Não era assim que o Benfica e Cardozo sonhariam separar-se. Tacuara é o maior goleador estrangeiro da história do clube e só o triste episódio do Jamor, em que resolveu crucificar Jesus em pleno relvado após a derrota frente ao Vitória de Guimarães, obriga à tomada de posição. O técnico já fez saber que não quer ver o paraguaio no plantel e entregou o tema a Luís Filipe Vieira, para que o presidente resolva. Mas hoje Record revela que também o jogador não sente ter condições para continuar, desejando a saída. O fim de uma relação que deu bons frutos.
Cardozo nunca foi, nunca será, um jogador consensual. Também aqui na redação do jornal há quem pense que o avançado é o mais letal do plantel encarnado, contrariando quem entende tratar-se de alguém que vive à sombra dos penáltis e livres, emperrando muito do possível jogo ofensivo do Benfica. Seja como for, os números que deixa para trás são impressionantes. E sendo verdade que estes não são tudo, são pelo menos um ponto de partida para uma boa discussão, das muitas que se terão esta época cada vez que os craques de Jesus estiverem com dificuldades para marcar.
Jogadores que fazem a diferença são difíceis de encontrar. E a permanência de Cardozo no Benfica só poderia dar-se se o treinador aceitasse a continuidade, impondo as condições que quisesse. Sem hipótese de reconciliação, a única coisa a fazer é mesmo vendê-lo. Mas esta não é a melhor forma. A desvalorização é evidente e pode ter custos.
Ainda na Luz, com a chegada de Sílvio e Lisandro, a defesa parece estar fechada, esperando-se agora, pelo menos, a saída de Garay, dado o número excessivo de centrais e as atenções que o argentino tem despertado um pouco por toda a Europa. Mas olhando para o quarteto defensivo e todas as opções que o constituem, chega-se facilmente à conclusão que, hoje, Jesus tem à disposição soluções mais equilibradas do que a temporada passada. Se acontecer o mesmo no miolo, onde Enzo e Matic estiveram tão sozinhos, o Benfica será mais forte.
- Bernardo Ribeiro, jornal Record, 8 de Julho de 2013
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