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sábado, 18 de maio de 2013
Nuno Farinha esmiuça "reinado" de Jesus no Benfica
Diz um amigo meu que “Jesus fez crescer o Benfica mas o Benfica não fez crescer Jesus”. É uma ideia curiosa. O balanço aos quatro anos de JJ na Luz deve ser feito a partir dos três fatores que dependem da sua intervenção direta e por esta ordem de importância: 1 – Títulos conquistados. 2 – Valorização dos ativos. 3 – Qualidade do futebol do Benfica. Está tudo ligado.
Títulos: de 2009 a 2013, Jesus disputou 19 competições e conseguiu 4 troféus (falta ainda saber o que vai acontecer na última jornada da Liga e na final Taça de Portugal). O saldo é demasiado pobre para o nível de investimento e qualidade dos recursos que Luís Filipe Vieira disponibilizou. Recursos que Camacho, Trapattoni ou Koeman nunca tiveram. Este Benfica tinha obrigação de já ter conquistado mais títulos. Não aconteceu porque as ideias do treinador chumbaram em muitos momentos importantes. Os duelos com o FC Porto são um bom exemplo: em 12 jogos realizados nestas quatro épocas, o saldo de Jesus é desastroso: 3 vitórias, 2 empates e 7 derrotas.
Ativos: se o Benfica gastou 100 milhões de euros em compras de jogadores e recebeu 170 milhões pelas vendas, o trabalho do treinador, neste aspeto, foi muito positivo. Jesus teve um papel decisivo na evolução de futebolistas como Di María, David Luiz, Coentrão ou Javi García. O que não se pode é dizer que foi responsável pelo crescimento de uns e achar, ao mesmo tempo, que não teve nada a ver com o falhanço de outros (como Kardec, Roberto, Yannick, Michel ou Luisinho).
Futebol do Benfica: a melhor nota artística – e a longa distância – desde os tempos de Eriksson. Jesus tira tudo de um grupo, nunca fica nada por espremer. E mantém-se fiel aos princípios que bebeu de Cruyff nos anos 90: a importância de um jogo sedutor, construção de equipas dominadoras, futebol “guloso”. A grandeza do espetáculo não se consegue de outra forma. Foi assim que a Luz voltou a encher.
Jesus – mesmo que não venha a terminar no 1.º lugar – já será uma das figuras de 2012/13, que serviu para confirmar o talento de mais três excelentes técnicos: Paulo Fonseca, Marco Silva e Rui Vitória. Qualquer um deles, aliás, a justificar voos maiores.
-Nuno Farinha, jornal Record, 18 de Maio 2013
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