Benfica: A defesa de aço

 

Numa noite tranquila para o Benfica, que cedo resolveu o jogo de estreia na Liga dos Campeões 2013/14, foram os defesas os principais protagonistas e também o sector mais recuado a merecer os maiores elogios. Não pelo trabalho a que o Anderlecht sujeitou os encarnados, longe disso, mas por um conjunto de factos e de coincidências que devem ter deixado Jorge Jesus muito satisfeito.

O primeiro prende-se com um dado estatístico relevante, pois, neste caso, significa muito, mais do que aquilo que a frieza dos números pode fazer pressupor. Ao fim de 13 jogos oficiais (que são realmente 23 se contabilizarmos os particulares da última pré-época), o Benfica não sofreu qualquer golo. Entre os títulos perdidos de forma traumatizante e a desestabilização generalizada no clube, houve muito a contar deste período negro, iniciado em abril, em que o sector defensivo pura e simplesmente não conseguiu mascarar as fragilidades de um coletivo ora cansado ora vacilante na hora das principais decisões.

A partida com o Anderlecht teve por outro lado, quatro atores principais (passe o exagero da imagem, que denota manifesta má gestão de qualquer elenco...) gue compõem o sector defensivo. Luisão, acima de todos, pelo golo de belo efeito apontado e que lhe permitiu recuperar alguma da confiança que parecia perdida. Depois do capitão, há ainda a salientar os desempenhos de André Almeida, Siqueira e Fejsa.

O único português em campo cotou-se, o que já não é propriamente uma surpresa, como alternativa credível a Maxi Pereira. O uruguaio vai poder descansar muito mais esta época, tal como ontem já aconteceu, enquanto André Almeida ganhou terreno importante em relação ao lesionado Sílvio, que chegou à Luz precisamente para ser o primeiro substituto do internacional celeste.

E no que a confirmações diz respeito, Jorge Jesus teve ontem mais duas de importância vital para a equipa. Mesmo em inquestionável défice físico, Siqueira mostrou-se um lateral-esquerdo sólido. Pouco exuberante, é certo, mas rigoroso a defender e de métodos simples na hora de apoiar o ataque. Quem acompanhou a carreira do brasileiro no campeonato espanhol não tem dúvidas de que o Benfica resolveu um problema que remonta à data da transferência de Fábio Coentrão para o Real Madrid. Fejsa, por último, fez o primeiro jogo completo e conquistou a plateia. Forte, com poder de antecipação e sentido posicional, o internacional sérvio ameaça pegar de estaca na Luz. É mais uma solução para o plantel, que passa a ter um 6 de raiz. 

- Luís Pedro Sousa , jornal Record, 18 de Setembro de 2013