Em pouco tempo já matou os fantasmas domésticos que atormentaram jogadores mais ou menos experientes, com mais ou menos talento, mais ou menos adaptados, lote do qual fazem parte Shaffer, Carole, Capdevila, Emerson, Melgarejo, Luisinho e Cortez, entre outros.
3. Siqueira é um lateral que domina os princípios básicos da tarefa, assente em virtudes medicinais que acalmam os espíritos mais agitados: sabe viver atrás e à frente; tem aventura para ir e responsabilidade para voltar; joga bem com a bola e conhece as regras que o orientam quando está longe dela; articula os movimentos com o lateral do lado oposto, pelo que tanto se revela em ação ofensiva como em apoio aos centrais. Orientado por energia convincente mas ao mesmo tempo por uma atitude serena; frenético em ação mas emocionalmente equilibrado; empreendedor mas inteligente nas decisões que toma, domina a cartilha dos laterais, adaptando qualidades técnicas e táticas às necessidades de quem está obrigado a sobrepor discrição à exuberância.
4. O brasileiro trouxe a solução discreta e eficaz para os problemas que outros criaram por falta de qualidade ou desenquadramento. Não é um jogador extraordinário, está ainda por confirmar se será um lateral-esquerdo de topo europeu e, aos 27 anos, também já não será alvo de negócio milionário, condição muitas vezes exigida pelos clubes portugueses na hora de investimentos avultados. Apesar de ainda não ter prestado todos os esclarecimentos para uma avaliação definitiva, bastou-lhe ser competente e dominar a função para ser muito melhor do que todos os antecessores desde Fábio Coentrão. Sobre os quais, antes mesmo de dar o primeiro pontapé na bola com a águia ao peito, já tinha vantagem que o punha a salvo de quase todas as dúvidas: o interesse do Real Madrid que quase o desviou da Luz para o Bernabéu.
- Rui Dias, jornal Record, 16 de Outubro de 2013
2 comentários:
Caro(a) Benfiquista,
Agradecemos a sua visita e solicitamos, antes de sair do blog, que deixe um comentário acerca do que acabou de ler.
O debate é livre, por isso tenha a gentileza de participar com educação, elevação, civismo e respeito pelos demais visitantes.
Só assim honraremos a história Grandiosa do nosso amado Clube!
Este artigo do Rui Dias sobre o nosso jogador Siqueira, suscita-me o seguinte comentário:
ResponderEliminarHá dois sumos no texto! O primeiro é claro e simplesmente diz que o Benfica encontrou, finalmente, um lateral melhor dos que todos os outros posteriores a Fábio Coentrão. Já o segundo, sumo fia mais fino... trata-se, na minha opinião, de um exercício verdadeiramente gongórico, cheio de rendilhado literário barato, claramente destinado a criar impacto no espirito do consumidor do jornal Record!
Mauzinho... pensarão de mim os que lerem este comentário!...
Talvez, mas a verdade é que um Jornal que trata o SLBenfica como trata é feito, todos os dias, há muitos anos, pelos homens que nele trabalham!
o Rui Dias é um deles!
Totalmente de acordo. Quem os não conheça que os compre!
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