segunda-feira, 30 de setembro de 2013

António Boronha: Jesus não preenche os requisitos mínimos para treinar o Benfica


Jorge Jesus interveio na conferência de imprensa após o empate caseiro com o 'Belenenses' para dizer, entre outras coisas mais ou menos vulgares, que o árbitro 'interviu' no resultado.


Foi, digamos mais uma 'iterviunção' infeliz de um treinador que está longe de preencher os requisitos mínimos para treinar uma das equipas mais prestigiadas em Portugal, na Europa e no Mundo.

-António Boronha, Facebook

José Marinho ao ataque: O Benfiquismo foi substituído pelo Vieirismo


O empate já incomoda, o erro do árbitro é grosseiro, mas ver que a Benfica TV transforma uma dedicatória de Cardozo, no golo que marcou, à sua esposa, que está grávida, numa dedicatória ao presidente do Benfica, é, enfim, a súmula poética do estado a que o Benfica chegou. 


O benfiquismo foi substituido, há vários anos, pelo vieirismo. Percebo esse culto de personalidade num clube que ganha quase sempre, tenho dificuldade em engolir num clube que perde vezes demais.

-José Marinho, Facebook

domingo, 29 de setembro de 2013

Ao contrário do que diz Vieira, as faixas não estão encomendadas... vão ser entregues

 

1. O Benfica joga todas as fichas no combate aos erros de arbitragem, enquanto não tem qualidade futebolística que o coloque a salvo de acidentes de percurso como o de ontem, frente ao Belenenses que somou o quarto ponto na Liga. Fortalecido na jornada anterior, por ter ganhado pontos em três campos, não era suposto que o Benfica da frente Jesus-Vieira tivesse a pretensão de poder contar com jogo limpo na ronda subsequente.

2. É provável que alimentasse essa ilusão, mas a forma como o FC Porto somou mais uma vitória frente ao V Guimarães, nas vésperas de comemorar o 120.º aniversário, deveria ter posto a entente benfiquista de sobreaviso para o que se passaria a seguir. Enfraquecido por um sub-rendimento impróprio de candidato ao título, o Benfica queixa-se de erros de arbitragem, o último argumento de alguém que mais não tem para contestar se não fatores que não consegue controlar. Assim, ao contrário do que diz Vieira, as faixas não estão encomendadas... vão ser entregues.

-Imagem jornal A Bola; Texto de António Varela jornal Record

Vítor Serpa e os erros da arbitragem: O Benfica tem toda a razão


Vamos por partes: em matéria de queixas, o Benfica tem toda a razão. 

O FC Porto garantiu três pontos através de um penalty que tornou ridícula a arbitragem de Pedro Proença e no golo de empate do Belenenses a interpretação do árbitro foi algo abusiva, uma vez que o critério mais adequado teria sido anular o golo por fora de jogo. Daí que a revolta que Luís Filipe Vieira mostrou seja atendível e até justificada. 

Percebe-se que num campeonato em que os principais candidatos não perdem muitos pontos, qualquer ponto oferecido por erros grosseiros de arbitragem pode fazer a diferença e pode ser decisivo.

Vieira tem ainda mais razão quando admite que a equipa esteve longe de ter sido competente no jogo com um Belenenses que, antes pelo contrário, foi competentíssimo.

Bem vistas as coisas, o presidente do Benfica terá sido até demasiado condescendente com a sua equipa. A verdade é que o Benfica, mais do que incompetente, foi indolente, desleixado, pobre de espírito. 

Não é justo que não se assinale alguma responsabilidade do Belenenses, que fez um jogo muito inteligente, mas nada nem ninguém poderá esconder a miserável nota artística da equipa de Jorge Jesus que não teve um mínimo exigível de qualidade competitiva.

Ao contrário do Sporting e do Braga. Cada qual com seus argumentos e jogando segundo as circunstâncias do jogo. Os minhotos cedo perderam um jogador e fizeram pela vida; o Sporting soube aproveitar para se chegar à frente. Já é segundo, está, apenas, a dois pontos do FC Porto (poderiam estar em igualdade não fosse a espalhafatosa prenda de Proença) e tem legitimidade para continuar a fingir que a luta pelo título nunca será com ele, não deixando, obviamente, de espreitar essa cada vez mais plausível oportunidade.

Uma nota final para assinalar que, como quem não quer a coisa, o Estoril já está colado ao Benfica. 

- Vítor Serpa, jornal A Bola, 29 de Setembro de 2013

sábado, 28 de setembro de 2013

Alexandre Pais absolve Jesus: Houve excesso de zelo e desnecessária agressividade da policia



Quem me lê já há alguns anos sabe que estou sempre do lado da polícia quando a opção que se põe é entre a ordem e a desordem públicas. E nos últimos tempos, talvez por ser fã da série “Cops”, ganhei ainda maior admiração pelo trabalho daqueles que defendem o primado da lei e zelam pela tranquilidade dos cidadãos. Apesar da gritante escassez de meios com que os nossos agentes se debatem – e até os norte-americanos, pode parecer mentira mas é verdade.

Acontece que vivi o suficiente no período anterior ao 25 de Abril para entender que o uso da força só é aceitável se for feito na proporção justificada pelas situações. O que quer dizer que já não sou a favor das cargas de pancadaria dirigidas não a baderneiros ou rufias profissionais mas a pessoas que se manifestam sem violência e por motivos razoáveis. E menos compreendo que para se imobilizar um adepto que entra indevidamente no terreno de jogo para festejar um golo, uma vitória ou um título lhe caiam em cima meia dúzia de “armários”, que o tratam como o mais perigoso dos criminosos.

Creio que terá sido o que passou pela cabeça de Jorge Jesus, em Guimarães, quando viu o excesso de zelo e a desnecessária agressividade que estavam a ser colocados na detenção de um benfiquista que pretendia apenas ficar com uma camisola. Exagerou, é verdade, mas não agrediu. Tentou simplesmente afastar, sem contenção embora, os braços dos agentes que dominavam o homem à bruta. Crime de agressão? Acusação absurda que juiz algum no Mundo ratificará. Crime de desobediência, certamente. Atitude reprovável, sem dúvida. Mas nada mais do que isso, pelo que se exige que tanto a justiça desportiva como a civil atuem agora com a conta, o peso e a medida que por vezes falta à PSP.

Uma breve referência ao triste incidente do Estoril, que envolveu dirigentes do FC Porto e o presidente da Associação de Futebol de Lisboa. Se alguém agrediu alguém, deverá pagar por isso, mas eu, depois de ouvir o discurso de “repúdio” de Nuno Lobo, durante uma jantarada, sinto-me esclarecido. A necessidade de autoafirmação leva certas pessoas a perderem a noção do ridículo.

-Alexandre Pais, ex-director do jornal Record

Rui Santos: Jesus, a "bomba relógio" tinha de rebentar


O protagonismo (negativo) que Jorge Jesus conheceu em Guimarães poderia ter acontecido noutro jogo, noutra cidade ou mesmo noutra ocasião. Poderia ter envolvido, até, outros agentes desportivos. Mas sentia-se que estava na iminência de acontecer. Isto para dizer que a “estrutura do Benfica” (ou a falta dela) também é responsável pelo que aconteceu. Estava na cara que, depois do caso Cardozo e depois de tantas indefinições que expuseram o treinador, Jorge Jesus (qual bomba-relógio) tinha de “rebentar”. Aconteceu em Guimarães, porque os antecedentes e as circunstâncias do próprio jogo (rasgadinho, duro, emotivo) determinaram que fosse ali...

Não conheço muitos treinadores portugueses que evidenciem a paixão e a determinação que Jorge Jesus coloca no exercício da sua actividade. É um homem convicto, que acredita no seu saber técnico-desportivo (e, por isso, também táctico) para ultrapassar as questões colocadas pelos adversários e oficiais do mesmo ofício. Amante da escola holandesa, não despreza a exigência no treino como a alavanca que permite exteriorizar a exigência na competição, estudo a fundo os antagonistas, individual e colectivamente, e não é por acaso que a equipa do Benfica revela um menu considerável de jogadas ensaiadas de bola parada, o que prova trabalho, critério e criatividade na busca de soluções que possam gerar desequilíbrios e golos.

É evidente que qualquer treinador, nos dias de hoje, tem de se preocupar em tentar antecipar o jogo – um jogo que nunca é igual – e, nessa conformidade, vê-se obrigado a investir naquilo que são as dinâmicas individuais para se conseguir um bom desempenho colectivo. Só que alguns não levam essa “especialização” ao limite e Jorge Jesus é obcecado naquilo a que se pode denominar a “robotização do jogador”. Eles têm de ser suficientemente mecânicos, na cobertura, nas saídas de bola, no passe, na desmarcação, na compensação e no pressing sobre o adversário e a bola.

Contudo, como acontece com a generalidade da raça humana, Jorge Jesus tem as suas limitações e condicionantes. Às vezes fala-se de plantéis equilibrados ou desequilibrados. Também se pode falar de treinadores equilibrados e desequilibrados. Jorge Jesus é um treinador desequilibrado. Muito bom no treino e em competição. Menos bom na comunicação e no domínio de outras variáveis que são essenciais num técnico de futebol de uma equipa chamada grande. E quando, como foi o caso na época passada, os objectivos não são alcançados, como quase estiveram a ser, as críticas (externas e internas) crescem a um ritmo exponencial, a pressão aumenta e ainda quando os problemas se avolumam (indefinição na constituição do plantel, caso Cardozo, etc.) não é fácil manter o controlo emocional.

O que aconteceu em Guimarães foi o efeito que se pode comparar a uma panela de pressão. Depois de uma vitória difícil, num jogo em que o Vitória colocou tudo o que tinha para colocar em campo, o episódio à volta dos adeptos resultou, para Jorge Jesus, como o grande momento da descompressão, alavancado pelos antecedentes, até no que diz respeito à relação que entretanto se estabelecera com esses mesmos adeptos. Não tenhamos dúvidas que a má condução do caso Cardozo repercutiu-se em Guimarães. Jorge Jesus teve de passar pela provação de ouvir o Estádio da Luz (com a massa associativa dividida) a chamar por Cardozo, o jogador que o havia desconsiderado brutalmente na final da Taça de Portugal. O Benfica, em cinco anos, não percebeu o treinador que tem, não percebeu, no momento em que tinha de perceber, a dimensão do caso Cardozo, e nisso Luís Filipe Vieira é o maior culpado.

Tudo o resto é lamentável. A ausência de inquérito por parte do CD da FPF, a absoluta demissão de responsabilidades por parte dos delegados da Liga, a postura de negar as evidências. O futebol tem de contar com gente independente, fria nas análises, capaz de fazer cumprir as regras. Se não for assim, o futebol continuará entregue às clientelas clubísticas, que a todos querem controlar, dominar, condicionar. E a esvair-se na sua fraca credibilidade...

Oassunto vai agora conhecer o seu período de adormecimento e talvez se conheçam as consequências da atitude irreflectida de Jorge Jesus na parte final da época ou mesmo em 2014/15...

NOTA – O que ocorreu em Guimarães e na Amoreira deu para camuflar os problemas sentidos pelo Benfica e FC Porto nos respectivos jogos e outro tipo de tensões. A guerra Norte-Sul está muito longe de conhecer o seu epílogo. Um administrador de uma SAD que dá uma palmada ou um empurrão num presidente de uma associação de futebol ou está perturbado ou não tem educação. Ou... ambas as coisas.

-Rui Santos, jornal Record

Bruno Carvalho impedido de falar na Assembleia Geral


Sócio encarnado questionou o Passivo da SAD do Benfica e foi interrompido pelo Vice-presidente da Assembleia Geral

O antigo candidato à presidência do Benfica, e uma das vozes mais contestatárias a Luis Filipe Vieira, queixou-se esta sexta-feira de ter sido impedido de concluir a sua intervenção na Assembleia Geral do clube da Luz.

Bruno Carvalho utilizou as redes sociais para dar conta da sua indignação e para criticar, mais uma vez, o rumo que o Benfica está a seguir desde que Luís Filipe Vieira assumiu a presidência do clube.

«Acabei de abandonar a Assembleia Geral do Benfica quando estava a falar com os sócios do meu Clube», começa por escrever Bruno Carvalho numa rede social.

«O Vice-Presidente da Assembleia Geral, numa atitude lamentável e censória interrompeu a minha intervenção porque eu fiz referência ao Passivo da SAD e segundo ele só se podia falar das contas do Clube», acrescentou depois o antigo candidato à presidência do Benfica.

«O que esse senhor parece não saber é que o Clube detém, directa e indirectamente, a maioria do capital da SAD pelo que é uma empresa participada e, portanto, eu tinha toda a legitimidade de abordar esse tema. É pena que o Benfica se tenha tornado nisto, num Clube em que a opinião é controlada e onde a democracia está morta», acusou ainda Bruno Carvalho.

«O Benfica era um Clube democrático quando não havia democracia em Portugal e agora é um Clube amarrado à estratégia de uma só pessoa. Tenho vergonha. Estou certo que Cosme Damião também teria vergonha», sentenciou o sócio do Benfica.

A imprensa foi impedida de assistir à Assembleia Geral do Benfica.

-Noticia retirada do site Sapo Desporto

António Oliveira: Choradinhos e compensações


A procissão ainda vai no adro e os ânimos já começaram a aquecer. Esta semana assistimos a "arrufos" e discussões que envolveram dirigentes, treinadores e até polícias. Foi deles que se falou, desviando as atenções dos verdadeiros protagonistas do futebol: os jogadores. 

Neste início de temporada, bastaram algumas arbitragens de fraco nível para que os clubes se começassem a posicionar nas suas estratégias de vitimização. Fazendo jus ao ditado que diz que "quem não chora não mama", os principais emblemas do nosso futebol já começaram com o seu habitual "choradinho" para exercer pressão e tentar capitalizar isso a seu favor em jogos futuros.

Todos procuram uma espécie de "lei da compensação", tentando evitar que arbitragens desfavoráveis se repitam. É um triste hábito do futebol nacional que acaba por dar razão à teoria de que, por norma, os maiores clubes são sempre mais beneficiados do que os outros. Precisamente por isto: pela influência psicológica e carga negativa que cedo se preocupam em transmitir para o sector da arbitragem.

Perante o que se tem passado, como se poderão comportar os árbitros nos jogos dos clubes grandes? Em lances duvidosos, a tendência será decidir a favor destes. No subconsciente dos juizes estarão sempre as críticas anteriores e isso, quer se queira quer não, acaba sempre por ter alguma influência.

Já era altura de colocar um travão a este tipo de comportamento. Os presidentes da Federação e da Liga de Clubes deviam tomar uma posição firme contra este tipo de declarações e criar condições para que o futebol jogado e falado se centrasse nas táticas dos treinadores e nas defesas, passes, remates e golos que os jogadores fazem.

Numa semana em que Estoril, Rio Ave e V. Guimarães deviam receber todos os elogios pela forma como se bateram contra as principais equipas nacionais, o seu mérito foi praticamente despercebido pelo desvio de atenções que foi gerado. Marco Silva, Nuno Espírito Santo e Rui Vitória mereciam que o seu trabalho e o dos seus jogadores fosse mais reconhecido.

FC Porto e Sporting não jogaram bem na jornada anterior e nem as arbitragens desculpam as fracas exibições que tiveram. Penso que Paulo Fonseca se precipitou a falar de Jorge Jesus e das arbitragens, porque deu força ao rival e também porque essas palavras podem vir a virar-se contra si um dia mais tarde. Louve-se a atitude de Leonardo Jardim que até agora não procurou refúgios nos homens do apito.

Quanto a Jorge Jesus, podia ter saído como o grande vencedor da jornada, depois de ter feito o seu "mind game" e ganhar pontos a dragões e leões. No entanto, no final do jogo de Guimarães identificou uma oportunidade para reacender a chama da sua ligação com os benfiquistas, depois de um dececionante final de época sem títulos e do prolongado "caso Cardozo", com muitas vozes críticas a emergirem. Acredito sinceramente que nunca lhe terá passado pela cabeça agredir um polícia, a ideia era outra, mas é um facto que se excedeu. Foi pior a emenda que o soneto.

Mas o campeonato continua. Pede-se mais futebol e menos conversa em jornada repleta de jogos que apelam à história do futebol nacional. A ver vamos se o FC Porto mostra maior qualidade na receção ao V. Guimarães, se o Benfica continua a crescer de rendimento contra o Belenenses e se o Sporting dará boa resposta em Braga, perante um adversário com argumentos para discutir a vitória. 

- António Oliveira, jornal Record, 27 de Setembro de 2013

João Malheiro lança fortes criticas a Paulo Fonseca


Paulo Fonseca não era o treinador do Paços de Ferreira na pretérita temporada? No último e decisivo jogo da Liga como foi que o FC Porto bateu a sua antiga equipa? Através de um penálti, punindo uma falta cometida fora da área, com a consequente expulsão do jogador pacense que interveio no lance. Paulo Fonseca exibiu indignação? Nada disso, optou por silenciar a benesse aos portistas.

Este último domingo, o atual técnico do FC Porto responsabilizou Jorge Jesus pelo empate no Estoril. Quanto descaramento! Se o técnico do Benfica tivesse poder para condicionar as arbitragens, qual seria a história do Futebol português nas derradeiras quatro épocas? 

E, por acaso, Paulo Fonseca não viu que Otamendi, logo no início do embate, teria que ser expulso, tal como Mangala, numa fase ulterior, justificou o duplo amarelo? Outro descaramento!

O FC Porto lidera o Campeonato, até abriu com um triunfo extramuros a participação na Champions. O problema, reforçado com a perda de dois pontos no Estoril, é que a turma azul e branca ainda não convenceu, ainda não foi intérprete de uma só exibição categórica para já não falar da generosidade das equipas de arbitragem nos jogos em que interveio. 

Por paradoxal que pareça, até o fantasma do proscrito Vítor Pereira parece avassalar o Dragão.

O discurso de Paulo Fonseca exibe os tiques de quem inquinou a verdade desportiva durante anos. Se é treinador para um clube da dimensão do FCP está por provar, provado está que é um aluno tão desvelado quanto frivolamente submisso. 

- João Malheiro, jornal 'O Benfica', 27 de Setembro de 2013

Afonso de Melo sobre Pinto da Costa: Tanta submissão a um homem tão medíocre é digna de dó


1. A notícia mais curiosa da semana foi, para mim, a da iniciativa de um dos candidatos à presidência da Câmara do Porto: sob o lema «Para cada bairro um porco», parece que o senhor resolveu distribuir porcos assados no espeto aos seus virtuais eleitores. Imaginativo desde os tempos em que transformava as suas viagens de deputado em viagens para a Disneylândia com toda a família, ei-lo agora perante uma eleição inevitável. O Madaleno ficará feliz. Eu deixo aqui um conselho, se me é permitido: atenção à triquirose! Não convém comer porco mal passado.

2. Por via daquilo a que o meu advogado chama o «Bullying Judicial» conheço mais tribunais do que a maioria do português comum. Ossos do ofício, convenço-me. Mas há sempre coisas que me surpreendem. Ao entrar no edifício do tribunal atrás do Madaleno que para eles me teima em arrastar, entrego o meu Bilhete de Identidade ao zeloso funcionário que regista os visitantes. Vejo-o escrever em letra bem desenhada o meu nome, o número do meu BI e o juízo para o qual fui chamado. Na linha anterior à dos meus dados, nada disso parece ser necessário: limitou-se a escrever, orgulhoso - Sr. Presidente. Há lugares do Mundo onde até os trintanários fazem questão de ser lambe-botas.

3. Mas há algo com que já não me surpreendo, e isso é a reacção em matilha da corte do Madaleno a qualquer minúscula contrariedade que pareça pôr em causa o seu poder putrefacto. Como impulsionados por uma mola, saltam todos ao mesmo tempo sobre os infelizes que ousem não fazer vénias. Técnicos, responsáveis, médicos, directores disto e daquilo, meros mangas de alpaca. A um gesto do dono, arreganham os dentes, ladram e mordem.
Tanta submissão a um homem tão medíocre é digna de dó. 

- Afonso de Melo, jornal 'O Benfica', 27 de Setembro de 2013

António Varela e os casos da jornada: Exemplos do que não é liderar


Ver ou não ver. Definitivamente, depois dos acontecimentos do último fim de semana, encadeados numa narrativa fantástica e com traços de duvidosa verosimilhança, a máxima "ver para crer" do apóstolo Tomé passou à história. Vistos os "esforços" empreendidos por Jesus na defesa do "jovem que foi buscar a camisola", já é difícil crer que possa ter havido agressão ao polícia queixoso de apanhar palmadas no braço e um tabefe na cara. A barragem de enunciados desculpabilizadores do treinador do Benfica tem sido tal, que urge esfregar os olhos ou passar um pano de feltro nos cristais da televisão para aclarar a imagem que nos vai passando à frente a cada noticiário. 

Depois de o árbitro Carlos Xistra ter declarado impossível - por não ver - o julgamento de um lance merecedor de grande penalidade televisto por uma audiência de muitos milhares de espectadores, avolumam-se ainda mais as dúvidas acerca da capacidade da máquina oftalmológica dos humanos. Já nada é aquilo que era. E se antes aquilo que era olhado à vista desarmada podia ser adquirido como bom, verdadeiro, e agora é questionado, o que dizer do que é contado, mesmo que por fontes fidedignas ou difundido por mensageiros encartados?

Ainda no século passado (1997/98), quando o Benfica foi ganhar a Alvalade (4-1), viu-se como a tribuna de honra local aguentou estoicamente, mas sem reações agressivas, a soberba de Vale e Azevedo, o presidente encarnado que ali festejou os golos, aplaudindo de pé (embora sem fechar o punho). Viu-se e acreditou-se.

O mesmo não aconteceu agora durante o jogo do Estoril, no qual o presidente da Associação de Futebol de Lisboa ficou com as costas a arder e os ouvidos a zunir, nos festejos desbragados do relativo sucesso que foi o empate do Estoril, mal aceite pela cúpula dirigente do FC Porto, conhecida pelo seu apertado conceito de "fair play". Mesmo aqueles que viram têm dificuldades em contar (ou foram ao quarto de banho...) e os outros andam a gozar com a cara do pagode. Ninguém consegue fazer fé nesta gente.

Em dois dias, alguns dos mais destacados "ativos" do futebol português deram exemplo do que não é liderar, protagonizando algumas cenas dificilmente compagináveis com a responsabilidade dos cargos que ocupam e as suas milionárias remunerações. E agora querem fazer crer que é tudo falso, cenas fingidas, palavras ocas, uma ilusão de ótica dos incautos. 

Para 5.ª jornada foi demasiado, não abusem da paciência de quem lhes paga. 

- António Varela, jornal Record, 26 de Setembro de 2013

José Marinho: Benfica não pode ceder às provocações dos jogadores do FC Porto


Espero sinceramente que a estratégia de Jesus se cumpra, mesmo que ela signifique passar por cima da estratégia do presidente, de considerar a hipótese de vencer a Liga dos Campeões. 

E sobretudo que o Benfica não ceda às provocações dos jogadores do FC Porto, que insistem, em várias entrevistas, na insanidade de pensar que podem ganhar a Champions. 

A estratégia é, de facto, espicaçar o Benfica, a sua auto-estima e o medo que se apoderou dos benfiquistas que o seu rival conquiste novos títulos no estádio da Luz. 

E só a memória curta pode, de facto, alimentar este disparate, pois não se podem esquecer a Taça de Portugal que o Benfica conquistou no antigo estádio das Antas, no tempo de Eriksson, a vitória no campeonato, com dois golos de César Brito e ainda a vitória por 8-0, na inauguração do antigo estádio do FC Porto. 

Procurem nos arquivos e verão que o Porto sempre foi, ao longo da história, uma cidade desportivamente mais acolhedora para festejos benfiquistas do que o contrário. 

Convém que o Benfica pare, considere o campeonato o maior objectivo da época, porque é assim, igualmente, que pensam os seus adversários. E o facto da final se disputar no estádio da Luz deve ser motivo de orgulho e não motivo para sobrecarregar a equipa e o treinador com uma pressão desnecessária e sobretudo uma pressão que resulta de um aparente medo que o FC Porto vença a competição. 

Até porque as declarações dos jogadores do FC Porto, não reflectem uma convicção, mas sim uma provocação que o Benfica está a levar demasiado a sério.

-José Marinho, Facebook

Leonor Pinhão: Já tínhamos saudades de uma guerra Norte-Sul


A 5.ª jornada do campeonato terminou em beleza.

Beleza é pouco tendo em conta que o treinador do FC Porto guindou o treinador do Benfica à condição de Santo da nossa Igreja. Fazer-se sentir, ou mesmo aparecer, em vários lugares ao mesmo tempo só está ao alcance de gente raríssima como São Gregório, Santo António de Lisboa ou São Nicolau, eméritos taumaturgos.

- Santo António de Lisboa, não! Santo António de Pádua! – gritará Adelino Caldeira furibundo do alto da tribuna de honra do campo do Estoril-Praia num exercício vocal todo ele destinado a combater a macrocefalia da capital.


Mal saberá, porventura, o administrador da SAD portista que em Pádua, para mal dos seus pecados, até existe uma Praça da Fruta. Para mal dos pecados da bela cidade de Pádua, não dos pecados de Adelino Caldeira, obviamente. E é na Praça da Fruta que se ergue, desde o seculo XIV, o lindíssimo edifício do Palácio da Razão.
Fruta e Razão, Razão e Fruta, tal como os padovanos, andamos nisto há imenso tempo.


A verdade é que a 5.ª jornada teve o seu quê de miraculoso porque, coisa rara, raríssima, o FC Porto foi prejudicado pelo árbitro numa grande penalidade contra as suas cores. O castigo, com toda a franqueza, não teve razão de existir porque Otamendi jogou a bola com a mão fora da sua área.


Conclusão: não é Rolando quem quer. Jogar a bola com a mão dentro da sua área e passar incólume foi o primeiro e muito visto atributo do antigo central do FC Porto, o saudoso Rolando. 


Mandaram-no embora, agora queixam-se porque Otamendi, aparentemente, não possui os mesmos dons de inocência.

É mesquinhez discutir se o dito Otamendi devia ou não ter sido expulso minutos antes do polémico lance por ter entrado com tudo e mais alguma coisa sobre Luís Leal, jogador do Estoril. Isso pouco importa. É de somenos. 


Mandatório é atirar para cima do Benfica, que foi prejudicado em Guimarães à sevandija, com as responsabilidades aparentemente criminais dos actos do senhor Carlos Xistra, em Alvalade, e do senhor Rui Silva, no Estoril.


Mandatório, repito, porque é esta a palavra certa. Mesmo que ainda não exista no dicionário. Verão como vai existir não tarda nada. Mandatário, por exemplo, já existe.

Mandatório ou mandatário, como preferirem, o treinador do FC Porto, o ex-Paulo Fonseca que a todos nos habituou com uma linguagem fleumática, pairando muito acima das vulgaridades correntes, depois de já ter sido bastante desagradável com José Mota, quando foi a Setúbal, veio agora à liça atacar Jesus dando-lhe os parabéns nada sinceros por ter conseguido pontuar a seu favor em três distintos campos. Milagre, lá está. Taumaturgia, nem menos.


E atirou-se ao árbitro por causa do penalty de Otamendi, o ex-Paulo Fonseca como nunca antes o tínhamos visto fazer. Nem quando, na última jornada, viu o seu Paços de Ferreira sofrer castigo igual por causa de uma falta sobre James que ocorreu, sem grande exagero, praticamente ainda no seu meio campo. Moita-carrasco, conhecem a expressão?


A 5.ª jornada do campeonato teve dois curiosos fait-divers. ´


O primeiro aconteceu em Guimarães:
Jorge Jesus viu parte do seu prestígio restabelecido entre muitos benfiquistas – nem todos - porque se atirou, sozinho, de peito feito, contra uma carga policial que visava deter dois adeptos que, tão entusiasmados com aquela vitória em condições tão adversas, se atreveram a correr pelo relvado na busca de camisolas dos seus heróis do momento. Preferia que isto não tivesse acontecido mas respeito todas as opiniões.


Respeitando a ordem das ocorrências, o segundo fait-divers aconteceu na Amoreira:


Adelino Caldeira reforçou todo o seu prestígio já adquirido ao contribuir com carolos e palavras para o ambiente de festa que se gerou na tribuna depois do primeiro golo do Estoril-Praia. O mesmo administrador já tinha dado largas ao seu prestígio há uns meses, em Tavira, por ocasião de um jogo de andebol quando se atirou indignado contra a presença de Bruno de Carvalho, o actual presidente do Sporting, que tinha mencionado a palavra “fruta” uns dias antes.


O fait-divers protagonizado por Jorge Jesus quase toda a gente viu. Deu na televisão. O mais recente fait-divers protagonizado por Adelino Caldeira não teve direito a suporte de imagem, o que é pena. Já o seu anterior episódio curricular com Bruno de Carvalho, em Tavira, também ficou órfão de registo audiovisual.


Dizem-me, com o intuito de serenar os ambientes, que quer Bruno de Carvalho quer Nuno Lobo, o presidente da AF Lisboa, são dois garotos acabadinhos de chegar e que é incrível como se dá guarida às suas declarações incendiárias, sem provas e da mais alta irresponsabilidade.


Não me quero meter sequer nesse assunto. E, com toda a franqueza, penso que nem um nem outro assunto merecem grande perda de tempo embora haja muita gente disposta a passar uma semana inteira a falar da atitude amalucada de Jesus em defesa dos “meninos”. E porquê? Por necessidade política de fazer barulho distraindo a população com os tais fait-divers.
É importante que se fale e fale e fale de Jesus e de como o treinador do Benfica, sozinho e só com os punhos, dizimou o 7.º Regimento de Cavalaria no relvado irrepreensível do Afonso Henriques, o fundador da nacionalidade.

No entanto, o que de mais importante, de mais inovador e fraturante se passou no rescaldo da jornada, tem sido unanimemente ignorado pela comunicação e pelos comunicadores. 


Tratou-se do momento mandatório – ou mandatário? - em que o ex-Paulo Fonseca meteu o Sporting Clube de Portugal ao barulho, acusando o treinador do Benfica de ser o responsável por Carlos Xistra não ter assinalado, como devia, uma grande penalidade contra o Rio Ave que poderia redundar, sendo convertida, na vitória da equipa de Alvalade.


São notáveis os tempos presentes. E é de reconhecer, sem pejos, que a veia independentista do actual presidente do Sporting está a provocar impensáveis engulhos ao FC Porto que, invulgarmente perplexo e ziguezagueante, tão depressa responde indo buscar dois miúdos de 15 anos à Academia de Alcochete como se arvora, através do seu actual treinador, em defensor do mesmo Sporting lamentando as injustiças dos árbitros contra os irmãos de armas de Alvalade, embora estes, ao que parece, já não o queiram ser.
Este Sporting do presidente garoto e independentista veio baralhar o status quo que vigora há três décadas com enormes vantagens, a todos os níveis para o FC Porto.


Apontemos, e sem hesitações, uma data certa para o início do regime: 7 de Junho de 1980.


O campeonato tinha terminado com a vitória do Sporting e no Jamor jogava-se a final da Taça de Portugal entre o Benfica e o FC Porto. Mário Wilson contra José Maria Pedroto nos dois bancos. Nas bancadas, Benfica e Sporting torcendo em uníssono contra o FC Porto que acabaria por perder a final por 1-0.


Que anormalidade se terá passado para juntar os adeptos dos dois rivais históricos do futebol português contra um adversário comum? Estava no auge a chamada guerra Norte-Sul e o triunfo do Sporting no campeonato, em luta directa e feroz com o FC Porto, tinha provocado entre os sportinguistas resquícios de cariz dialéctico difíceis de assimilar. Daí essa união anti-natura naquela tarde de 7 de Junho de 1980 no Jamor.


O Benfica levou a Taça e o FC Porto aprendeu nesse dia que contra os dois grandes de Lisboa podia pouco. Toda a política externa do FC Porto desde então tem sido rebaixar a rivalidade dos dois grandes de Lisboa a um fundo de incomensurável estupidez escavado algures na Segunda Circular. E assim tem sido em ciclos invariáveis porque o reportório é curto: ou está de bem com o Benfica contra o Sporting ou está de bem com o Sporting contra o Benfica. 


Feitas as contas é uma questão de aritmética.


De 1934/35 até 1979/1980, ou seja, enquanto o FC Porto não percebeu e nem tinha condições para perceber que a guerra Sul-Sul lhe era muito mais profícua do que guerra Norte-Sul, os números dos campeões eram estes:


Benfica – 23 títulos; Sporting – 15 títulos; FC Porto – 7 títulos.


A partir de 1980/1981, os números são estes:


FC Porto – 20 títulos; Benfica – 9 títulos; Sporting – 3 títulos.


No que diz respeito à Taça de Portugal, os números são igualmente esclarecedores.


De 1939 até 1980:


Benfica – 16 títulos; Sporting – 10 títulos; FC Porto – 4 títulos.
A partir de 1981:


FC Porto – 12 títulos; Benfica – 8 títulos; Sporting – 5 títulos.


Ah, como já tínhamos saudades de uma boa guerra Norte-Sul!


-Leonor Pinhão, Jornal A Bola

Vítor Serpa: Apoio de Vieira a Jesus foi mais obrigação do que devoção


O último fim de semana de futebol foi farto em acidentes e incidentes. Razão pela qual a primeira metade da semana foi tão prolixa nas palavras.

É um mistério bem guardado, esse, das palavras dos principais protagonistas (exceção feita aos jogadores que são obrigados ao silêncio dos mortos) serem palavras exclusivamente dirigidas ao pequeno mundo dos seus clubes.

O país que se lixe. Mesmo o país do futebol, o país que vai ao estádio e que paga o espectáculo. Para a maioria dos intérpretes do futebol português esse país não existe. Existe, isso sim, um país ainda mais pequenino, um país de partido e líder únicos, um país onde a diversidade é um problema e a racionalidade uma chatice.

Custa-me ouvir Paulo Fonseca dizer que não está preocupado com mais nada nem ninguém, que não seja o que pensam e dizem no seu clube. Custa-me porque Paulo Fonseca desejará ter um futuro bonito e digno à sua frente e esse futuro desviar-se-á, inevitavelmente, de qualquer pessoa que veja o mundo de maneira tão redutora. 

Que os clubes tragam para os seus discursos o caduco conceito do orgulhosamente só, não se entende, mas percebe-se à luz do primarismo oficial, mas os seus jovens e promissores profissionais não têm de se sentir obrigados à cegueira.

No Benfica, o que mais surpreendeu foi o presidente falar no dia em que também falou o treinador, dispersando atenções e impacto. 

Curiosamente, mais sensatas as palavras de Jorge Jesus que pareceu sincero e humilde. Vieira nem uma coisa nem outra. 

O seu suposto apoio ao treinador pareceu mais uma obrigação do que uma devoção. 

Dizer que Jesus nada fez que possa ser censurado é obviamente falso e resulta como um tiro no próprio pé. 

- Vítor Serpa, jornal A Bola, 26 de Setembro de 2013

CM TV passa a transmitir os primeiros 5 minutos dos jogos do Benfica


A partir do próximo sábado, a CMTV, canal exclusivo MEO (posição 8), inicia uma parceria com o Benfica.

O canal do Correio da Manhã vai passar a transmitir o pré-jogo das partidas da principal equipa de futebol no Estádio da Luz. Ou seja, o aquecimento dos jogadores e as incidências que têm lugar antes do início dos jogos.

Além do pré-jogo, a CMTV vai passar a transmitir, em direto, os primeiros cinco minutos desses mesmos jogos.

Esta operação começa com um especial do programa ‘Mercado’ às 17h30, e o acompanhamento dos primeiros minutos do Benfica-Belenenses, às 18h30. Para o efeito, a CMTV vai mobilizar equipas em estúdio e no relvado, e contará com a análise de vários comentadores, como Octávio Machado.

-Noticia retirada do site do Correio da Manhã

Carlos Daniel: Jesus quis mudar o mundo com palmadas e puxões e espectáculo foi deprimente


A meio de um programa de debate de futebol, depois de discutirem longamente treinadores e administradores que agridem ou talvez não, apresentador e comentadores concordam felizes: vamos falar de futebol finalmente, e a pergunta seguinte surge de imediato: quem foi mais prejudicado no jogo xis? 

"Fui eu, fomos nós, não foram nada, como consegue dizer isso com esse ar sério?", e depois sorriem, soltam a gargalhada falsa e irónica, por entre mais um "não é possível", como se negar a evidência em televisão fosse já uma arte. Futebol em Portugal é muito isto, quase nada de jogadores, tudo de bastidores.

Os treinadores entraram na dança: Jorge Jesus disse antes dos jogos que os rivais eram favorecidos e Paulo Fonseca respondeu depois das partidas que, com o que disse, Jesus ganhou em três campos. Logo Jesus a ganhar por falar, ele que tem tão pouca habilidade com as palavras. É da tradição: aos primeiros pontos perdidos, a culpa é dos árbitros. Claro que alguns, como Rui Silva ou Carlos Xistra, só ajudam à festa mas são o alvo fácil neste reino do "quem não chora não mama".

Leonardo Jardim, que recusou queixar-se, faz lembrar o soldado que marcha ao contrário de todo o pelotão. Chega a dizer que o seu clube está entre os... habitualmente beneficiados. Está ele certo ou estão os outros? Pelo sim pelo não, falem menos e treinem mais, sugeriu o presidente de Leonardo, logo a seguir.

O resto foi ainda mais fantasmagórico. Jorge Jesus perdeu a cabeça depois de ter ganho (!) e anda pelo campo no meio de adeptos e polícias, a querer mudar o mundo com palmadas e puxões. A intenção inicial podia ser a melhor mas o espectáculo foi deprimente e já não é o primeiro caso. Um administrador do FC Porto, também reincidente em cenas pouco louváveis, reagiu agressivamente ao festejo de um golo do Estoril por parte de um dirigente associativo de Lisboa. Jovem dirigente, benfiquista, logo lhe chamou um velho dirigente, portista.

Nas declarações posteriores ao caso, Lourenço Pinto e Nuno Lobo prestaram um péssimo serviço e às associações que dirigem e aceitaram colocar-se como correias de transmissão (a expressão era outra mas vou conter-me) no terreno minado de uma estúpida guerra entre dois clubes e que tão mal faz ao futebol. É a tempestade perfeita. 

Meu caro e saudoso Vítor Correia, a sua frase histórica está desatualizada: já é a bicicleta que anda de porco.

-Carlos Daniel, Diário de Noticias

Alexandre Pais e o caso Jesus: Perdeu-se a noção da proporcionalidade e do bom senso


Jorge Jesus defendeu um adepto que queria a camisola de um jogador, afastando, com rudeza, é certo, o que julgava serem seguranças. Quando tomou consciência de que eram, afinal, agentes da polícia, apresentou desculpas, desculpas essas que no dia seguinte tornou públicas.

Da constituição de arguido ao anúncio de penas disciplinares pesadas no âmbito da Liga, passando por uma "agressão" que não se viu, tem sido a verdadeira crucificação do homem. Abrem-se telejornais em dias consecutivos, parece até que no país nada mais acontece e nada mais interessa.

Perdeu-se a noção da proporcionalidade e do bom senso, está tudo doido.

Passos Coelho tem razão: quem puder, que fuja.

-Alexandre Pais, ex-director do jornal Record

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Luís Filipe Vieira: Futuro do Benfica não passará por jogadores portugueses


Luís Filipe Vieira admite que a espinha dorsal da equipa do Benfica não será, nos próximos anos, formada por jogadores portugueses, partilhando da ideia de Jorge Jesus de que "o futebol é global" para justificar o constante investimento em jogadores estrangeiros.

O presidente dos encarnados, à margem de um jantar de comemoração dos 40 anos do jogo de despedida de Eusébio da Silva Ferreira dos relvados, prometeu, contudo, tudo fazer para lançar e promover os jovens lusos formados nas escolas do clube.

"O Benfica não irá ser uma equipa de portugueses no futuro, porque o futebol é global, mas tudo estamos a fazer para ter os nossos jogadores portugueses. E, para quem está atento, o Benfica vai tendo alguns jogadores portugueses formados no clube e no futuro haverá mais", afirmou Vieira, que aproveitou para reforçar que as condições dadas a Jorge Jesus para esta temporada permitem às águias almejar vencer qualquer adversário.

"Demos todas as condições ao nosso treinador para que, perante qualquer adversário, possamos ter o sonho e a atitude de vencer qualquer um desses jogos", prosseguiu, deixando ainda um apelo à união do universo benfiquista.

"Só unidos é que poderemos voltar a fazer o Benfica ganhar. Peço a todos que no seu dia a dia estejam presentes e que contribuam para que o Benfica mantenha esse espírito tão característico nosso, que é a união", exortou Luís Filipe Vieira.

-Noticia retirada do site da Rádio Renascença

Director do jornal O Jogo: O Rei da azia!


Truque barato para desviar as atenções de Jesus e vender assinaturas da Benfica TV

Jorge Jesus, treinador do Benfica, empurrou, puxou e até bateu em agentes da polícia para os impedir de imobilizar um invasor de campo. Se preciso fosse, o insólito da situação já ficaria suficientemente demonstrado pelo impacto que o caso teve na Imprensa internacional, mas não é necessário: bastam as imagens televisivas e uma pontinha de integridade. A mesma pontinha de integridade chegaria para compreender que a pergunta que o leitor faz a seguir é esta: o que pode acontecer agora ao Jorge Jesus?

Procurámos a resposta na pessoa insuspeita do professor José Manuel Meirim, especialista e, não é que interesse, mas adepto do Benfica. Dessa conversa resultou um artigo fornecendo os possíveis enquadramentos legais. Em comunicado, o Benfica diz que, ao fazê-lo, O JOGO "condenou Jorge Jesus por factos que carecem de apuramento" e acusa-nos de não dar o mesmo tratamento a uma altercação entre um administrador do FC Porto e o presidente da AF Lisboa, de que fizemos notícia dando voz às duas partes e a uma testemunha imparcial.

A isto que o Benfica engendrou chama-se ilusionismo. É um truque barato de prestidigitação que tem dois objetivos: desviar as atenções do disparate que Jesus fez e, à boleia, vender assinaturas da Benfica TV inventando seja o que for contra os órgãos de comunicação que lhe interessam. Já não é de hoje que o Benfica se empenha muito mais em desenvolver esse truque de salão do que o futebol, com os resultados conhecidos.

- José Manuel Ribeiro, director do jornal O Jogo

António Tadeia: A inflexão de Vieira


Luís Filipe Vieira explicou ontem, à CM TV, a lógica por trás das opções de gestão do Benfica. E não pode dizer-se que elas não façam sentido: na pior das hipóteses pode alegar-se que não tenham sido propriamente opções.

A escolha era clara: ou se reforçava a equipa e ampliava a dívida, ou se amortizava a dívida às custas de um enfraquecimento da equipa. Vieira seguiu a primeira via, teve o acordo da banca e acerca disso nada há a dizer. 

A SAD é gerida de dentro para fora e é assim que deve ser. Só que o caminho é o inverso do defendido pelo mesmo Luís Filipe Vieira até há bem pouco tempo. 

Na sequência do título, em 2010, o treinador falou em ganhar a Liga dos Campeões, mas Vieira aconselhou prudência. Tinha razão. Em 2011, a época retumbante do FC Porto levou o presidente benfiquista a apontar o dedo à euforia e à megalomania em que o clube caiu após a festa do campeonato.

Tinha razão. Há um ano, após transferir Javi Garcia e Witsel, veio defender a austeridade. "Vender e baixar a massa salarial, mesmo que isso signifique sacrificar a nossa competitividade", disse, em discurso na Casa do Benfica de Almada. E também tinha razão.

É por isso que fica pelo menos lugar para a dúvida se a inflexão revelada ontem é estratégica ou apenas fruto das circunstâncias, da ausência de propostas realmente aliciantes pelos seus jogadores. 

E isso, porém, nem interessa muito. Não tanto como o efeito que a identificação da vitória na Champions como objetivo pode vir a ter na equipa e em Jorge Jesus. Que a pressão vai aumentar, é claro. Se jogadores e treinador estarão à altura de dar razão ao presidente, só depois se verá. Mas que parece ser mais difícil que venha a ter razão desta vez, lá isso parece.

-António Tadeia, Facebook

Bagão Félix: Benfica pós-traumático


Na cómoda posição de treinador de bancada (e sofá), acho que o Benfica está agora a jogar com menos espectáculo e mais eficiência. Refreia as cavalgadas, desguarnece menos as linhas recuadas, preenche melhor o meio-campo e joga com mais realismo resultadista. A síndroma pós-traumática parece estar a dissipar-se.

Para isso, vários factores terão já contribuído: a entrada de um jogador forte e com rápida adaptação (Fejsa), a alternância Maxi/André Almeida, um novo defesa-esquerdo (será desta?), uma maior concentração de Artur, a versatilidade e boa forma de Enzo Perez, o encerramento do caso Cardozo e - ironicamente - a lesão de Salvio (excelente jogador) que sendo quem mais joga no estilo empolgante tanto pode fazer uma grande jogada e golo, como (com Maxi) deixar o flanco direito à mercê do adversário.

Outra ironia nesta (melhor) fase do Benfica prende-se com o imprescindível Matic que, com Fejsa, fica mais livre para avançar com perigo, mas está agora a fazê-lo menos do que quando era um solitário '6'. Pode ser uma questão de fase de transição. Por sua vez, Markovic é melhor ao meio do que à esquerda.

PS1. Sempre admirei o estilo suavemente holandês de Van der Gaag, treinador do Belenenses, meu segundo clube. Duas razões para lhe desejar toda a saúde.

PS2. Na derradeira jornada (Paços-FCP) da última Liga escrevi: significativo foi o técnico do Paços nada ter balbuciado sobre o inventado penalty. O respeitinho é muito bonito e - quem sabe - até pode haver contrato à vista. Não é que o mesmíssimo Paulo Fonseca agora já protestou veementemente por um livre feito penalty, atirando as culpas para... Jesus?! 

- Bagão Félix, jornal A Bola, 25 de Setembro de 2013

Luís Pedro Sousa: Rui Costa é mais útil no relvado do que na tribuna VIP


O futebol não é propriamente uma modalidade fértil em coincidências. Pouco ou nada acontece por mero acaso dentro e fora do relvado ou durante e logo após cada jogo. O Benfica conheceu, principalmente a partir do início da última temporada, muitos problemas em todas estas vertentes e os mais graves até extravasaram os aspetos meramente desportivos, mesmo tendo em conta os títulos perdidos de forma traumatizante no último ano. 

A época 2012/13 começou com uma equipa inteira, incluindo treinadores e dirigentes, a rir à gargalhada depois de Luisão abalroar o árbitro Christian Fischer em Dusseldorf e terminou, em pleno Jamor, com o episódio entre Oscar Cardozo e Jorge Jesus, ao qual se juntou o do profundo desprezo revelado para com Cavaco Silva na tribuna presidencial na hora da entrega das medalhas aos jogadores que disputaram a final da Taça de portugal.

Ea temporada 2013/14 também não teve um arranque prometedor neste domínio. A competição oficial iniciou-se há pouco e já Luisão deu nas vistas, ao mandar calar de forma recorrente os adeptos praticamente a cada assobio escutado no Estádio da Luz. No último domingo foi a vez de o próprio treinador protagonizar cenas lamentáveis em Guimarães, num profundo desrespeito pelas forças de segurança. E óbvio que Jorge Jesus não agrediu ninguém, nem tentou fazê-lo, mas, por muito nobre que tivesse sido a sua intenção de libertar um adepto mais apaixonado das malhas da Justiça, prejudicou a equipa, o clube e, como é evidente, ele próprio.

São demasiados episódios em pouco mais de um ano, mas Luís Filipe Vieira teima em não admitir o óbvio. Na entrevista de ontem, concedida à CM TV, o presidente do Benfica foi novamente confrontado com a falta de pulso forte no banco de suplentes, mas preferiu refugiar-se na profissionalização e especialização de uma estrutura, que, segundo ele, é inclusivamente objeto de estudo de clubes estrangeiros, ávidos em desvendar os segredos do organigrama dos encarnados. 

Por muito competentes que sejam os dirigentes que atualmente se sentam no banco de suplentes do Benfica - Shéu Han e Lourenço Pereira Coelho, citados por Vieira durante a entrevista, têm realmente percursos profissionais invejáveis -, não há um único com peso institucional para sossegar os egos mais suscetíveis ou as personalidades mais impulsivas. Resta Rui Costa. Em dia de jogo, é bem mais útil junto ao relvado do que na tribuna VIP. 

- Luís Pedro Sousa , jornal Record, 25 de Setembro de 2013

José António Saraiva faz brilhante defesa de Jorge Jesus


Tinha uma crónica feita sobre o jogo de Guimarães, mas a comoção nacional provocada pelos episódios ocorridos no final desse jogo, envolvendo Jorge Jesus, levaram-me a rasgar o outro texto e a escrever sobre este caso. 

Tal como Jesus, não gosto de me pôr à margem dos temas "quentes".
A minha irritação cresceu quando vi escrito que o treinador do Benfica poderia ser condenado por "agressão". Ora, isto é um perfeito disparate. 

Mesmo vendo só as imagens da Sport TV, percebe-se que Jesus não quis agredir ninguém, pelo contrário: quis evitar aquilo que ele considerava um abuso do uso da força por parte dos seguranças. É verdade de que bateu no braço de um segurança e tentou agarrar um polícia, mas tudo isso para libertar o adepto (e não para molestar os agentes da autoridade).

Toda a ação de Jesus é no sentido de defender o adepto.

Aliás, o recurso a outro vídeo divulgado pelo Benfica, é perfeitamente esclarecedor a tal respeito. Ouando a invasão do campo se inicia, Jesus começa por recomendar calma, levantando os dois braços, e só quando vê o adepto no chão a gritar, manietado por seguranças, é que começa a perder a calma, metendo-se no "barulho" e tentando libertar o homem à força. E claro, quando se sente agarrado, Jesus perde as estribeiras.

Nunca fui politicamente correto, percebo que o futebol é um jogo de emoções, defendi Scolari quando respondeu (também com excesso de emotividade... ) à provocação de um jogador sérvio, e defendo agora Jesus.

É evidente que um homem com a notoriedade dele tem de fazer um esforço suplementar para manter a calma em público. E também certo que outro, no seu lugar, teria atuado como Pilatos, ficando de fora a observar os acontecimentos com ar seráfico e não se envolvendo em confusões. Mas Jesus não é assim. É um homem de sangue quente, tem raça - e isso é também um dos componentes do seu carisma.

Jesus agiu mal? No essencial, não: quis defender um adepto. 
Fê-lo com excesso de emotividade? Sem dúvida. 
Ouis agredir alguém? Notoriamente, também não. 
No limite, pode ser acusado de ter tentado obstruir a ação da autoridade. Isso sim, tentou fazer. 

- José António Saraiva, jornal Record, 25 de Setembro de 2013

Vítor Serpa: Domingo foi um dia de maus exemplos da bola

 

Não vale muito a pena dramatizar, mas lá que este domingo foi um dia de maus exemplos das gentes da bola, lá isso foi. Passo rapidamente sobre o incidente da tribuna de honra na Amoreira. 

Nuno Lobo, presidente da Associação de Futebol de Lisboa, acusa Adelino Caldeira de o ter agredido e o FC Porto reage com o anúncio de um contra processo, garantindo que também tem testemunhas. Porém, há diferenças entre testemunhas que viram e testemunhas que não viram. As primeiras fazem prova se afirmarem em tribunal que viram a agressão, as segundas apenas provam... que não viram.

Não ficaram por aí, como bem se sabe, as escaramuças. Ainda na Amoreira, Paulo Fonseca veio dizer que Jesus tinha jogado e ganho pontos em três jogos, depois daquela declaração em que se afirmava prejudicado em benefício de rivais. Não é uma atitude previsível, em face do que se conhece da personalidade do novo treinador do FC Porto. Há quem diga que o discurso foi soprado de cima, mas, ainda assim, percebe-se que Paulo Fonseca fica desconfortável neste tipo de teatros. 

Está mais de acordo com a sua imagem o modo como no final da época passada desvalorizou um lance, aliás, muito parecido em que a sua equipa fora prejudicada e, curiosamente, o FC Porto beneficiado.

Nada bem esteve também Jorge Jesus, no final do jogo em Guimarães. 

Percebe-se que a sua intenção foi interceder em favor dos adeptos benfiquistas que saltaram para o campo para festejar, mas não é função de um treinador interferir diretamente na ação da polícia e muito menos entrar em contacto físico com os agentes. 

Admito que tenha sido um impulso para desculpabilizar adeptos, mas nem por isso o desculpabiliza a ele. 

- Vítor Serpa, jornal A Bola, 24 de Setembro de 2013

Adelino Caldeira: O homem que joga na sombra e que assombra


Adelino Caldeira é, para muitos adeptos da bola, uma figura sinistra.

O que só abona em seu favor pois não estamos a falar dos adeptos do FC Porto. Estes têm a obrigação de valorizar este advogado que acompanha Pinto da Costa há muitos anos. Sobretudo nos piores momentos.

Caldeira é um advogado de mão cheia. Não apenas é o patrão de um dos grandes escritórios do Porto - onde trabalharam Mário Figueiredo, o líder da Liga, e Paulo Gonçalves, um dos homens da superestrutura do Benfica - como também foi vital na resolução de dois casos bicudos que afetaram os azuis e brancos: o Apito Dourado e o subsequente processo do TAS. Não está aqui em causa a substância dos processos - continuo a pensar que Ricardo Costa foi benevolente com o FC Porto... - mas apenas a forma como a defesa foi armada. Caldeira esteve ao nível dos génios.

Não falei muitas vezes com ele mas lembro-me de um estágio do FC Porto em Viseu onde ficamos algum tempo à conversa. Tinha dele uma péssima imagem, mudei completamente a minha impressão. Caldeira é um daquelas pessoas que estão sempre um passo à frente. Acreditem, não é para todos.

Na SAD do FC Porto, o seu percurso é também um caso de estudo. Manteve-se sempre firme e mesmo quando o quiseram usar como arma de arremesso - apontando-o como sucessor de Pinto da Costa - soube rapidamente esclarecer que não está ali para isso.

Costuma-se dizer que atrás de um grande homem, neste caso Pinto da Costa, está sempre uma grande melhor mas já percebemos que aqui não é isso que acontece. Por trás de Pinto da Costa está sempre Adelino Caldeira.

Não pondero aqui o seu belicismo nem as suas últimas atitudes, apenas posso garantir que é um daqueles dirigentes que gostava de ter no meu clube. Pelos seus conhecimentos técnicos, pela sua vivência e experiência e pela capacidade para resolver problemas sérios.

Por isso é que poucos gostam dele, mesmo dentro do FC Porto.

Mas o Conde Redondo continua igual a si próprio. Ou melhor, agora está muito mais magro (ele que, no fundo, nunca foi um elefante branco) mas a anorexia não tolheu de modo nenhum a sua personalidade.

Portanto, meus amigos, preparem-se, pois vão continuar a levar com este campeão que joga na sombra e por vezes vos assombra.

-Eugénio Queirós, Blog Bola na Área

Fernando Guerra: Jesus treina o Benfica à moda do Estrela da Amadora

 

Nem se esperou pela segunda volta do Campeonato. A confusão jorrou à quinta jornada, como se o nome do campeão pudesse ser descoberto ao virar da próxima esquina. Nervos a mais e confiança a menos, provavelmente, por parte de dois treinadores que invadiram o palco das peças grotescas para interpretarem papéis tão dispensáveis quanto lamentáveis: um insinuou o outro reagiu e a poeira agitou-se...

Jorge Jesus, na minha opinião fora do prazo de validade como treinador do Benfica, tropeça em clara inaptidão para lidar com um quadro de futebolistas ao nível dos melhores da Europa e, nesse sentido, socorreu-se de estratagema barato: ao tentar disfarçar receios e fraquezas antes de compromisso de alta pressão, outra ideia não lhe ocorreu senão a de atiçar os vizinhos com os favores dos árbitros...

Paulo Fonseca sabe que deu um salto de gigante na sua vida profissional, com o qual não contaria. Tem consciência de que necessita de tempo para se adaptar à realidade imensamente mais exigente, de aí o distúrbio mental suscitado pelo meio soluço neste ainda curto percurso ao serviço do FC Porto.

Se o benfiquista disse o que não devia, o portista retribuiu-lhe na mesma moeda, devendo ambos convencerem-se de que a valia dos plantéis que orientam é de tal maneira grande e evidente que, bem preparados nas vertentes técnica, tática e física, dirigidos com perspicácia em cada jogo e psicologicamente motivados, nem sequer precisam de dispensar atenção aos disparates dos árbitros, sejam eles a favor ou contra. 

O problema é que, nas duas situações em causa, os resultados dos treinos diários não têm correspondido ao que se espera da qualidade dos respetivos produtos.

Jesus, por exacerbado convencimento, habita no topo do mundo e não é capaz de perceber o que se passa abaixo dele, razão por que vive em permanente conflito com as limitações que o acompanham, permitindo-se ao despudor de não considerar o atual plantel encarnado superior ao anterior, apenas mais equilibrado, sublinhou. 

Ao fim de quase cinco anos, continua a não enxergar que é um erro inultrapassável treinar o Benfica à moda do Estrela da Amadora. 

Igualmente censurável é a tendência para expor o emblema da águia, respeitado e admirado em todos os continentes, a desvarios vários. Não lhe bastava auto classificar-se o maior de todos (como treinador); proclama-se, agora, defensor dos miúdos caçadores de camisolas: contra os polícias, marchar, marchar! O triste episódio de Guimarães correu mundo e quem fica mal não é Jesus: é o Benfica e o futebol português.

Fonseca, de outra geração, mais esclarecida e arejada, confessou não estar satisfeito com o desempenho da sua equipa, sobretudo fora, como o filme da Amoreira revelou. Apesar de ter sido lesado pela arbitragem, a verdade é que no chamado jogo jogado, o Estoril bateu-se em todo o campo, até ao último minuto. Ou seja, um FC Porto à Mourinho ou à Villas Boas, por exemplo, teria sido suficiente, a 70/75 por cento, para derrubar o potencial de digno adversário, mais as grosseiras distrações do árbitro de Vila Real. Falta medir, porém, o verdadeiro FC Porto à Paulo Fonseca...

Jesus atirou a primeira pedra, como o meu companheiro José Manuel Freitas destacou no domingo à noite, em A BOLA TV, mas não foi preciso esperar muito para se saber onde caiu: no orgulho ferido do dragão, a digerir com dificuldade um empate que, afinal, em termos de produção futebolística dos intervenientes, deve ser encarado como desfecho normal.

No meio deste aranzel, ressalve-se a distância de Leonardo Jardim. «Os três grandes são normalmente beneficiados e seria uma hipocrisia estar a falar de arbitragens», declarou. Mesmo que tenha desagradado a gente de índole caceteira, deve aplaudir-se a elevação do treinador leonino. 

Ele quer construir uma carreira de sucesso e pressinto que irá consegui-lo, assim saiba resistir a tentações que geralmente não são o que parecem. Atrevo-me a uma observação de circunstância, mas, neste pormenor, Jardim situa-se um passo à frente de Jesus e outro de Fonseca. 

Com uma diferença: o primeiro anda nisto há mais de 20 anos e o que tinha para mostrar, já mostrou; o segundo é um iniciado, falta-lhe mostrar quase tudo... como Jardim. O futuro é deles... 

- Fernando Guerra, jornal A Bola, 24 de Setembro de 2013

Site da Globo diz que Jesus demonstrou um ato de heroísmo em Guimarães


O técnico Jorge Jesus vai passar a ser endeusado pela torcida do Benfica. 

Logo após o clube derrotar o Vitória Guimarães por 1 a 0, pela quinta rodada do Campeonato Português, o treinador demonstrou um ato de heroísmo ao enfrentar policiais portugueses que tentavam tirar torcedores do time a força do gramado. 

-Texto retirado do site extra.globo.com

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Nuno Santos critica Jesus e deixa fortes elogios a Paulo Fonseca

 

Quando chegou ao Benfica, no verão de 2009, Jorge Jesus já era um treinador experiente mas nunca tinha treinado ao mais alto nível e isso foi evidente na forma como ele deixou que, fora das quatro linhas, o futebol do Benfica se organizasse: uma espécie de "todos ao molho e fé em Luís Filipe Vieira", com o presidente, cheio de méritos noutros domínios, a ser incapaz de proteger o treinador criando uma estrutura sólida onde, é certo, o seu papel de árbitro do sistema podia ficar diminuído. Nestes quatro anos, Jesus já foi do céu ao inferno numa viagem quase sempre solitária e que ele continua a fazer debaixo de fogo como provam os acontecimentos deste domingo. O que é inexplicável não é Jorge Jesus, num impulso, ter ido em socorro de um adepto mais nervoso, o que é verdadeiramente inaceitável é o treinador não ter recuado prestando-se a uma tristíssimo espetáculo que revela bem o seu estado emocional - um homem a viver sobre·brasas como se o Mundo estivesse para lhe cair em cima. 

Domingo à noite ouvi vários comentadores criticarem duramente Paulo Fonseca. Um dos melhores, António Oliveira, não resistiu mesmo a lembrar a imagem do rapaz que agora tem um Ferrari para conduzir para lançar uma farpa a Fonseca explicando que tinha sido um erro criticar a arbitragem e dar importância às palavras de Jorge Jesus. Oliveira foi mais longe: o treinador dissera aquilo da sua cabeça sem se aconselhar com ninguém. Não sei se esta última parte é verdadeira ou não, mas acho que Paulo Fonseca fez bem. Com as suas declarações, entre a ironia fina e a crítica contundente, marcou o território, acusou o treinador do principal rival de querer influenciar a cabeça dos árbitros e garantiu que, no futuro, toda a gente pensará duas vezes antes de tomar decisões. Acho que Pinto da Costa só pode ter gostado. 

- Nuno Santos, jornal Record, 24 de Setembro de 2013