Ribeiro Cristóvão: "Coabitação entre Jesus e Cardozo passou a ser insustentável"

Depois de muitas dúvidas e discussões que percorreram o país inteiro, o Presidente do Benfica deu o passo em frente que as posições por si assumidas tornaram inevitável. E assim, Jorge Jesus continua como treinador dos encarnados, estendendo-se por dois anos o vínculo agora tornado efectivo.

Não foi fácil chegar aqui. Até tomar a decisão final, Luís Filipe Vieira terá sido confrontado pelos seus pares, no seio do Clube e da própria SAD, muitos dos quais assumiram publicamente algum desconforto quanto à renovação do contrato com Jorge Jesus, acabando no entanto por prevalecer a lei do mais forte.

Também a voz dos sócios e adeptos se fez ouvir das mais variadas maneiras, tendo sido fácil perceber uma enorme divisão entre eles.
Daí que a manutenção do treinador, no cargo que desempenha vai para quatro anos, venha a ser inevitavelmente sujeita a um permanente escrutínio a partir do primeiro momento em que a bola comece a rolar para as bandas do estádio da Luz.

Por isso, dessa avaliação, à qual fica também sujeito o próprio Presidente do Benfica, vai depender o começo da temporada e os seus desenvolvimentos.

A margem de crédito para com Jorge Jesus passou a ser mínima, sendo de prever que os adeptos não estejam disponíveis para lhe conceder, de novo, o benefício da dúvida em quaisquer falhanços que venham a marcar o ciclo que se segue.

Por outro lado, a permanência do técnico encarnado no seu posto, coloca entretanto enormes dificuldades à continuação do avançado paraguaio, Óscar Cardozo.

Os incidentes registados no estádio nacional, terminado o desafio da final da Taça de Portugal, cavaram um fosso entre ambos, que nem a melhor boa vontade pode corrigir.

Mesmo sabendo-se que se trata de um dossier de gestão complicada, porque continua a não ser fácil a colocação do jogador noutro clube nas condições exigidas pelo Benfica, a verdade é que a coabitação entre Jesus e Cardozo passou a ser insustentável.

Daí que, tentar remendar uma relação que se deteriorou, significa correr o risco de colocar em causa a disciplina que deve ser exigência permanente num clube com futebol profissional e, neste caso, com justificadas aspirações a ganhar todas as competições em que participe.

-Ribeiro Cristóvão, Rádio Renascença